segunda-feira, 12 de julho de 2021

As personas do trabalho de The Office

(Atenção: Este texto contém spoilers das temporadas de "The Office". Se você não gosta de spoilers, não leia este texto)

Durante a pandemia, que ainda segue pelo Brasil e pelo mundo, muitas rotinas mudaram drasticamente pelo mundo. Aquele encontro no bar com os amigos para o Happy Hour virou virtual ou na melhor das hipóteses, todos estão de máscaras no recinto. Paramos de visitar os parentes. O público foi proibido nos estádios e ginásios desportivos. Shows, baladas e outras aglomerações regadas à bebida? Esqueça, isso virou tão ilegal quanto um assassinato. E o trabalho? Se você não trabalha em algum setor essencial ou que não dá para fazer de maneira remota, você provavelmente está trabalhando de casa. De repente, nossos quartos e salas viraram nossos escritórios e nossa rotina dentro de casa mudou. Paramos de ficar no congestionamento para trabalhar horas e horas dentro do nosso lar. E toda aquela rotina dentro da empresa, em escritórios corporativos, parece algo que ficou em um passado distante. E parece que estamos com saudade (alguns não) da rotina dentro dos escritórios e conversar com os colegas, além de ter toda aquela rotina maluca do mundo profissional. Enquanto isso não é possível, vemos como era este mundo antes da pandemia em uma série que passou a ser uma das mais vistas do mundo durante este período: The Office.

A série estreou em 2005, sendo uma adaptação do programa britânico de mesmo nome e finalizada em 2013, funcionava em um esquema de falso documentário sobre a rotina de um escritório em uma cidade média dos Estados Unidos do ramo de papel. Neste escritório, acompanhamos as relações desenvolvidas pelas personagens e acompanhamos suas rotinas e vidas pessoais, bem como vários momentos constrangedores ao longo das 9 temporadas. Por retratar como trabalhávamos antes da era do Home Office, The Office retrata com certa fidelidade como funcionam as relações dentro de uma empresa, seja similar ao ambiente do seriado ou não. Fora as situações bizarras e para não dizer outra coisa, cringes, que arracavam risadas pelo mundo inteiro, The Office marcou uma geração quando foi transmitida oficialmente pela NBC e ainda hoje marca, graças ao Streaming (a série está disponível no Prime Vídeo) ou aos inúmeros memes de várias de suas cenas pelas redes sociais.

Ao assistir esta obra prima graças a uma grande amiga minha, além de me entreter e me emocionar com as situações ocorridas no recinto de Scranton, também acabei percebendo que muito dos personagens tinham um pouco de algo em suas personalidades que lembravam alguns colegas e ex-colegas com os quais eu trabalhei. Até eu mesmo me vi em algumas personagens. Em algumas situações, se não ocorreram comigo, provavelmente eu conheço alguém que passou por algo semelhante. Sejam situações engraçadas ou situações desagradáveis (declarações preconceituosas, assédio, etc.), vendo as personagens me lembrei de certos tipos que encontramos em nossos empregos em nossas vidas. Tipos esses que quase todo local vai ter um deles e você facilmente se lembrará de alguma personagem da série ao lembrar desse seu colega. Não é à toa que muitos estão comparando o presidente Jair Bolsonaro com um dos astros da série. Quer saber qual?

Bem, antes de tudo quero dizer que esta análise se baseia apenas na minha interpretação das personagens da série e da minha experiência laboral. Provavelmente algumas personagens podem ter mais de uma interpretação, visto que suas personalidades são bastante complexas como na vida real. Então, vai a maneira como eles se comportam com mais regularidade durante o seriado e como conseguimos identificar na vida real. E aí cada personagem é uma persona, ou seja, a representação de algum perfil.

Sem mais delongas galera, vamos as personagens.


Angela Martin - Moral e bons costumes



Começando pela chefe da contabilidade, Angela (Angela Kinsey) é a típica representação de mulher W.A.S.P (sigla em inglês para Branco, Anglo-saxão e protestante): possui uma aparência frágil, loira e é mostrada como sendo uma cristã fervorosa, ainda que muitas de suas atitudes sejam um tanto inconvenientes para pessoas que se dizem cristãs e com bons costumes. Mas é isso que Angela tenta parecer no escritório e há muitas por aí em várias empresas. Sabe aquela pessoa que se acha moralmente correta, que vive de aparências, não perde uma oportunidade de julgar os outros e especialmente quer acabar com a diversão do pessoal? Esta é Angela, a persona que tenta parecer uma paladina da moral e dos bons costumes, mas no final é uma versão estadunidense da Dona Florinda.

