sábado, 24 de janeiro de 2015

Tempos difíceis pela frente...

Nos últimos dias, nós estamos sendo bombardeados de notícias um tanto apocalípticas na televisão, internet e rádio. São vários problemas que andam acometendo o nosso país. De menor para maior grau. Mas dois problemas vem fazendo os governantes e a população terem dores de cabeça muito grandes. E tem a ver com um único elemento natural de fundamental importância para nossas vidas: a água. E a água tem dois derivados que causam problemas ainda maiores: a falta dela para consumo e para a geração de energia, já que mais de 70% da nossa eletricidade vem da água. Mas em uma região como a nossa, o Sudeste, o problema vem tendo proporções gravíssimas. O Sudeste é a região mais rica e populosa do país e um problema como esse nessa região atinge todas as outras regiões.
E quem poderia imaginar que um problemas desses chegaria té aqui. O Brasil possui a maior reserva de água doce do mundo. Com exceção do Nordeste, que por causa do clima semi-árido em seu interior, tem problemas constantes com seca e anteriormente, com a fome, as outras regiões pareciam intactas. Mas chuvas abaixo da média despertaram um problema mais antigo: a falta de infraestrutura para enfrentar problemas como esse. Sem contar que outro problema foi escancarado em nossa cara: o consumo excessivo.
E as consequências desse problema serão mais pesadas do que você imagina. Vamos por partes.

Água

Sistema Cantareira (SP) está com 5,2% de sua capacidade, mesmo tendo
usando dois volumes mortos.
O ser humano pode sobreviver mais de um mês sem alimento. Mas não mais que 3 dias a sede. Ou seja, somos totalmente dependentes da água. Seja em nossas necessidades biológicas, seja em nossas atividades. A agricultura e a indústria são as maiores consumidoras de água em nosso planeta.Só a irrigação é responsável por mais de 70% do uso da água do mundo. Isso sem contar que boa parte da água é desperdiçada por problemas nas tubulações de água e esgoto. Segundo a Sabesp, o desperdício chega a 32% em São Paulo, índice acima do aceitável mundialmente. E boa parte da tubulação que transporta água para nossas casa tem mais de 30 anos de uso ou até mais, feitas principalmente de ferro, material que se oxida com a água e com o tempo, permite vazamentos. E boa parte dos vazamentos de água são invisíveis ou indetectáveis.
O problema em São Paulo chegou a outros dois estados importantes: o Rio de Janeiro e Minas Gerais. O Rio de Janeiro depende muito do Rio Paraíba do Sul para geração de energia e abastecimento, com represas localizadas em São Paulo. Com a falta de chuva na região, as represas chegaram ao nível 0% e o estado está a utilizar o volume morto, que só durará seis meses. Em Minas, as represas secaram muito, mesmo após o estado ter sido muito afetado por enchentes no ano passado. O Rio de Janeiro também sofreu, assim como São Paulo, há pouco mais de dois anos atrás. Para onde foi a água? Se levarmos em conta que o consumo de água do brasileiro e de 159 l/dia, o do Sudeste fica acima disso, com 189 l/dia. Só no Rio de Janeiro são 236 l/dia.
O Brasil pode ser abençoado por natureza pela água, mas mais de 70% dela está na região Norte. E lá não vive mais que 10% da população brasileira. A oferta de água de um habitante de São Paulo é igual a de um habitante do Pernambuco, estado menor e que sofre constantemente pela seca. Para se ter ideia, cada paulista tem a sua disposição 2.500 mil m³ de água. Já um cidadão de Roraima, na região Norte, tem a sua disposição 1,1 milhão de m³ de água. Então, teríamos que já ter consciência disso? Sim. Ainda mais com o ciclo de chuvas irregular desde o ano passado. Muitos acreditam que a culpa disso é o desmatamento da Amazônia, da onde vem a umidade que abastece as chuvas daqui. Com o desmatamento, menos umidade para cá. Mas esquecem que o desmatamento local aqui no Sudeste, de Mata Atlântica e de mananciais próximos das represas prejudica este ciclo também, já que a umidade não se sustenta. Um jogo de culpa que alguns jogam para o governo federal e estadual, PT e PSDB (Em São e Minas Gerais). Mas ambos têm culpa no cartório, já que não realizaram investimentos necessários para se precaver do pior.
E a água tem impacto na economia como um todo. Sem água, a agricultura terá prejuízos. Com prejuízos, os alimentos ficaram mais caros, seja os da feira ou os industrializados. E nas indústrias, que consomem muita água e ainda poluem os mananciais, produtos com um custo maior de produção, maior do que já é, com impostos e leis. Com isso, produtos mais caros. Produtos mais caros, inflação mais alta do que já está, pois está quase acima da meta de 6,5%. E o consumo doméstico prejudicado, já faltando água em muitas casas. E até o carnaval, evento importante em cidades do interior de São Paulo e de Minas Gerais, que atrai turistas e renda, pode ser até cancelado com a falta d'água, já que o consumo seria mais prejudicado com mais gente.
E outra consequência grave pode acontecer em relação a...

