sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

A Copa da Ásia já começou

Hoje, dia 9 de janeiro, começou na Austrália a Copa da Ásia. A competição organizada pela AFC (Asian Football Confederation) é a primeira competição continental de seleções após a Copa do Mundo de 2014. A Austrália sedia o evento pela primeira vez, após ser aceita na AFC em 2006, pois antes competia pela OFC, confederação de futebol da Oceania.
Não vamos detalhar geografia aqui. As partidas serão realizadas em cinco cidades sede: Newcastle, Brisbane, Canberra. Sydney (sede da final) e Melbourne, sede da partida de abertura disputada hoje na Austrália, sendo que era madrugada no Brasil. Na partida de abertura, a Austrália bateu o Kuwait por 4 a 1.
A competição é disputada entre 16 seleções, divididas em 4 grupos. Os dois melhores passam para a próxima fase. Entre as 16 seleções do torneio, há apenas um estreante: a seleção da Palestina, que apesar de não ser membro da ONU, é afiliado a FIFA. Ganhou o direito de disputar a competição após ganhar a AFC Challenge Cup do ano passado, competição disputada por times menores da Ásia. O vencedor da competição ganha o direito de disputar a Copa das Confederações de 2017, que será disputada na Rússia. O campeão asiático será a primeira equipe a garantir vaga para a competição entre os campeões continentais, uma vez que a Rússia e a Alemanha como campeã do mundo, estão classificadas.
A competição será transmitida no Brasil pelo canal a cabo SporTV. Não irei fazer uma análise longa. Farei uma breve descrição dos grupos.

Grupo A- Austrália, Omã, Coreia do Sul e Kuwait

No grupo A, a seleção da casa que foi a Copa do Mundo com outra seleção neste mesmo grupo, no caso a Coreia do Sul. As duas seleções são as favoritas para se classificarem, uma vez que estiveram na Copa, mesmo não passando para a próxima fase e tendo resultados pífios. Mas as seleções tem seus bons destaques. A seleção da casa, que é a atual vice-campeã do torneio, tem entre seus destaques o experiente atacante Tim Cahill (New York Red Bulls - EUA), o meia-atacante Robbie Kruse (Bayer Leverkusen - ALE) e o melhor jogador da equipe e capitão, no momento é o meio-campo Mile Jedinak (Crystal Palace - ING). A Coreia do Sul tem como destaques o meia Lee Chung Yong (Bolton - ING), o lateral Ko Cha-Jeol (Mainz- ALE) e o atacante e artilheiro da equipe Heung- Min Son (Bayer Leverkusen - ALE). As duas seleções são favoritas para os primeiros lugares do grupo e a Austrália favorita ao primeiro lugar. Omã e Kuwait tem poucas chances de supreender e poucos destaques, a maioria joga em seus países. 

Grupo B - Uzbequistão, Arábia Saudita, China e Coreia do Norte

Não chega a ser o grupo da morte, mas o Grupo B reúne seleções de mesmo nível e sendo que todas as seleções tem alguma chance de classificação. O Uzbequistão tem uma boa seleção, mas sempre bateu na trava ao tentar chegar a Copa do Mundo. No elenco, conta com jogadores locais e uns poucos que atuam fora, com destaques para o lateral Vitaliy Denisov (Lokomotiv Moscou - RUS) e os meias Odil Ahmedov (Krasnodar - RUS) e Server Djeparov (Seongnam - COR). A Arábia Saudita já teve uma seleção mais forte no passado, mas a seleção atual já não é tão boa como no passado. O destaque do time é o volante Saud Kariri (Al Hilal). A China vem em constante evolução graças ao fortalecimento da liga local, graças a técnicos e jogadores estrangeiros. Os jogadores estão melhorando de nível, mas ainda não há nenhum craque acima da média. Os destaques do time são o meia Zheng Zhi e o atacante Gao Lin, ambos do Guagzhou Evergande, campeão nacional do país. Já a Coreia do Norte, presente na Copa de 2010 e zebra na Copa de 2006 é a seleção mais fraca do grupo, mas pode surpreender. Apesar do país ser o mais fechado do mundo, há atletas que jogam fora do país. No caso, são o meia Ryang Yong gi (Vegatta Sentai - JAP) e o atacante Pak Kwang Ryong (Vaduz - LIE). O grupo é equilibrado, mas acredito que o Uzbequistão passa de fase em primeiro com China ou Arábia Saudita em segundo.