Oscar Martinez - Minorias em destaque


Contador da Dunder Mifflin, Oscar (Oscar Nuñez) é uma personagem secundária bastante interessante e que certamente ganharia espaço nas empresas de hoje em dia. Com visibilidade para as minorias, ele mesmo seria um grande destaque por dois motivos: ele é assumidamente homossexual e também é latino-americano. Por conta desses motivos, Oscar é um grande alvo de piadas do chefe Michael ao longo das temporadas e até foi usado por um de seus amantes como maneira de se promover. Sendo um contador de destaque e bastante inteligente, Oscar poderia ter um grande reconhecimento pelo seu desempenho, ainda que sua orientação sexual e sua origem acabem chamando a atenção dos outros ante sua inteligência. Mas Oscar seria um grande aditivo para qualquer time que precisasse de um bom contador.

Kevin Malone - Incompetência e infantilidade


Contador assim como Oscar e Angela, Kevin (Brian Baumgartner) é aquele típico funcionário desqualificado para o cargo. Não sabendo o básico de matemática e muitas vezes errando até no inglês, Kevin acaba cometendo erros que poderiam comprometer a empresa rapidamente (só não ocorre por seus colegas estarem ao lado). Sem contar que o mesmo vive falando piadas extremamente infantis e por ora, bastante desagradáveis (especialmente com mulheres). Mesmo sendo um dos personagens mais engraçados do programa, Kevin na vida real seria daqueles funcionários insuportáveis que convivemos, além de nos almoços os colegas virem a falar de sua incompetência. São funcionários com vida curta na empresa ou acabam ficando devido a sua incompetência ficar ocultada até certa hora.

Meredith Palmer - Vida Loka


A responsável pelo departamento de suprimentos da Dunder Mifflin Meredith (Kate Flannery) é uma mulher de meia-idade que tem comportamentos extremados com relação ao álcool e ao sexo. Apesar de bastante estereotipada e sem muito desenvolvimento ao longo do show, há nas empresas pessoas como Meredith (independente do gênero) que possuem uma vida pessoal conturbada e que se reflete no ambiente de trabalho da empresa. Aquele colega que pouco produz, mas que toda sexta-feira já estava na porta do bar ou que não possui relacionamentos estáveis, mas muitos casuais.

Creed Bratton -  O desconhecido


Creed Branton (Creed Bratton) é uma das personagens mais aleatórias da série, sempre fazendo comentários fora da realidade e nem mesmo sabendo o que faz na empresa, embora seja dito que é responsável pela qualidade. É o funcionário com mais tempo de casa, mas ainda sim permanece desconhecido. Não é diferente daquele colega de trabalho estranho que tem na firma, que está há muito tempo lá, mas as pessoas ao redor não conhecem exatamente o que ele faz na empresa ou mesmo sobre sua vida pessoal, tampouco o porquê ainda está na firma. Assim é Creed, vivendo uma vida bastante agitada (e que vamos conhecendo ao longo da série, com alguns mistérios em aberto) e ainda sim sem que ninguém saiba. 

Toby Flenderson - Em depressão


O representante de RH mais odiado pelo chefe (e por nós também), Toby (Paul Liberstein) é uma figura que está quase sempre fazendo seu trabalho da maneira mais básica possível (ou seja, nada) e falando como se estivesse à beira da morte. Embora engraçado, há muitos componentes de que a personagem possa estar sofrendo de depressão. Sendo um homem separado e com pouco contato com a filha, além de não se dar bem com o chefe e realizando um trabalho do qual não gosta e bem diferente com o que trabalhava, dá para entender o porquê de Toby nunca conseguir ser um profissional de excelência e que poderia fazer mais pelo ambiente de trabalho (demitindo geral inclusive). Entretanto, a falta de perspectiva que ele tem pela vida, paixões não correspondidas e problemas familiares fazem Toby viver em um estado eterno de depressão. E por conta disso, acredita-se que a personagem seja o estrangulador de Scranton, um serial Killer do qual Toby foi jurado no julgamento do suspeito. Mas e se for ele?

Kelly Kapoor - Fútil


Sendo também uma minoria por sua origem indiana, Kelly Kapoor (Mindy Kalling) poderia ser como Oscar. Entretanto, ela representa bem um tipo de figura que há em qualquer escritório/empresa por aí: a pessoa fútil. Sendo uma tagarela profissional, Kelly quase que o tempo todo vive falando de temas pouco pertinentes ao ambiente corporativo, como celebridades, moda, filmes, romances, etc. A representante de Customer Service até tem perfil para a vaga (é comunicativa), porém vemos ela pouco fazendo seu trabalho e quando vimos um pouco, ela usou em uma vingança pessoal. Certamente, Kelly é um dos tipos mais tóxicos que se há em um ambiente de trabalho e isso vale para seus relacionamentos, especialmente com Ryan, cheio de idas e vindas e brigas em plenos ambiente de trabalho. Mas o relacionamento dos dois é certamente o mais realista visto na série. 

Darryl Phibin - Subindo na vida merecidamente


Darryl Phibin (Craig Robinson) começou a série bem discreto e com aparições esporádicas. Anteriormente responsável pelo depósito da empresa, ele era um contraponto perfeito para Michael Scott, sendo alguém bastante sensato e que de fato trabalhava em prol da companhia. Por conta disso, após a venda da Dunder Mifflin para a Sabre, Darryl foi promovido ao escritório com o cargo de responsável pelas entregas. Com Andy Bernard assumindo a gerência da firma, ele virou Assistente Regional e, no final da série, assumiu um grande cargo na empresa aberta por Jim Halppert. Vimos aqui em Darryl aquela personagem que consegue subir na vida de maneira justa e sendo alguém bastante responsável, ainda que sua paixão por esportes possa atrapalhar, além de ser querido por todos os colegas (uma raridade). E colegas de trabalho assim são exemplos para nós.

Roy Anderson - "Boy lixo"


Presente nas três primeiras temporadas do show, Roy Anderson (David Denman) é um entregador do depósito e até então noivo da recepcionista de Pam Beesly. Já nos primeiros episódios da série, já percebemos o quanto Pam ficava desconfortável ao seu lado e logo vamos descobrindo o porquê. Roy é aquele típico homem machista que tem a namorada como uma posse. Roy não queria que Pam crescesse na vida, não a incentivando em seus sonhos pessoais e era extremamente ciumento com ela, especialmente com Jim. Ao descobrir que o mesmo nutria uma paixão pela sua até então noiva, ele partiu para a agressão e acabou sendo demitido (finalmente uma justa causa nesta série). Nas poucas vezes que apareceu depois, ele parecia ter mudado bem pouco apesar de ter seguido a vida. A personagem representa aquele velho clichê de homem possessivo e até inseguro com suas relações em seu interior, não sendo somente uma persona do trabalho, mas também de uma persona da sociedade, de alguém que não quer mudanças e não as entende. 

Ryan Howard - O alpinista


Ryan Howard (B.J Novak) tem uma trajetória de ascensão e queda ao longo das temporadas. A personagem começa a série como estagiário e depois é promovida a vendedor. Mesmo sendo o pior do ramo, Ryan sempre ambicionava desde o início um cargo alto e se aproveitando de sua formação universitária recente. Na 4° temporada, Ryan finalmente consegue o cargo de Vice-Presidente de Vendas da região e vira o chefe do seu até então chefe Michael (que o tratava como um filho). Com toda essa subida em tão pouco tempo (ao contrário de Darryl), Ryan só ficou ainda mais arrogante e orgulhoso do que já era e forçou uma modernização da empresa que causou um grande conflito de gerações, mas que no fim não deu certo e teve consequências trágicas para ele. Ele volta à Scranton como um pária e praticamente sem função até o final da série, sendo que neste meio tempo ele tenta até mesmo montar um negócio com o investimento de vários de seus colegas, mas o mesmo não dá certo. Fora seu relacionamento mais que abusivo com Kelly, em que ambos conseguem ser mais tóxicos que o outro.

A personagem de Ryan é bastante interessante no sentido de ser aquele colega alpinista, ou seja, aquele que quer crescer na empresa a qualquer custo e mesmo sem ter o básico para merecer tamanho reconhecimento. Já tive muitos colegas assim e muitos tiveram destinos semelhantes (mas não na mesma escala) do que Ryan e tiveram que se contentar com cargos bem menos elevados do que achavam que poderiam escalar na hierarquia de trabalho.

Todd Packer - Inconveniente


Uma das personagens mais desagradáveis de toda série, Todd Packer (David Koechner) é daquele tipo de colega de trabalho que deveria estar banido do ambiente profissional há muito tempo, mas que ainda segue na ativa. Um "Tio de Churrasco" piorado, Todd é cheio de comentários maldosos, sexistas e racistas, sempre desrespeitando quem esteja ao redor. Outrora um grande amigo de Michael Scott, é exatamente igual a ele, porém sem o mesmo carisma e causando bem mais constrangimento, fora que o mesmo não se arrepende dos seus comentários rudes e outras atitudes criminosas (como em sua última aparição). Infelizmente em muitas empresas há gente exatamente igual a Todd Packer, fazendo comentários jocosos e com opiniões que até ajudaram um certo político a chegar ao poder...

Stanley Hudson - O rabugento "Bola Murcha"


Indo ao setor de vendas da empresa, encontramos a figura de Stanley Hudson (Leslie David Baker). O vendedor ranzinza e que espera mais do que ansioso a sua aposentadoria sair, trabalha com a maior má vontade do mundo: não tem vontade em realizar vendas, nem de participar de reuniões e nem de se reunir socialmente com os colegas, saindo sempre no mesmo horário (nunca saindo mais tarde). Sendo aquele colega seu de trabalho que já está há muitos anos na empresa, com a vida praticamente feita e que não tem para onde crescer, ele fica estagnado até dar a hora de se aposentar. Ainda que este comportamento seja piorado com a figura do chefe que odeia, Stanley é o chamado "bola murcha", que só tem a falar mal do trabalho e das pessoas da empresa no geral, que facilmente encontramos em qualquer empresa da esquina.

