domingo, 24 de fevereiro de 2019

Afinal, qual a diferença entre ponte e viaduto?

Olá amigos, desculpem um pouco a demora. Mas eu voltei trazendo mais uma matéria importante e de cunho social importante para a nossa sociedade. Nós temos muitas coisas dentro do nosso senso comum que estão enraizadas nas palavras dentro do nosso cotidiano.
Bem, no nosso cotidiano, temos uma grande confusão entre duas palavras bem simples, mas que quando concretizadas são objetos semelhantes, mas ligeiramente diferentes e poucos sabem a diferença. Na verdade, é bem difícil saber a diferença entre esses dois elementos. Mas aqui eu tentarei explicar a diferença entre esses dois entes bem conhecidos na engenharia civil. Sim, conhecemos muito bem quando estamos dentro de um carro, pedalando em uma bicicleta ou simplesmente andando por cima deles.
Bem, estou falando sobre pontes e viadutos. Ouvimos falar deles quase todos os dias, especialmente agora que muitos deles passam por problemas em São Paulo devido a péssima manutenção (ou a falta) que eles enfrentaram ao longo dos anos. O que sabemos sobre eles é que são duas estruturas denominadas Obras de Arte Especial (OAE), construídas para permitir a passagem de veículos, ciclistas e pedestres de um lado para outro, passando por cima de um obstáculo, sejam eles naturais (rios, mares, vales) ou construídos pelo homem (ferrovias, rodovias). Se eles possuem as mesmas funções, por quê levam nomes diferentes? Vamos lá.
A palavra ponte tem origem no latim pons, que por sua vez tem origem na língua extinta etrusca pont, que significa "estrada". Outra possível origem da palavra é da palavra grega póntos que deriva do radical pent, que significa "ação de caminhar". O que diferencia a ponte de um viaduto, além da raiz da palavra, é o fato de as pontes serem denominas quando atravessam por obstáculos naturais e geralmente sobre rios, lagos e mares. Ou seja, quando uma OAE transpassa um rio normalmente leva o nome de ponte. Temos como exemplos a Ponte Rio-Niterói (que atravessa a Baía de Guanabara) e a Ponte das Bandeiras (que atravessa o Rio Tietê, ligando a Zona Norte ao Centro). As pontes, no meio do caminho, podem ter um certo desnível, que no caso é o aumento do gabarito da ponte (gabarito é a diferença de altura do nível do rio com a ponte). Esse aumento objetiva a passagem de embarcações e também evita a ponte ser alagada devido ao aumento de nível do rio.

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Vista da Ponte das Bandeiras, que transpassa  Rio e a Marginal Tietê, sendo
parte importante da Ligação Norte - Sul.
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Ponte Rio - Niterói, que é um trecho importante da BR-101 e passa pela Baía de Guanabara,
ligando as cidades do Rio de Janeiro e Niterói.

Já os viadutos, que também tem origem romana e junta as palavras "vias" e "ductos",  sendo que a palavra "duto" significa um elo de ligação, um caminho. E a primeira palavra "via" o tipo de ligação, que no caso é a via de uma estrada. Isso explica bem as palavras "gasoduto" (caminho do gás) e "oleoduto" (caminho de óleo). Bem, explicada a palavra, qual seria a diferença de um viaduto para uma ponte? Neste caso, as OAEs que transpassam obstáculos secos (como um vale) ou não-naturais como ferrovias e outras ruas recebem o nome de viaduto. Geralmente o nome é empregado em pontes que transpassam obstáculos secos e no meio da cidade. Exemplos de viadutos conhecidos em São Paulo são o Viaduto Antártica (que transpassa a Linha 8 - Diamante da CPTM e a Avenida Francisco Matarazzo) e o Elevado João Goulart, o famigerado "Minhocão" (que liga o Centro até a Zona Oeste passando por cima das ruas Amaral Gurgel e Avenida General Olímpio da Silveira) e que se estende por 3,4 km. 

