segunda-feira, 21 de julho de 2014

A real sobre o Tomorrowland

Muitos amigos meus do face estão muito, mas muito felizes. O Brasil ganhou a copa? Não. Silvio Santos vai dar um milhão pra todo mundo? Não. A Dilma foi assassinada? Também não. O motivo é mais simples: a Tomorrowland vem para o Brasil em 2015. Mas o que é Tomorrowland? Mais um filme da Disney, com bonequinhos fofos e princesas com um novo padrão de beleza? Não.
Tomorrowland é o mais famoso festival de música eletrônica do mundo, que ocorre anualmente, desde 2005 na cidade de Boom, região da Antuérpia, na Bélgica. Bélgica é aquele país famoso por seus chocolates, Tintin e por terem colonizado o Congo. E este festival é segundo quem vê o melhor em todos os sentidos. Ótima organização, gente bonita de todos os lugares possíveis, bons músicos com batidas espetaculares e enfeitada com castelos de fantasia e fontes de água. Recebeu na sua última edição mais de 180 mil pessoas, das mais diversas partes do mundo.
Todo ano vejo matérias do Pânico sobre este festival, sempre zuando os gringos. E mostrando as belas mulheres, alcoolizadas e sempre a mercê de marmanjões espertos. Só um aperitivo do que irá ocorrer ano que vem em Itu, interior de São Paulo. Itu, aquela cidade conhecida por tudo ser grande e cidade que ganhou com seu time, o Ituano, o último campeonato paulista de futebol. Sem contar que a cidade é sede do Reality Show A Fazenda, da Rede Record.
São esperadas mais de 60 mil pessoas no evento durante os três dias. Ocorrerá entre 1, 2 e 3 de maio. Normalmente na Bélgica, ocorre em Julho. Li em outros sites que este festival tem o significado de abrir a Primavera na Europa. Como se em julho na Europa é verão. Vai saber o que os organizadores tomaram quando tiveram a ideia de criar um mega festival como este...
Muito expectativa em menos de um ano. Muita gente ansiosa querendo ir. Querem ter tudo o que o festival belga tem e mais um pouco. E nas redes sociais, o pessoal já comenta o que espera. Deem só uma olhada no que alguns amigos meus já compartilharam :