Phyllis Vance - A fofoqueira política


Outra vendedora que já está na empresa há anos, Phyllis (Phyllis Smith) é uma das poucas pessoas que suportam Stanley há anos e está aí sua força. Mesmo sendo uma mulher com uma aparência que vira piada na boca de muitos ao longo das temporadas, ela se mantém gentil e bastante carinhosa com os colegas, contribuindo para as festas e se dando bem com o maior número possível de colegas. Apesar disso, Phyllis acaba sendo marcada por ser a fofoqueira do ambiente de trabalho graças ao seu trânsito entre os diferentes núcleos da empresa. E sempre temos colegas de trabalho assim, com muitos contatos e ao mesmo tempo muito conhecimento sobre o que acontece com a vida da empresa e dos outros colegas. Ao longo da série, a esposa de Bob Vence da Vence refrigerações vai sabendo alguns dos segredos mais íntimos dos colegas e sempre usando isso em seu favor, ainda que no geral ela ainda continua se dando bem com a maioria dos colegas e sendo bem política nas relações.

Erin Hannon - Ingenuidade


A nova recepcionista do escritório, Erin (Ellie Kemper) aparece na quinta temporada do show e permanece até o final com o mesmo cargo em que começou. Jovem, a personagem é bastante diferente da antiga recepcionista com relação ao cargo (ela ama ser recepcionista) e gosta das piadas e de ajudar nas travessuras do chefe. Com isso, a ingenuidade da personagem é usada diversas vezes contra ela e não ajuda a mesma a crescer ao longo da série, fazendo a mesma ser uma das pessoas mais imaturas do escritório. Isso pode ser visto em seus relacionamentos amorosos, pois a mesma se envolveu com três colegas e terminou alguns destes por motivos infantis e sem muito diálogo, além da mesma exagerar nas festas da firma e dizer coisas sem sentido. Sendo um rostinho bonito para o escritório, Erin é uma versão US da Thais do BBB 21 e mesmo tendo um background bastante triste, pouco desse lado é aproveitado para fazer a personagem crescer e assim, ela permanece uma caricatura até o fim. Na vida real, há muitos colegas assim, que não amadureceram o suficiente para poder subir na vida e acabam sempre caindo em enrascadas.

Pete Miller e Clark Green - Categoria de base


Personagens que só aparecem na última temporada da série, Pete Miller (Jake Lacy) e Clark Green (Clark Duke) são contratados para os lugares de Kelly e Ryan na área de Customer Service. Ambos são bastante jovens e logo, comparados a dois velhos conhecidos da empresa, Jim e Dwight, respectivamente. Mesmo trabalhando em áreas diferentes, ambos são comparados aos dois vendedores e passam por situações parecidas que os dois mais velhos passaram, como um romance com a recepcionista por exemplo. O show não conseguiu desenvolver ambos e nem o público se conectou tanto com eles, mas eles representam a renovação das empresas. Muitos de nós já foram comparados a outros colegas de trabalho mais velhos, seja por uma semelhança física ou pela maneira de trabalhar. Pete e Clark vivem isso quando chegam até o final.

Andy Bernard - Pressionado e frustrado


Aparecendo na terceira temporada e depois efetivado em Scranton após a extinção do escritório de Stanford onde trabalhava, Andy Bernard (Ed Helms) começa a série como um vendedor qualquer e com problemas com a raiva. Ao longo das temporadas, o mesmo vai mostrando um talento para música e também começamos a ver que o mesmo veio de uma família rica que sempre o pressionou para que fosse bem sucedido a qualquer custo. Após a saída de Michael da série, Andy acaba virando o novo gerente regional, mas nem mesmo essa promoção foi suficiente para agradar aos pais, em especial o seu pai Walter Bernard, do qual Andy herdava o nome até o nascimento do seu irmão Walter Bernard Jr. Por conta disso, Andy se sentia bastante frustrado com a vida e seus problemas com a raiva vinham de toda a pressão que sofreu e também de relacionamentos que não deram certo (especialmente com Erin). No final da série, o mesmo jogou tudo para o alto e decidiu ser um pouco mais feliz tentando um espaço no show business e assumindo o coral de sua antiga universidade. 

Andy poderia ser aquele típico personagem privilegiado, seja na série por vir de uma família rica, ou mesmo pela produção, pois mesmo não sendo das personagens mais queridas do programa, acabou continuando e virando gerente regional. Mas quem nunca conheceu colegas assim, que tiveram tudo para crescer na vida, porém não se sentem realizados com isso e queriam estar fazendo algo totalmente diferente do que havia sido direcionado? Andy vive esse conflito ao longo da série, adotando várias personas para tentar se dar bem (a do puxa-saco, a do colega artista, do amigão) no ambiente de trabalho, mas no fim não se encontrava em nenhuma delas. 