Grupo C - Irã, Emirados Árabes Unidos, Qatar e Bahrein

O Grupo C é um grupo exclusivamente do Oriente Médio. Neles estão o Irã, melhor seleção asiática no ranking da Fifa (posição 51) e presente na última Copa, junto de vizinhos em evolução. O Irã é a melhor seleção asiática e a que teve um desempenho melhor em campo durante a Copa, endurecendo o jogo contra a Argentina. A seleção conta com jogadores locais e alguns no futebol europeu, mas nenhum atua em uma grande equipe europeia. Os destaques do time são o goleiro Alireza Haghighi (Penafiel - POR), o meia Javad Nekounam (Osasuna - ESP) e os atacantes Reza Ghoochannejhad (Charlton Athletic - ING) e Sardar Azmoun (Rubin Kazan - RUS).  Já as outras seleções do grupo são seleções em evolução. O Qatar prepara um trabalho à longo prazo para não fazer feio em 2022, ano em que sediará a Copa do Mundo. Aos poucos, os resultados vão vindo, mas será um longa jornada. Os destaques do Qatar são o defensor Bilal Mohammed (Al-Gharafa), o meia Khalfan Ibrahim (Al Sadd) e o atacante Hassan Al Aidos (Al Sadd). Todos os jogadores do Qatar atuam no país, assim como na seleção dos Emirados Árabes. A equipe é bastante jovem e vem em ascenção, como visto em seu destaques que são os jovens Omar Abdulrahman (Al Ain) e Ahmed Khalil (Al Ahli). O Bahrein esteve próximo de ir à Copa de 2010, mas perdeu na repescagem para a Nova Zelândia. A seleção do Bahrein tem quase todos os jogadores atuando no país, com exceção de alguns que jogam em países vizinhos, como a Arábia Saudita e o Qatar. Os destaques do time são os atacantes Ismail Abdul Latif (Muharraq), Faouzi Aaish (Al Sailiya - QAT) e o atacante nigeriano naturalizado Jaycee Okwunwanne (Al - Mesaimeer - QAT). A disputa nesse grupo será boa. Em primeiro lugar, o Irã é favorito. Na segunda colocação, os Emirados Árabes ou Qatar.

Grupo D - Japão, Jordânia, Iraque e Palestina

No grupo D, um gigante perto de 3 Davis. Na lógica do futebol asiático, sim. A seleção japonesa participou da última Copa do Mundo, mas assim como outras seleções asiáticas, pouco fez no Brasil. Mas nas competições asiáticas, o Japão levou 3 dos últimos 4 campeonatos. Tem no elenco alguns dos melhores jogadores asiáticos e tem uma boa liga doméstica. Entre os destaques do time nipônico estão os meias Keisuke Honda (Milan - ITA), Shinji Kagawa (Borussia Dortmund - ALE) e o experiente Yasushito Endo (Gamba Osaka) e no ataque, um dos artilheiros do campeonato alemão, Shinji Okazaki (Mainz 05 - ALE). No grupo, está o outro campeão asiático, que quebrou a hegemonia japonesa: o Iraque. Mesmo com problemas internos no país e jogando longe de sua casa por determinação da FIFA, o Iraque sempre incomoda os mais forte da Ásia. A seleção tem jogadores que jogam no país, mas os destaque jogam fora. Os destaques são os atacantes Justin Meram (Columbus Crew - EUA), que nasceu nos EUA e o herói do título asiático de 2007, Younis Mahmoud, que está atualmente sem clube. A Jordânia esteve perto de chegar a Copa do Mundo, mas teve pela frente na Repescagem a forte seleção uruguaia e deu no que deu: 5 a 0 na Jordânia, embora o time tenha empatado no Uruguai. Seria a primeira Copa da seleção jordaniana, mas o sonho foi adiado, embora mostre a evolução da equipe. Os destaques estão na dupla de ataque Abdallah Deeb (Al-Riffa - BAH) e Ahmad Hayel (Al Arabi  Kuwait - KUW). Por fim, a Palestina, a estreante no torneio. O time venceu a AFC Challenge de forma invicta e graças aos gols de seu principal jogador, Ashraf Nu´man (Al-Faisaly - ASA). Embora atue fora do país, a maioria dos jogadores palestinos atua no próprio território, com uma liga própria, embora dividida em duas (Gaza e Palestina). Reflexo dos confrontos em seus territórios contra Israel, que por ser rechaçado por outros países asiáticos, especialmente os do Oriente Médio, joga pela UEFA, mesmo que em um passado distante da competição, ganhou a taça em 1964. Neste grupo, o Japão é amplamente favorito para o primeiro lugar. Para a segunda vaga, a Jordânia é favorita por estar num momento melhor que o Iraque, mas a seleção iraquiana mostra sempre que pode surpreender.

Pois é amigos, a disputa está em campo pelo título asiático. Embora o continente não seja dos mais importantes no futebol, a prática do esporte evoluiu nos países asiáticos. Cresceu em países em que o futebol nem existia (como Japão, Austrália e China), cresce em outros e ainda há um em que o futebol é a paixão do povo e desafiou o regime autoritário: o Irã, em que o futebol foi proibido após a Revolução de 1979, mas a pressão do povo fez os aiatolás desistirem da ideia. Os favoritos são as seleções que jogaram a Copa. Austrália pelo fator casa. Japão e Coreia do Sul pelos bons elencos. E o Irã pela dedicação tática dada pelo técnico português Carlos Queiroz. Fora estes favoritos, o Uzbequistão também pode ser considerado favorito, mas precisa se livrar da estigma de ser eliminado antes da hora. Bahrein, Emirados Árabes e Qatar podem ir longe. E outras podem surpreender. Pode ser a China, o Iraque ou até mesmo a Coreia do Norte e Palestina.
Enfim, a disputa está aberta. Teremos ainda a Copa América, a Copa Africana de Nações e a Copa do Mundo de Futebol Feminino para analisar aqui no blog!

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário