quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

A origem dos nomes das estações de metrô - Linha Amarela


Esta é mais uma reportagem da série "A origem dos nomes das estações de metrô". Para ler as outras reportagens, clique nos links abaixo:
Linha Azul
Linha Verde
Linha Vermelha
Linha Lilás: Em breve!


Olá amigos, faz tempo que não escrevo. Resolvi tirar uma folga lá na casa dos meus tios em Mato Grosso do Sul. Já falei sobre isso em um post passado, mas eu diria as mesmas palavras sobre este ano. Mas não são sobre minhas férias que eu quero falar aqui com vocês.
O Blog está fazendo uma série de reportagens sobre a origem dos nomes das estações de metrô. Uma interessante análise sobre os nomes que vemos pronunciados pelos maquinistas ou agora, por vozes eletrônicas. Não pensamos sobre eles quando estamos dentro do metrô (até porque pensamos em coisas mais importantes). Mas o Blog está aqui para responder algumas coisas. Agora, falaremos da mais moderna linha de metrô de São Paulo.
A linha 4 - Amarela, é a mais moderna linha de metrô. Ainda incompleta, mas em pleno funcionamento no trecho que vai da Estação Luz até o Butantã. Esta linha se diferencia-se das outras por causa de sua administração, que está nas mãos da iniciativa privada, mais precisamente da VIA QUATRO, empresa que é administrada pela CCR e pela construtora Camargo Corrêa. Além disso, os trens da linha não possuem separação por vagão, ou seja, os vagões estão todos unidos, permitindo o usuário se movimentar livremente pela composição. Sem contar que seus trilhos não são eletrificados como em outras linhas, estando a parte elétrica acima dos trens, como ocorre nas linhas da CPTM.
Envolta em tragédias (como a que matou 7 pessoas em 2007, nas obras da Estação Pinheiros), além de outros acidentes durantes suas obras e polêmicas diante de muitos atrasos, já que a Linha deveria estar pronta em 2007 e suas primeiras estações (Paulista e Faria Lima) só ficaram prontas em 2011. Quatro estações ainda estão em obras e a previsão mais otimista diz que elas ficarão prontas em 2018. Otimistas, já que as obras estão comprometidas devido a brigas entre o governo estadual e as construtoras, envolvendo rompimento de contrato. Difícil para o cidadão...
Apesar dos problemas, a linha já faz parte do cotidiano de muita gente. A linha que terá 12,8 km e 11 estações se interliga com as linha 1, 2 e 3 do metrô e com as linhas 7, 9 e 11 da CPTM. Com tantas interconexões, há várias possibilidades de passar por esta linha, que ainda está em expansão. 
Apresentações feitas, iremos falar dos nomes das estações, inclusive as que ainda estão em construção. As estações em construção estão em itálico nos subtítulos. 
Vamos lá, para nossa viagem:

Luz

Luz
Interior da Estação

República

República
Plataforma da estação

Higienópolis - Mackenzie

Falta pouco, minha gente...
O nome é composto pelo nome do bairro aonde está a Universidade Presbiteriana Mackenzie, que será a primeira universidade a ter uma estação dentro de seu campus (mesmo que fique pronta em 2100). O nome do bairro, Higienópolis, um dos mais nobres da cidade e reduto de muitos judeus e aristocratas portugueses, significa "cidade da higiene ou da limpeza", devido ao fato do bairro ser mais alto que alguns outros bairros vizinhos e de não ocorrer enchentes no local, que facilitaria a higiene e evitaria a contaminação por doenças. Devido a isso, o bairro que pertencia antes a Companhia de Jesus, foi loteado e urbanizado nos moldes mais avançados no século XIX. Já o nome Mackenzie, vem da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Quer dizer, o nome vem do advogado estadudinense John Teron Mackenzie, que fez um doação a até então Escola Americana, por meio da Igreja Presbiteriana, criada pelo casal de missionários estadudinenses presbiterianos George e Mary Ann Chamberlain. A doação deste advogado deu origem a Escola de Engenharia Mackenzie, a primeira do Brasil em caráter privado, inaugurado em 1896. Ao longo dos anos, novos cursos foram inaugurados na instituição e em 1952, a instituição recebe o status de Universidade.
Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde a futura estação estará.