Nellie Bertram - Oportunista


Entrando na série nas últimas temporadas, Nellie (Catherine Tate) tenta a todo custo ter algum tipo de destaque mesmo sendo despreparada para tudo. Inicialmente, tenta virar gerente regional assim que Michael Scott deixa a série. Não conseguiu. Vira vice-presidente de projetos especiais da Sabre, mas após Robert California acabar com a área depois de um projeto do qual o mesmo não gostou, fez a sua pior manobra até então: usurpou o cargo de gerente regional de Scranton após a breve vacância de Andy quando o mesmo foi atrás de Erin. Com isso, forçou a sua presença no escritório e após Andy recuperar o cargo graças à David Wallace, a mesma ainda permaneceu no escritório como gerente de projetos especiais. Com uma trajetória destas, Nellie certamente virou uma das personagens mais odiadas do programa e também a representação do colega oportunista, que quer se aproveitar de qualquer falha para assumir um departamento ou uma responsabilidade, querendo visibilidade a qualquer custo mesmo não tendo nenhuma qualificação para o cargo (como Nellie, que disse não ter tido uma educação formal). Mesmo que a personagem tenha uma história de vida triste (com relacionamentos frustrados e alguns traumas), isso não a deixa mais carismática ou mesmo justifica suas ações.

Karen Filipelli - Feminista


Personagem regular da terceira temporada, Karen (Rashida Jones) foi uma personagem marcante mesmo tendo aparecido apenas por uma temporada (com algumas aparições e menções nas temporadas seguintes). Ficou marcada pelo seu relacionamento com Jim Halppert, mesmo com ele a "usando" para conseguir ficar com Pam. Após sair de Scranton, Karen se torna na temporada seguinte a gerente regional da filial de Utica. A personagem pode ser dita como a feminista do escritório por alguns motivos: o primeiro é o de não se vestir como a maioria das mulheres do escritório em geral. Enquanto as mulheres no geral vestiam-se com saltos e saias, Karen vestia-se com um terno feminino e calça, o que fazia com que a mesma fosse alvo de provocações por parte de algumas personagens de ser "homem". Claro que a vestimenta não significa que ela deve ser feminista ou que as outras mulheres do escritório não fossem, mas ela se sentia livre para vestir o que quisesse. Outros motivos incluem o fato da mesma ter confrontado o chefe contra suas atitudes machistas e o chamando de misógino (sendo que Michael achou que fosse um elogio) e também a boa relação com Pam mesmo com o fim do namoro com Jim. Por mais que outras personagens, sobretudo Michael, plantassem uma rivalidade feminina entre Karen e Pam por conta de Jim, Karen não caia na pilha e mostrou ser bastante amigável com Pam na maior parte das vezes. E por vezes há colegas como Karen, que lutam pela representatividade feminina e por respeito contra o assédio dentro do ambiente de trabalho. E no final, recebem uma promoção por isso.


Pam Beesly - Mudando de carreira


Começando a série (e a carreira) como recepcionista do escritório, Pam Beesly (Jenna Fischer) sempre desejou subir na vida e seu talento pelas artes poderia direcionar para isso. Mas mesmo ganhando um curso e um estágio em design, a mesma não se identificou tanto com a área e juntando a sua saudade de casa (e de Jim), resolveu tentar a sorte como vendedora na empresa que Michael abre ao sair temporariamente da Dunder Mifflin e quando retorna a empresa, enfrenta muita resistência em ser aceita pela área de vendas por nunca ter sido vendedora antes. Vendo que sua performance não é boa, Pam tenta mudar mais uma vez de carreira e após algumas mentirinhas no currículo, vira a administradora do escritório, carreira com a qual se adapta e consegue seguir até o fim da série. E Pam não representa a mudança de carreira, mas também na vida pessoal. Sai de um relacionamento complicado com Roy para formar um casal de comercial de margarina com Jim e com ele tem dois filhos. Mesmo com todas estas mudanças, Pam se mantém como uma pessoa bastante amigável, mesmo sendo alvo de diversos assédios morais e sexuais por parte principalmente de Michael e de algumas outras personagens.

Pam é um tipo de persona bastante comum não somente no ambiente de trabalho, mas também na vida em geral. Aquelas pessoas que vivem mudando de profissão e consequentemente de carreira e buscando a felicidade na vida, seja no profissional e no pessoal. Podem parecer pessoas indecisas, entretanto são pessoas que querem crescer e ter uma boa vida a qualquer custo. São pessoas que tinham sonhos, mas que a realidade no fim de tudo muda tudo. Ao menos superaram relacionamentos tóxicos (com Roy) ou assédios constantes (no caso de Michael e Kevin, especialmente, com Pam).