E daí muita gente vai desistir por causa que os "rolezeiros" que " invadiram " os Shoppings Centers em 2014. E lá vem as justificativas: povo feio, péssimo gosto, péssimas roupas, péssimo estilo e aparelhos ridículos. Mal começou a pré-venda dos ingressos e o festival já tem um público pré-determinado. Tem que ser que nem o da Bélgica, gente branca, de olho azul, de preferência mais mina que homem e com pouca roupa. Mas pouca roupa não são o que rola nos baile funks da vida, que este mesmo povo critica? Se for pra ver galera com pouca roupa é melhor pagar 20 reais no baile funk do que 300 reais para um só dia no Tomorrowland. Trezentos contos por um só dia no interior de São Paulo, longe da minha casa e pegando trânsito na Raposo? Sim. Itu não é tão longe, fica a 70 Km da Capital e tem ótimos acessos. Mas vai ter muito trânsito pra chegar lá, mas sinceramente torço pra que não ocorra.
Mas pra galera que já determinou que tipo de gente deve vir pro festival, vou dar uma boa notícia: eles não vão vir. Mas não soltem fogos de artifício para comemorarem. Pois a maioria de vocês também não vai, infelizmente. Sempre quis ir no Rock in Rio, mas com que dinheiro? Não só o ingresso, mas o transporte, alimentação e outros gastos elementares. Tudo isso custa caro. Só um dia custa exatos R$299 reais. E três dias de farra serão R$799 reais. Estes valores são maiores do que os " rolezeiros " da periferia ganham em um mês. E não iam torrar isso em um ingresso. Tá, mas eu vi que eles gastam 1000 reais num tênis original? Existe parcelamento. Já viu isso em ingresso de festival, é tudo à vista. Ou seja, eles só irão se juntarem uma grana. Mas esqueci de dizer que muitos, embora extravagantes, ajudam seus pais em casa com o dinheiro que ganham em serviços não tão nobres do que querem ostentar. E o público que vai nestes grandes festivais, Rock in Rio, Tomorrowland, Lollapalloza e afins, em sua grande maioria não trabalha. Ganham de presente de seus pais empresários, advogados, atores da globo e derivados e outras posições de classe média alta. Quem trabalha pra pagar os estudos e sustentar a família teria que juntar um bom dinheiro ou ganhar um bom dinheiro pra ir. E por fim, pra que querem ostentar num festival de música eletrônica? Eles gostam de funk e no baile funk eles são alguma coisa. Já num festival onde o público com certeza vai vaiar a Dilma ( se ela for a presidente em 2015 ) , dominada por galera da classe média e com músicas que mal entendem, por que iriam? Ostentar? Talvez, mas tem um preço bem caro a pagar. E pra pensar numa situações dessa, eles teriam cabeça sim.
Pra você que não quer ver estes funkeiros vindos do inferno no seu festival de conto de fadas, comemorem. Eles não irão. Você vai ver que a mesma micareta eletrônica que ocorre na terra do Tintin, com gente bonita nos padrões Tomorrowand vai ser igual aqui no Brasil. Uso de drogas sintéticas, além da já famosa cannabis, muita azaração, muitas tretas e muitas coisas que nem vou mencionar aqui. Tudo como qualquer baile funk que os " rolezeiros" vão, com a vital diferença de que a polícia vai bater porta em um e vai deixar tudo liberado em outro. Tem sim umas diferenças, que o baile funk atrapalha os vizinhos e tal. Mas no Morumbi, estádio de futebol e que ocorre show todo ano, os nobres do Morumbi reclamam também. Barulhos depois das 22 hrs? Chama a polícia. Só que não. Tudo autorizado. E o baile funk não, assim como o samba era no começo do século XX. Virou arte. Assim como a Capoeira era na mesma época. Virou patrimônio. Não desmerecendo estes dois, mas só para fazer uma comparação. O funk, o samba e a capoeira tem origens populares. E como tudo que é popular, tem seus preconceitos. E tudo que é bonito, de fora, com gente nada obscena e que a mídia mostra como a oitava maravilha do mundo, ninguém pode falar mal. Sério? Sim. Mas quem realmente vai nestes festivais? Os filhos da classe média alta, moradora dos bairros nobres ou dos condomínios fechados de Cotia, Alphaville ou de qualquer lançamento novo por aí. E sei que nas baladas normais que vão gostam de ouvir funk. Mas dividir o mesmo espaço com alguém da classe social que o MC Zikão era antes da fama? Nem pensar! Só pra me diferenciar vou pro Tomorrowland e mostrar que sou foda. Em suma, mostrar pra cambada que eu posso ostentar. Ok, fui
longe demais...
Então galera da Tomorrowland, fiquem tranquilos! Esses funkeiros do inferno não vão te incomodar no seu festival. O preço está nas alturas. O público é este e eles não se encaixam. E depois vamos dizer ao mundo que somos tolerantes com todas as etnias. Que venham os europeus, americanos e demais gringos, menos estes aí de baixo. Aí a festa vai tá legal. Três dias de muita curtição e de muita farra. Só não se esqueçam de não dirigir após a festa. Mas e aí, qual a diferença de um Tomorrowland para um baile funk ou balada mesmo? Nenhuma, a não ser a decoração

Nota: Desejo que o festival ocorra normalmente, assim como foi a copa e outros. Nada de #nãovaitertomorrow . Não foi isto que disse e sim dizer quem é que vai pra lá. E quem não queremos que vá. E mostrar a hipocrisia de muitos que gostam de funk, mas desprezam os fãs do gênero mais fanáticos. Não gosto de funk para deixar claro, curto meu bom e velho Rock N' Roll e Rap. Mas respeito quem gosta dentro do legal. A análise não significa que eu desprezo música eletrônica. Porém é preciso abrir o olho para isto. O preconceito, infelizmente. Cuidado com o que compartilham. E se tocar Funk la, não taquem pedra.

http://g1.globo.com/sao-paulo/musica/noticia/2014/07/festival-de-eletronica-tomorrowland-sera-em-itu-sp-com-150-djs.html
http://omelete.uol.com.br/musica/tomorrowland-brasil-2015-maio/#.U81I3uNdWOk


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