Energia Elétrica

Furnas, uma das principais hidrelétricas do Sudeste sem água.


O Brasil é o país das hidrelétricas. Mais de 70% da nossa eletricidade vem de usinas, como Porto Primavera, em São Paulo. Mas não é só no Sudeste. Os reservatórios de água das hidrelétricas está em níveis críticos nas regiões Sudeste e Centro -Oeste (no abastecimento elétrico, são considerados juntos) e no Nordeste, os níveis estão até mais baixos do que nos tempos do apagão de 2001, quando houve racionamento de energia. Os reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste estão com 17,5% da capacidade. Já o Nordeste se encontra com 17,02% segundo a ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). Isso levou o governo para uma reunião interministerial.
Para manter o consumo brasileiro, que aumentou bastante de 2001 para cá, o governo tem acionado as usinas térmicas. Mas não foi o suficiente, já que tivemos um apagão na segunda-feira, em vários estados. Mas nem isso deu conta, já que com as altas temperaturas em todo o país, elevou o consumo aos maiores índices da história. Para evitar um colapso, o governo tem comprado energia da Argentina. Importando energia e usando térmicas, a conta de luz virá mais cara. Se ela sofreu desconto no ano passado, subiu novamente.
Além do clima, o governo não investiu o suficiente para aumentar a oferta de energia para o consumo que aumentou exponencialmente. E a matriz brasileira de energia poderia ser afetada com uma mudança no regime de chuvas. Muitas hidrelétricas não tem funcionado com a falta de água no Sudeste.
Com a conta mais alta de luz, seja para indústrias, comércios e residências, a inflação novamente será aumentada. Os custos de produtos em geral será aumentado. E se o nível dos reservatórios ficar abaixo de 10%, não se sabe o que pode acontecer.

Soluções

Em curto prazo, só há uma coisa a fazer: economizar. Economizar luz e água nesse momento é essencial para evitar um colapso nos serviços de abastecimento. As concessionárias de luz e de água e esgoto deveriam dar um desconto para quem consome menos. Além disso, rezar aos deuses (seja o que você acreditar ou não) para que a água venha dos céus nessa época do ano, já que após março ou abril, as chuvas do Sudeste cessam e dão lugar a seca.
Ao médio e longo prazo, deve-se construir novas hidrelétricas. Algumas ficaram prontas nessa década, além de outras usinas de energia, o que deve aumentar a oferta de energia. Além disso, diversificar a matriz brasileira para que ela dependa menos da água, já que não se sabe como os ciclos de chuvas estarão nos próximos anos.
Já o problema com água, é um pouco mais difícil. Além de melhorar a infraestrutura e evitar desperdícios, deve-se também imaginar novos lugares para se obter água, visto que lugares como o Sistema Cantareira estão saturados e não dão conta de abastecer mais de 9 milhões de habitantes. E o mais importante: após essa crise toda, nos conscientizarmos sobre os recursos naturais. Evitar o desperdício de água e de luz deve ser para todos os anos e fazer parte da nossa rotina.


Sobre a seca em São Paulo: http://engenheirodevida.blogspot.com.br/2014/08/estrutura-conjuntura-e-momento-explicam.html
Níveis dos reservatórios das hidrelétricas: http://www.ons.org.br/tabela_reservatorios/conteudo.asp

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