Jim Halpert - "Queridão" 


A personagem Jim Halpert (John Krasinski) é uma das mais marcantes e queridas do público. O sucesso com o público é o mesmo que faz dentro do escritório, pelo fato de ser o "galã" do local e com isso, um grande influenciador dentro do grupo. Por isso, a personagem tem suas ideias mais respeitadas que as do próprio chefe do escritório. Não apenas suas ideias, mas também as suas pegadinhas clássicas contra o seu maior rival na empresa, Dwight. Mesmo com as suas traquinagens de quinta série ante Dwight, Jim  acaba sendo um dos funcionários mais reconhecidos do escritório e sempre responsável pelo escritório na ausência de Michael, além de ser sempre cotado para cargos mais altos. Isso tudo mesmo sendo um funcionário aparentemente mediano e que não parece ligar tanto para o trabalho inicialmente, mas tudo muda quando ele passa a se relacionar com Pam e ter uma família com ela. Nesta nova fase da vida, Jim amadurece um pouco e passa a levar o trabalho mais a sério para sustentar a família, mesmo ainda fazendo pegadinhas com Dwight.

Na vida real, Jim seria aquela pessoa quase sempre bem falada no escritório, pela qualidade do seu trabalho, pela sua personalidade e pelo seu romantismo e sempre mantendo tudo bem com a namorada/esposa, montando o casal dos sonhos no ambiente de trabalho. Mas tudo isso esconde algumas falhas que o mesmo tem e quase nunca é advertido ou quando é, nunca é levado a sério. Quem nunca teve um colega assim, que tudo é perfeito, mesmo que ele tenha cometido algumas coisas que manchem a ficha? Ter colegas assim não é nem um pouco legal no fim.

Dwight Schrute - Puxa saco excêntrico



Uma das mais interessantes personagens da série, Dwight Schrute (Rainn Wilson) é uma das mais complexas personagens de The Office. Sendo alguém com falta de habilidades sociais, uma pessoa extremamente nerd e com muitos negócios por fora, Dwight é apresentado inicialmente como um puxa-saco de Michael Scott. Sendo o melhor vendedor da filial, Dwight é o Assistente do Gerente Regional inicialmente, sendo um dos principais defensores de Michael. Mesmo sendo devoto de Michael, o mesmo não gosta tanto assim de Dwight no início e só ao longo das temporadas vai reconhecendo o mesmo como um amigo. Mesmo sendo um clássico puxa-saco no início e alvo das brincadeiras de Jim, Dwight tinha suas ambições pessoais e pouco a pouco foi realizando-as. Além do emprego de vendedor, também é dono de uma fazenda de beterrabas e depois vira proprietário do prédio onde a Dunder Mifflin é localizado. Por fim, finalmente realiza seu sonho em se tornar o Gerente Regional na última temporada, depois de muito sofrimento e muitos passando pelo cargo. Mesmo sendo um puxa-saco do chefe, Dwight é um profissional bastante competente, mas sua falta de tato para as relações sociais não o faz ser levado a sério. Além disso, seus comportamentos excêntricos são outra marca da personagem que o torna único (mas visto sempre como um maluco).

A personagem passa por uma grande transformação ao longo das temporadas, mas nunca deixa de ser um tanto puxa-saco de quem está no poder para se dar bem. Em toda empresa há alguém assim, que por pior que seja o líder da empresa, estará ao seu lado independente da opinião do chefe gostar ou não. Além disso, Dwight é a persona de um colega ambicioso e cheio dos negócios fora da empresa também, sendo alguém descrito como perigoso em um ambiente de trabalho. 

Jan Levinsson - Decadência


No início da série, Jan (Melora Hardin) era a vice-presidente de vendas da região e a chefe de Michael. Era uma mulher séria e até então competente, contrastando com o chefe do escritório até então. Entretanto, após um evento na vida pessoal (um divórcio, no caso), a sua vida profissional entrou em decadência. Primeiramente, ela se envolve com Michael. Embora ela resista em um primeiro momento, ela acaba suportando Michael e admitindo seu amor por ele. Porém isso causa atritos com o chefão, David Wallace, e alegando uma falta de comprometimento dela e queda de produtividade, ele a demite (embora Jan alega que foi pelo fato de colocar silicone). Com isso, Jan fica dependente de Michael, que declara falência e tem um segundo emprego para sustentá-la. Com isso, vemos o quão tóxica é a relação entre os dois e o quanto Michael se humilhou por ela, além de um negócio que ela montou e não dá nenhum retorno.Após o fim do relacionamento, aparentemente Jan dá a volta por cima em suas poucas aparições e tem uma filha por inseminação, mentindo assim para o antigo companheiro. Mas mesmo assim, podemos ver na série o quanto um colega ou chefe que era muito bom no seu trabalho pode decair em pouco tempo por algum evento de sua vida. 

