sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Pedala cidade

O trânsito de muitas cidades do mundo está caótico. O de muitas cidades brasileiras está no meio. As grandes metrópoles deste país, São Paulo e Rio de Janeiro, estão entre as 10 cidades mais congestionadas do planeta. E a solução para isso? Em São Paulo, compram-se dois carros com placas diferentes para se driblar o rodízio. Sem essa de usar o transporte público de péssima qualidade e ineficiente. O rodízio nem dá conta. E os mais de 7 milhões de automóveis em São Paulo fazem quebrar recordes de congestionamentos. Muita gente da cidade e das cidades vizinhas como eu, gastam de 2 até 3 horas em trajetos simples.
Ninguém tem respostas para que se acabem os congestionamentos. Ele é bom para as montadoras que lucram rios de dinheiros por aqui, já que a galera compra qualquer " carroça " achando que está numa Ferrari. Pros postos de gasolina e distribuidoras, pois quanto mais tempo no trânsito, mais combustível gastam. E mais dinheiro ganham. Por fim, as multas que surgem por causa da imprudência. Sem contar as auto-escolas, que enfim. Todas ganham com mais motoristas nas ruas, pois muitos acham que vão chegar mais rápido em casa tendo um carro na garagem. Ledo engano. O crescimento da frota de veículos subiu junto com a média de congestionamentos, já que os 5 maiores congestionamentos de São Paulo ocorreram quando a cidade já registrava mais de 5 milhões de veículos.
Os congestionamentos causam um prejuízo de 33,5 bilhões de reais. Isso em 2008. Sem contar os problemas com a poluição, que além do já tão falado problema ambiental, causam problemas de saúde na população. E o tempo que se perde no trânsito, então? Já se comprovou que andar a pé pelas maiores avenidas paulistanas gasta menos tempo do que sentado num automóvel. Mais tempo parado, menos exercícios físicos, comendo dentro do carro. Combinação que aumenta o risco de intoxicação e de obesidade.
Com tantos problemas que os congestionamentos causam, qual seria a solução? Pode ser um tanto utópica, mas há um meio de transporte que acaba com todos os problemas já citados: a velha bicicleta.
Se dissesse isso, muitos iriam falar: bicicleta eu ando no parque ou naquelas ciclovias de fim de semana, andava quando era criança, é um bom exercício e por aí vai. Mas não pode ser a solução para acabar com o congestionamento da cidade.
Muita gente é cética nesse assunto. Mas um dado é interessante. A velocidade média da bicicleta em São Paulo é maior que a dos carros. Enquanto o automóvel atinge entre 5 a 8 km/h de média, a bicicleta atinge 15 km/h. Isso resulta em ganho de tempo, pois quem decidiu largar o carro em casa para ir ao trabalho de bicicleta, ganhou em média 30 minutos ou até 1 hora, dependendo do percurso e da região da cidade. Menos gastos em IPVA, mecânico, combustível, seguro, lavagem e dentre outros. Enquanto a Bike só precisa de uns itens de segurança, capacete, joelheira, cotoveleira e um óleo na engrenagem de vez em quando. Além disso, não prejudica a saúde do indivíduo que anda na magrela e ao redor dela. Ela não polui o ar, é um ótimo exercício físico e ajuda no combate a doenças graves do mundo modernos, tais como a hipertensão, diabetes e risco de AVC. Ajuda a emagrecer, a prova viva que tenho é meu pai que vai ao trabalho de bicicleta gastando 20 minutos.Se fosse de carro ou de ônibus, poderia gastar até uma hora. Sem contar que em cidades pequenas e no interior, a bicicleta é o meio de transporte mais popular. Mas não é preciso ir até o interior para se ver isso. Em países como a Dinamarca e os Países Baixos, a bicicleta é o principal meio de transporte de toda a população. Desde ir para a escola até ir ao trabalho, todos a utilizam nesses países no milhares de quilômetros que as ciclovias oferecem.

