quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Transformações envolvem graves choques

Ontem, em Paris, ocorreu um dos mais graves atentados terroristas da história da França. Dois atiradores atacaram a sede da revista Charlie Hebdo, conhecida por publicar charges de várias naturezas e uma delas ofendeu os atiradores, que era islâmicos. A representação do Profeta Maomé foi o motivo de extremistas islâmicos ameaçarem a revista desde de 2006. E o ataque foi interpretado também como uma questão de ataque a liberdade de imprensa e de expressão. Isso quando outros fatos que vão de encontro com o mundo islâmico vem à tona.
Na segunda-feira, protestos na Alemanha, Inglaterra e Suécia, promovidos por partidos de extrema-direita e anti-imigração, eram contra a chegada dos muçulmanos a seus países e na Europa. A Europa atualmente recebe muitos islâmicos, especialmente aqueles que fogem do Estado Islâmico (ou ISIS na sigla inglesa) e se tornam refugiados. Em países como o França, os muçulmanos representam mais de 10% da população. E em outros países da região, os muçulmanos se multiplicam. E por causa da crise vivida por muitos destes países, a culpa esta recaindo sobre os islâmicos residentes. Pelo fato de não aderirem a cultura e hábitos locais e ainda quererem impor sua cultura a europeia, os partidos anti-imigração como Ukip na Inglaterra e a Frente Nacional na França ganham mais adeptos. Sem contar que outros países europeus vão pelo mesmo rumo.
Na terça-feira, vi uma notícia referente a uma atriz pornô de origem libanesa. Seu nome artístico é Mia Khalifa e se tornou famosa ao ser indicada por um grande site de filme adultos dizer que em seu ranking, ela era a mais procurada no mundo. Embora proeminente de um pais islâmico, a atriz nasceu em uma família cristã, mas foi ameaçada por radicais muçulmanos, principalmente em um dos seus filmes, ela ter usado uma hijab, véu islâmico que as mulheres usam nos países islâmicos, especialmente nos mais "liberais". Ela, em sua conta no Twitter, fez piada com a situação e fez uma montagem dela sendo segurada por um dos carrascos do Estado Islâmico. A atriz vive nos EUA.
E ontem, 12 pessoas morreram. Infelizmente, por pessoas de má-fé. Radicais islâmicos. Dois atiradores e mais cúmplices, que já foram identificados e estão sendo procurados pelo país. Testemunhas dizem que os cidadãos disseram que os mesmo eram ligados a Al-Qaeda, famoso grupo radical que foi liderado por Osama Bin Laden e que foi o autor do ataque ao World Trade Center, no 11 de setembro de 2001. Mais um atentado nos países ocidentais causado por radicais que usam a religião islâmica para promover suas loucuras, assim como foi na Espanha em 2004 e na Inglaterra em 2005, embora a autoria do ataque na Espanha seja ainda incerto.
Não se sabe se os ataques são ligados a Al Qaeda, Hamas, Hezbolah, Talibã ou o Estado Islâmico. Ou se foi um ataque isolado, como foi o de Sidney, em dezembro passado. Mas sabe-se que o extremismo religioso, especialmente no islã, prejudica não só outros povos como ao próprio povo de cultura islâmica. Os ataques só fazem nós, do Ocidente, pensarmos que o Islã é um mal. Que todo árabe ou alguém que veio de países onde Alá tem mais seguidores, são todos terroristas. E graças a isso, partidos de extrema-direita ganham adeptos na Europa. No Brasil, a posição de religiosos cristãos mais radicais, seja católico ou evangélico, só aumentam o nosso ódio ao islã e enxergamos a ele como não uma religião, mas uma ideologia assassina. Depois que a presidente Dilma pediu diálogo com o estado Islâmico, nossa posição só tende a ser mais conservadora. E políticos que pensam assim ganham mais popularidade, como os já conhecidos deputados Marco Feliciano e Jair Bolsonaro, ícones da direita ou da extrema-direita do Brasil.