Charles Miner - Estado Mínimo


Mesmo aparecendo por pouco tempo, Charles Minner (Idris Elba) marcou um bom arco na história da série. Sendo de um perfil bem diferente do que Jan e Ryan, ele assume a vice-presidência de vendas da região com um discurso de controlar as contas e que a filial de Michael gastava muito com festas. Isso desagrada Michael (no profissional e no pessoal) e faz com que o mesmo saia da empresa por achar que estaria sendo desprezado. Vimos então na persona de Charles alguém muito preocupado com as contas em todos os sentidos, desde as festas da empresa até as pegadinhas de Jim para com Dwight. Outra alegação é a questão da experiência, já que Charles veio de um ramo diferente da indústria do papel, o que o faz ser visto por Michael como "intruso". E muitas vezes temos um certo preconceito com algum líder que veio de outro setor ou que teve uma experiência diferente, o que o faz ser visto como incopetente. Mas no geral, Charles representa bem aquele chefe controlador das despesas do negócio.

David Wallace - Passador de pano


CFO e depois CEO da Dunder Mifflin, David (Andy Buckley) é o mais alto chefe que aparece com frequência durante a série. Aparentando ser uma pessoa bastante séria e preocupada com negócios, vemos um lado diferente do mesmo em alguns episódios quando o mesmo tocava bateria com o filho. Saindo deste lado pessoal, mesmo David ciente de todos os problemas que acontecem no escritório de Scranton e de outras filiais, nos perguntamos o que ele fez efetivamente para melhorar? A resposta seria nada. Em mais de uma ocasião, David ignorou as trapalhadas de Michael Scott ao longo das temporadas que comprometem ou comprometeriam os negócios e acabou perdendo a chance de demiti-lo em várias oportunidades. David seria na vida real o que chamamos de "passador de pano", ou seja, que prefere deixar tudo como está e não resolver os problemas , ou ignorá-los o quanto possível. David tenta ser profissional e o mais político possível, mas tem limite né?  

Deangelo Vickers - Insensível


Contratado para ser o novo gerente regional no lugar de Michael Scott, Deangelo Vickers (Will Ferrel) mostrou em poucos episódios o porquê de ser um dos piores personagens da série: é insensível, não se importando com as pessoas ao seu redor, possui um senso de humor baseado em humilhação e é sexista, compondo um círculo de apenas funcionários homens ao seu redor. Não demonstrou nenhum respeito por Michael em sua saída e tinha algumas manias estranhas, o que mostrava sua falta de ética profissional e até algum tipo de distúrbio psicológico. Seu reinado literalmente caiu quando tentou mostrar que era ótimo em enterradas de basquete e desabou junto da cesta, ficando em coma. Na vida real, Deangelo seria claramente aquele chefe abusivo e assediador, do qual os funcionários sentem medo e muita insegurança para trabalhar. Caso continuasse na série, o mesmo poderia ir parar nos tribunais.

Robert California - O falastrão manipulador


Sendo uma personagem  da oitava temporada, Robert California (James Spader) inicialmente seria o novo gerente após o coma de Deangelo Vickers. Porém, aproveitando-se de sua lábia e experiência, se tornou o CEO da Sabre e colocou Andy como gerente regional. Desde sua entrevista para gerente regional, California impressionava a todos com suas falas e frases de efeito, além de quando CEO sempre desafiava a equipe a crescer em vendas, ainda que ele pense que a indústria do papel é uma indústria morta. Seus métodos em dividir a equipe entre os bons e os fracos e suas falas arrogantes deixavam os funcionários do escritório desconfortáveis. Fora sua vida pessoal bastante excêntrica e polêmica. Na vida real, California seria aquele líder excêntrico cheio de frases de efeito que a princípio impressiona as pessoas ao redor, porém a convivência com o tempo deixa os funcionários incomodados e constrangidos. E há grandes chances de seu nome não ser nem esse...

Gabe Lewis - Líder de primeira viagem


Jovem e braço direito de Jo, Gabe (Zach Woods) torna-se os olhos e ações da CEO da Sabre no controle da Dunder Mifflin. Considerado bastante estranho por sua aparência ou ações, Gabe nunca foi uma figura querida no escritório. Agindo em nome da Sabre, ele acreditava que tinha poder sobre os funcionários do escritório, porém sua persona jovem não o fazia ser respeitado. Ele chega a tomar algumas atitudes extremas contra o bullying no ambiente de trabalho, por exemplo, porém não conseguiu ir para a frente. Fora o seu relacionamento com Erin, que após o término, o torna pior ainda e ele passa a agir como um ex abusivo que não a deixa seguir a vida. Na vida real, Gabe seria aquele jovem de 20 e poucos anos (como eu) a assumir uma liderança pela primeira vez e muitas vezes com liderados mais velhos e experientes. Se não tiver nenhum tato com a equipe, certamente não terá sucesso.