Fonte: http://vadebike.org/2006/06/por-que-ir-de-bicicleta/

Ciclovias no país existem. Rotas exclusivas para bicicletas somam pouco mais de 42 km em São Paulo. Claro, exstem as ciclofaixas de fim de semana e as ciclorrotas, mas só iremos contabilizar as rotas exclusivas para as bikes. Se a maior cidade brasileira não tem tantas ciclovias, onde elas estão? Rio de Janeiro e Curitiba lideram as estatísticas com 240 km e 118 km respectivamente. Amsterdã tem 400 km. E Berlim, na Alemanha possui a maior malha cicloviária com 750 km. Bogotá, no país vizinho Colômbia possui 359 km. E uma grande cidade como a capital paulista incentiva cada vez mais o automóvel.
Sem as ciclovias, muitos ciclistas arriscam-se nas ruas movimentadas da cidade. E a imprudência tanto de motoristas quanto de ciclistas resultam em muitos acidentes. Em um país violento como o Brasil, os roubos também são outro risco para os ciclistas. Sem contar os dias chuvosos, que não favorecem a prática. E o calor que pode causar odores insuportáveis, junto com o relevo nada favorável em alguma cidades, subidas e descidas,  especialmente para aqueles que trabalham. Pois bem, por aqui temos motivos para não andarmos tanto de bicicleta. Mas pode mudar.

Ciclovia próxima da Radial Leste e da Linha 3-vermelha do metrô. As ciclovias devem ser colocadas em vias como essa e se integrar ao restante da malha de trasnportes.
Fonte: http://www.ktmbikes.com.br/2013/1573/
Grandes cidades brasileiras pretendem depender mais das duas rodas. São Paulo tem a meta ambiciosa de ter 400 km de ciclovias até 2016, eliminando sobretudo vagas de estacionamento nas ruas, o que deixou muito motoristas de cabelo em pé. Mas mal sabe este motorista o quanto se faz pelas ruas para que ele desfile o seu modelo 99. Isso daria um livro inteiro. Mas voltando a pedalar, já há também o empréstimo de bicicletas no metrô paulista. Grandes cidades que possuem muitas ciclovias tem os mais variados tipos de empréstimo de bicicletas, cobrando um valor menor do que combustível por litro. E para quem tem bicicleta, é importante a criação de estacionamento para elas integradas as estações de metrô ( muitas estações do metrô paulista já tem ), terminais de ônibus e estacionamento para carros. As ciclovias não devem ficar isoladas do trânsito ou só como figura bonitinha e ecologicamente correta. Devem ser mais um modal de transporte particular ou quem sabe até de dois ou mais.
Tudo está no começo. Mas sinto que todo o esforço pode dar certo e o incentivo ao uso da magrela aumentar. Sem tanto radicalismo é claro. Que fique claro que não quero enfiar todos os carros do mundo em um ferro velho ou mandar que sejam queimados. Espero que mude a relação motorista e ciclista, que não é das mais amigáveis. E que o cidadão tenha mais modalidades de transporte e não tenha que ser obrigado a ter apenas uma modalidade, como o carro. É importante junto da ciclovias, os investimentos no transporte público. Só assim o trânsito nas grandes cidades pode diminuir. E talvez, quem sabe, poderemos respirar em paz.



Para mais informações:
http://vadebike.org/2006/06/por-que-ir-de-bicicleta/
http://vadebike.org/2014/06/400-km-de-ciclovias-2016-vagas-estacionamento-sao-
/http://www.mobilize.org.br/estatisticas/
http://noticias.terra.com.br/brasil/bicicletas-grandes-cidades/
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/ciclovias/ciclovia.shtml#mapa
http://www.dci.com.br/cidades/congestionamentos-no-rj-e-em-sp-causaram-prejuizo-de-r$-98,4-bilhoes-em-2013-id406948.html
http://noticias.r7.com/carros/pesquisa-aponta-as-dez-cidades-mais-congestionadas-do-mundo-rio-de-janeiro-e-sao-paulo-estao-na-lista-12072014





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