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Viaduto Antártica.
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Elevado João Goulart, importante ligação na Radial Leste-Oeste.
Paramos por aí? Não exatamente. Apesar dessas explicações, há outras justificativas para estas diferenças. Uma delas nos diz que as pontes atravessam o obstáculo e mantém o mesmo nível da estrada. Já os viadutos realizam esta ligação, porém as ligações estão em níveis diferentes, sendo compostas por um trecho plano de entrada e rampas de subida e descida. Bem confuso, porém faz algum sentido. Se você utiliza uma das várias pontes da Marginal Tietê ou Pinheiros, percebe que elas atravessam os rios (Tietê e Pinheiros) e não há uma mudança significativa no nível da pista ao transpormos por elas. Porém, algumas dessas pontes poderiam ser consideradas viadutos por ter uma mudança de nível significativa. É o caso da Ponte Estaiada Otávio Frias de Oliveira, que liga a Avenida Jornalista Roberto Marinho até a Marginal Pinheiros. Apesar de chamada de ponte, as duas avenidas estão no mesmo nível e há um desnível nítido ao se utilizar a ponte, seja para acessar a Marginal ou a Roberto Marinho. Neste caso, a ponte não liga no mesmo nível e poderia ser chamada de viaduto. Porém, por atravessar o Rio Pinheiros (um obstáculo natural), a Estaiada leva o nome de ponte. Entretanto, algumas vias de ligação do complexo ligam a Roberto Marinho a pista Expressa da Marginal Pinheiros, podendo essas vias serem denominadas viadutos, pois atravessam um obstáculo seco e mão-natural, no caso a pista local. Da mesma forma que há viadutos que podem ser confundidas com viadutos. Um caso clássico é o viaduto do Chá, inaugurado em 1892 e que liga o Centro Velho (região da Pça. da Sé e do Largo de São Bento) com o chamado Centro Novo (região da República), sendo o primeiro viaduto da cidade. Porém, ao se utilizar o viaduto, não há uma diferença de nível entre os pontos ligados, o que poderia ser encarado como uma ponte. Porém, o fato de atravessar um obstáculo seco (o Vale do Anhangabaú), o nome faz sentido mesmo sem a diferença de nível. Mas tudo fica mais confuso pois o Vale do Anhangabaú foi formado pelo Rio Anhangabaú, que atualmente está enterrado (se você viu a matéria sobre os rios escondidos em São Paulo, sabe disso). Com isso, o Viaduto do Chá estaria mais para uma ponte do que um Viaduto pelas condições originais. Mas nas condições atuais, a denominação estaria correta. O mesmo  ocorre com OEAs sob locais como as avenidas 9 de Julho, dos Bandeirantes e Salim Farah Maluf.
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Viaduto de Chá e Ponte Estaiada. Os nomes estariam trocados?
Bem gente, concluindo e resumindo esta matéria: uma ponte é uma estrutura especial que liga dois pontos no mesmo nível e transpassa um obstáculo natural (curso d'água, lago ou mar) e um viaduto é uma estrutura que transpassa obstáculo secos (vales, ferrovias, avenidas, rodovias) e que geralmente apresentam desníveis, porém podemos ter viadutos que transpassam obstáculos e mantém o mesmo nível. A classificação é confusa e pode se tornar ainda mais confusa em uma cidade como São Paulo, que enterrou boa parte de seus córregos e estes viraram obstáculos secos, como o Vale do Anhangabaú. A utilização dos nomes é bastante dúbia, mas apresenta alguma lógica. Mas no geral, todo viaduto é uma ponte, mudando de nome de acordo com o obstáculo a ser transpassado.Prestem atenção nisso quando for utilizar uma ponte ou viaduto dentro da cidade e lembrem-se. Segurança total minha gente!

Curtam o carnaval com moderação. Até mais!

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