Jo Bennett - Excêntrica e bem sucedida


Jo Bennet (Kathy Bates) foi a personagem feminina vista como a mais bem sucedida dentro da série. CEO da Sabre, mostrou ser uma pessoa bastante decidida em suas tomadas de decisão e firme com elas, como a qual ela tirou Dwight da posição de gerente temporário após saber que o mesmo atirou no ouvido de Andy. Tendo o controle dos negócios, Jo também era considerada uma mulher excêntrica por levar seus cachorros sempre em suas visitas a Scranton. Outras manias excêntricas incluem ela ter uma coleção de armas e  escrever uma autobiografia, fora o hábito de fazer as personagens trabalharem até altas horas. Jo não é uma persona frequente e recorrente do mundo real, porém não é incomum vermos pessoas bem sucedidas terem manias e hábitos estranhos para pessoas normais. Seria a realização de um hábito excêntrico o segredo do sucesso ou o sucesso faz as pessoas permitirem-se para o bizarro?

Holly Flax - A novata


Quando Holly (Amy Ryan) chega para substituir Toby como a RH da filial de Scranton, parecia mais uma pessoa baixo astral na área. Entretanto, já em sua primeira aparição, Holly mostrou que chegou chegando e que iria fazer bem diferente que o seu antecessor. A começar por ter se entrosado bem com Michael, algo impossível de acontecer com Toby. E em oposição a Toby, Holly se envolve mais nos assuntos do dia a dia do escritório e tenta melhorar um pouco a vida dos funcionários, ainda que ela acabe se mostrando uma versão soft de Michael Scott. Holly é aquela/aquele funcionária(o) que chega na empresa e logo já mostra serviço ou se mostra alguém bem diferente da pessoa que ocupava aquele cargo até então, podendo ser algo positivo para o ambiente de trabalho ou negativo. Com Holly foi positivo, até cometer um erro grave: se envolver com o chefe...pense na confusão que daria (e deu) alguém do RH se envolver com algum funcionário?

Michael Scott - O chefe em extinção


Por fim, iremos falar da personagem mais complexa e amada de toda a série, cuja saída causou um grande impacto na rotina do escritório e da série, mas que ainda sim tem muitos pontos bastante controversos: este é Michael Scott (Steven Carell). Os momentos mais constrangedores (ou Cringes, se você preferir) são quase que exclusivamente protagonizados por Michael. O melhor chefe do mundo faz comentário sexistas (especialmente com Pam), racistas (com Darryl e Stanley) e homofóbicos (com Oscar) ainda que não tenha a intenção de ofender, mas o mesmo carrega diversos preconceitos estruturais, sendo uma versão mais soft de Caco Antibes (Miguel Falabella) de "Sai de Baixo" (só não falando que tem horror a pobre). Michael tenta ser aquele chefe "paizão", que evita dar notícias ruins e busca ser amigo de todos, indo no sentido contrário da boa maneira dos líderes nas empresas atualmente. Fora seu autoritarismo, que mesmo sendo indireto, ele queria sempre provar quem estava no comando e sempre buscando chamar a atenção. Ao longo da série, fomos percebendo o porquê de Michael ter tais comportamentos absurdos no trabalho, indo de uma infância traumática até relacionamentos fracassados (especialmente com Jan) que deixam o gerente regional cada dia mais inseguro. Assistindo a série, Michael não deveria nem ter sido nomeado gerente. Ainda que mostrasse ser um excelente profissional de vendas, ele quase não demonstrava boas habilidades de liderança (ainda que estranhamente tornou Scranton a melhor filial da Dunder Mifflin). Isso quebra o mito de que o melhor funcionário tecnicamente deva ser escolhido obrigatoriamente o gestor.

Michael representa aquele tipo de liderança que era muito comum no passado: os chamados chefes, que fazem comentários sem noção e assediadores, que tendem a ser bastante autoritários e que tentam compensar as inabilidades na gestão sendo amigo de todos e buscando evitar conflitos com sua equipe. Embora tenha um grande conhecimento técnico sobre papel e sobre vendas, Michael é um líder arcaico que constantemente entra em conflito conforme o avanço da série e do tempo, visto nos conflitos que teve com Ryan e Charles, que buscavam de uma maneira ou de outra "atualizar" os negócios, mas que Michael sempre recusava. Mas ao final de tudo, Michael era quem movimentava o escritório e era sempre o centro das atenções e ao longo das temporadas, foi mostrando que é um ser humano como qualquer um: tem seus inúmeros erros, mas que possui virtudes, como de ser generoso e que buscava ajudar seus funcionários, defendendo-os de quem quer que fosse. No fim, Michael era um humano acima de tudo, antes de ser um chefe.


Encerramos por aqui galera. Algum personagem foi coerente? Faltou alguma coisa sobre as personagens no texto? Ou ainda vocês se identificaram com alguma personagem ou identificaram nela algum colega? Comentem aqui embaixo. Até mais!