domingo, 7 de setembro de 2014

Racismo, ódio e o perdão com dois jogadores diferentes

Amanhã é o 7 de Setembro, dia da nossa independência. Dia da pátria, bandeiras brasileiras por todo o canto, decoração, cantoria... só que não. Não somos como o 4 de Julho de " Roliude". Mas uma vez, a cada 4 anos, somos um pouco mais patriotas. Com a Copa do Mundo de Futebol, é claro! Tudo que descrevi se realiza antes de junho. Esse ano foi assim, quatro anos atrás foi assim e foi assim trocentos anos. E tende a ser assim ( mas pode ser que não, por causa do 7 a 1 pra Alemanha ). E na Copa jogou o menino Neymar.
Mas não falarei sobre ele. Ele será coadjuvante aqui. Falaremos de seu algoz na Copa. Não é a Alemanha. Ele se chama Juan Camilo Zuñiga, 28 anos, joga no Napoli da Itália e joga como lateral- direito. Ficou mais conhecido como aquele que tirou Neymar da Copa, após chutar sua coluna e quebrar uma vértebra. Os ortopedistas online acham que foi tudo armado pro menino Neymar sair de fininho e não estar na derrota brasileira pra Alemanha. Mas não falarei sobre isso de Zuñiga. Falarei do problema que ele sofreu após isso e vou relacionar a outro futebolista com o mesmo problema: Mário Lúcio Duarte Costa, mais conhecido como Aranha.
O goleiro recebeu este apelido em referência a outro goleiro: Lev Yashin, ex-goleiro soviético conhecido como " Aranha Negro " por causa de sua roupa negra. Mas deixando isso de lado, o que liga o colombiano com o goleiro? Ambos sofreram de um mal do Brasil do 7 de Setembro: o racismo. Racismo contra os negros, pretos. Foram humilhados. Zuñiga sofreu pelas redes sociais, com comentários o chamndo de " preto maldito " e  "macaco". Aranha foi chamado disso também, mas pela torcida do estádio adversário. Zuñiga perdeu com sua seleção aquela partida. Aranha ganhou a partida e viu o time rival ser eliminado em decisão inédita do STJD, que finalmente puniu com rigidez um clube por causa de sua torcida. O racismo de sua torcida, que entoa cânticos racistas todo jogo. Alguns acham isso um tanto exagerado, pois torcidas brigam com violência e não são punidas. A violência é um problema crônico, tanto como o racismo, com a diferença que o última é extremamente sutil em nosso país, com o mito da "democracia racial".
Zuñiga e Aranha. Ambos sofreram racismo de torcidas revoltadas adversárias. Uma após perder o melhor jogador. A outra por perder o jogo. Ambos repercutiram na mídia. Aranha pro bem, pois a menina que claramente o xingou, foi coagida por todos os lados e pagou o preço antes de qualquer justiça puni-la como devia. Já Zuñiga, ficou marcado como vilão, como um jogador violento que talvez nunca foi. Humilhado por todos os lados e vítima do mesmo mal que acometeu Aranha. Mas a mídia quase não divulgou o racismo sofrido pelo colombiano. Nem a xenofobia, tampouco as ameaças de morte a ele e sua família. Zuñiga sofreu tanto quanto Neymar. Mas um é querido por todos, enquanto ele, naquele momento, não era mais um ser humano. Aranha saiu por cima, mas foi ouvido. Bem ouvido, foi firme em suas declarações e de se orgulhar de sua cor. Já Zuñiga, será lembrado como eterno algoz de Neymar e talvez, do povo brasileiro. Talvez, pois nem todos se simpatizam com o jogador do Barcelona da Espanha. E nem são tão patriotas assim, já que muitos acham que Neymar quis escapar do vexame de cinco dias depois e espalhando 1001 teorias da conspiração, que nem vou dar trabalho de listar aqui.
Mas e o perdão? Somos humanos, erramos muito. Mas no mundo de hoje não há tempo de perdoar. Só de pisar em cima de quem nos humilhou um dia. De vê-lo sofrer tal como sofremos. Zuñiga errou. A menina gaúcha linchada moralmente também. Mas ambos sofreram as consequências do ódio irracional da parte dos brasileiros. Ambos pediram perdão. Zuñiga sofreu com racismo, xenofobia e ataques pessoais. A torcedora do Grêmio sofreu de machismo, xenofobia e mais uma centena de ataques pessoais. Zuñiga sentiu na pele o que o goleiro sofreu. Mas no seu caso, foi algo "autorizado" por alguns. Aranha teve uma defesa, embora alguns achem que ele exagerou ( sempre existem ). Neymar, Aranha, Zuñiga e a torcedora gaúcha foram vítimas e vilões. Mas qual foi a diferença do caso Aranha e do caso Neymar/Zuñiga? O perdão. Neymar perdou Zuñiga pelo erro dele. Já Aranha " perdoou" a torcedora, porém disse que não quer vê-la, já que a mesma se arrependeu do ato e quer vê-lo e pedir desculpas. Aranha não quis nem saber. Deu um chega para lá e perdeu a chance de fazer como Nelson Mandela e Martin Luther King fizeram: perdoar seus algozes e junto deles reerguerem o mundo após os erros passados. Neymar fez como esses, guardadas as proporções. Zuñiga deve ter perdoado os brasileiros que o atacaram nas redes sociais.
Neymar perdoou a violência sofrida. Aranha já não fez a mesma coisa em relação ao racismo sofrido. Como a música de Gabriel o Penaador diz,  "Racismo é burrice". É algo grave, um erro que pode ser corrigido e sempre combatido, tal como a violência física. Conclui-se que a violência psicológica que Aranha e Zuñiga sofreram, assim como a torcedora sofreu, doeu tanto quanto a dor de Neymar nas costas.
Mas a solução para isso é mais simples que o linchamento ou da violência contra os algozes. Há dois remédios para isso: um é a educação, pois quanto mais socializados e sabedores ficamos, menos ignorantes ficamos. O outro é o perdão, que não nos iguala aos ignorantes e dá ao ignorante a chance de ver a luz da educação a frente. Para nunca mais cometer o erro anterior e assim, construir um mundo melhor. Mas aí, é muito trabalho. Não é fácil, mas vamos excercitar o perdão.
Feliz 7 de Setembro!
"Errar é humano, perdoar é divino"

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