Bairro de Higienópolis

Paulista

Paulista
Entrada da estação, indicando sua conexão com a Linha 2 - Verde
O nome desta estação que fica na rua da Consolação (enquanto a estação consolação fica na Avenida Paulista), faz referência ao fato de estar na esquina com a Avenida Paulista, a mais famosa avenida da cidade. Aberta em 8 de dezembro de 1891, foi inicialmente construída para abrigar os ricos da cidade e seus casarões, com seu nome, nas palavras do engenheiro Joaquim Eugênio de Lima, uma homenagem a todos os paulistas. Ao longo dos anos, os casarões deram lugar ao prédios e a Avenida cresceu e virou o centro financeiro da cidade. Mais que isso, virou o palco de expressões culturais, sede de protestos e outras coisas muito legais.
Avenida Paulista, que dá nome a estação que fica na Rua da Consolação

Oscar Freire

Um grande avanço, ao menos....
Outra estação que ainda não está pronta. Mas seu endereço é conhecido. O nome da estação faz referência a rua Oscar Freire, considerada a rua mais luxuosa da cidade e uma das 8 mais luxuosas do mundo. Mas antes de ser o antro de milionários e boutiques, Oscar Freire foi um médico baiano e também um dos primeiros professores da atual Faculdade de Medicina da USP, inaugurada em 1912.
Rua Oscar Freire, uma das mais luxuosas do mundo.
O verdadeiro Oscar Freire, o doutor!


Fradique Coutinho

Fradique Coutinho
Entrada da estação.
A estação, que fica no bairro de Pinheiros, foi a última a ser inaugurada das estações que estão funcionando, em outubro de 2014. O nome da estação faz referência ao seu endereço e ao bandeirante Fradique de Melo Coutinho, um dos bandeirantes que estavam na expedição do famoso bandeirante Raposo Tavares, que conquistou a cidade de Guaíra, atualmente no Paraná.

Rua Fradique Coutinho, que homenageia o bandeirante.

Faria Lima

Faria Lima
Entrada da estação.
A estação Faria Lima está na avenida de mesmo nome, a Brigadeiro Faria Lima, que foi inaugurada em 1970. O nome da estação e da avenida está diretamente ligado a José Vicente Faria Lima ou simplesmente, Brigadeiro Faria Lima. O engenheiro militar da aeronáutica foi prefeito de São Paulo entre 1965 e 1969 e deu início as obras da avenida que levaria o nome de radial Oeste, mas com sua morte em 1969, a avenida levou seu nome. Além desta avenida, Faria Lima promoveu inúmeras obras viárias, como das Marginal Tietê e Pinheiros, da Avenida 23 de Maio, Rubem Berta, radial Leste, Avenida Sumaré e iniciou as obras para a construção da Linha 1 - Azul.

Avenida Brigadeiro Faria Lima, um dos mais importantes centros
financeiros de São Paulo.

O verdadeiro Brigadeiro Faria Lima

Pinheiros

Pinheiros
Entrada da estação
Estação em que ocorreu uma grande tragédia, onde 7 pessoas morreram durante suas obras, ao caírem em uma enorme cratera aberta por suas obras em uma rua próxima. Apesar da tragédia, a estação que está ligada a Linha 9 da CPTM e bastante movimentada, tem seu nome tirado do Rio Pinheiros, que está próximo a estação (no qual a Linha 4 passa por debaixo de seu leito). O nome Pinheiros vem dos jesuítas, que ao chegarem na região, perceberam a enorme quantidade de araucárias ou pinheiros-do-paraná que cobriam a área próximo do rio, que até então, os indígenas nomeavam Jurubatuba (que significa lugar "Lugar com muitas jerivás", sendo jerivá uma espécie de palmeira muito comum na Mata Atlântica. A versão da origem do nome é um tanto polêmica, já que o nome Pinheiros na verdade seria Pi-ierê, que significa na língua tupi "derramado", sendo uma referência aos alagamentos constantes do rio. Seja como for, o rio Pinheiros nomeou o bairro, que segundo muitos historiadores, foi o primeiro bairro da capital.