E pensar que os islâmicos já foram avançados durante a Idade Média, trazendo para a Europa novos temperos, os algarismos indo-arábicos, uma medicina mais avançada e a ciência. Após a expulsão dos árabes da Europa e do fim dos califados, os países islâmicos entraram num retrocesso que levaram a posições extremadas. Em países como Irã, a autoridade religiosa é quem dá as ordens. Arábia Saudita, Omã e Qatar vivem em monarquias absolutistas. A Síria vive em uma grande ditadura.Já Turquia, Jordânia e Líbano são os países mais liberais da região e conseguem uma certa convivência pacífica com outras religiões, algo que não ocorre em países como o Egito, onde cristãos são perseguidos. Apesar disso, esse país mais liberais ainda tem problemas com grupos radicais, onde o Hezbolah no Líbano ainda usa o terror como arma de sua posições.
A posição extremista nos lados islâmico e judaico/cristão tende a aumentar. Após a invasão do Iraque em 2003, muitos jovens em países islâmicos aderem a tais ideologias radicais. Durante a Primavera Árabe, que derrubou ditaduras nos países árabes, o radicalismo religioso aumentou ainda mais. Deve-se a isso ao fato de que enquanto estavam no poder, ditadores como Hosni Mubarak no Egito e Muammar Khadaffi na Líbia eram liberais em questões sobre as mulheres, que tinham certa liberdade em seus governos. Já no Ocidente, políticos islamofóbicos ganham cada vez mais popularidades. E também já ocorreram ataques terroristas de origem fundamentalista cristã, embora contestado, na Noruega e que resultou 76 mortes. Embora não seja considerado um terrorista cristão, o autor dos ataques disse ser contra a imigração islâmica em seu país e na Europa.
Ataques como os de ontem e como o que ocorreu na Noruega, só retratam as mudanças que o mundo tem passado. O islamismo se tornou a fé mais praticada no mundo e só tende a crescer, já que famílias islâmicas tem em média mais filhos do que famílias europeias,por exemplo. E eles tendem a migrar para os países europeus e outros deste lado do mundo, uma vez que as populações daqui estão diminuindo aos poucos. Trazem consigo sua fé e por ser diferente da nossa, em muitos quesitos, choques são inevitáveis. A imagem de Maomé na religião islâmica, tal como qualquer outra forma de arte visual, é tabu para muitos islâmicos, mesmo isso não estando escrito no Alcorão (livro sagrado dos islâmicos) e sim, sendo leis criadas por religiosos posteriores. Se Maomé é representado, seu rosto é coberto. Mas o problemas é que até então não havia ataques a não-islâmicos por causa da representação do profeta. Direito de reclamar, tem-se. Mas não de matar.Trechos do Alcorão que incitam a violência são muito citados por aqueles que são contra os muçulmanos, com passagens de morte contra os infiéis, aqueles que não são islâmicos. Mas assim como a Bíblia, o Alcorão também tem trechos de paz e trechos violentos. A Bíblia também tem trechos que se entendidos fora do contexto, deixam margem a violência, independente de ser contra outras religiões ou não. Cristãos também se ofendem quando são representados de maneira que não os agrade, tal como judeus. Mas nunca fizeram isso, mas há pastores que incitam a violência contra quem ousa ir de encontro com sua fé. Nada consumado, mas a intenção fica clara.
Os choques atuais estão cada dia mais radicais de cada lado. Jovens europeus, mas de origem islâmica, migram para áreas onde o Estado Islâmico domina. Por quê? Ainda não se sabe, mas estes jovens carregam dentro de si um ódio pelo Ocidente, mesmo sendo parte deles. Mas não são todos. Assim como os cristãos, que tem sua diferenças, o islamismo tem suas diferenças, não é algo único. Ou seja, há os pacíficos e os radicais. Conflitos como esse estão acima de direita e esquerda política e vão influenciar nossa vida por muito tempo. Só o futuro dirá se as sociedades islâmicas serão mais liberais e s tornarão laicas, tal como é o Ocidente. Até lá, infelizmente teremos outros atentados como os de ontem na França. Mas também haverá espaço para mim ou para você que quer a convivência pacífica com os islâmicos. Será uma luta, mas que terá um vencedor: a paz!

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