Bairro de Pinheiros, aonde está a estação.

Butantã

Butantã
Totem da estação no seu exterior.
Do outro lado do rio Pinheiros, chegamos a estação Butantã. O nome da estação é uma referência a sua localização, no bairro/distrito/subprefeitura de Butantã. Na língua geral paulista, Butantã vem de ybyatã-atã que significa "terra duríssima", em alusão ao solo da região (yby significa terra ou cheão e atã significa duro, sendo duas vezes, duríssimo). O distrito é um dos mais antigos da capital e já teve diversos nomes, homônimos ao atual: Ybytatá, Uvatatan, Ubitatá e Butantan, antes do nome atual. Inclusive este nome "Butantan", dá nome ao Instituto Butantan, que junto da Cidade Universitária, ajudou a desenvolver o bairro e na pesquisa de remédios para várias doenças que assolavam (e ainda assolam) a capital.

Bairro do Butantã, que nomeia a estação.

São Paulo - Morumbi

Obras na estação...
A estação, que ainda está em obras e bastante atrasada (e ainda será ligada a futura linha de monotrilho), também tem um nome composto e que homenageia um time de futebol. O São Paulo é o São Paulo Futebol Clube, uma das equipes mais vitoriosas do futebol brasileiro e que joga no bairro, no popularmente Estádio do Morumbi, que fica a 1 km da localização da estação, na esquina da Avenida Francisco Morato com a Avenida jorge João Saad, esta última dando acesso ao estádio. O último time a ser homenageado pelo metrô, como falado antes, joga no estádio do Morumbi, que fica no bairro de mesmo nome. O bairro possui duas origens para seu nome, sendo que na língua tupi significaria "Mosca Verde" ou na língua geral paulista (língua falada pelos bandeirantes paulistas),  significaria "Rio das Marombas (Peixes grandes)" ou "lagoa das taboas", este último em referência a uma herbácea que nasce próxima a regiões de várzea. Seja como for, as confusões do bairro que fica na Zona Oeste e erroneamente é colocado na Zona Sul de São Paulo, são só essa. Atualmente, é um dos mais nobres bairros paulistanos (mesmo com enorme desigualdade social) e da sede do governo Estadual.

Estádio do Morumbi, pertencente ao São Paulo futebol Clube. Está a mais de 1 km da futura estação. 
Bairro do Morumbi, reduto de mansões de ricos e famosos, além
de luxuosos apartamentos

Vila Sônia

Estação Vila Sônia, onde já funciona o pátio de manobras da Linha.
Por fim, a estação Vila Sônia, que ficará no bairro homônimo. Bairro pertencente a Subprefeitura do Butantã e que faz divisa com a cidade de Taboão da Serra (aonde é prevista a expansão desta linha), é de desenvolvimento recente e que foi criado a partir de loteamento de antigas fazendas. As propriedades de um médico chamado Antônio Bueno e de Joaquim Manuel da Fonseca, sendo que o nome Sônia foi tirado de uma das filhas de Antônio Bueno.

Bairro da Vila Sônia.
Amigo, este ano foi muito bom. Para mim e para o Blog, que chegou a mais de 7500 acessos. Muito obrigado a vocês, leitores. E encerramos 2015 com este belo post desta série de reportagens. Mas ela ainda não acabou. Em 2016, outros posts virão. Até logo!



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