quarta-feira, 29 de outubro de 2014

5 luxos e 1 lixo: Obras da Ditadura

A Ditadura Militar brasileira é com certeza um dos momentos mais controversos da história. Admirada por muitos e temida por várias, durou de 1964 até 1985. Foi marcada por um governo autoritário, vários desrrespeitos aos direitos humanos e um crescimento econômico exponencial durante a década de 70 até a crise no fim da mesma década.
Com os militares no poder, muita gente ganhou poder no Brasil. Alguns bilionários atuais surgiram nessa época, tais como Antônio Ermírio de Moraes (ex-dono da Vororantim, falecido nesse ano) e a família Marinho, dona da Rede Globo. Surgiu uma classe rica e a desigualdade social cresceu no período. Classe essa quw ascendeu muito graças a obras faraônica, promovidaa para o crescimento e de muita utilidade até os dias atuais. Mas nem todas as obras feitas pelo regime foram bem-sucedidas e causam problema até hoje.
Do título tirado de um seção que foi da Revista Superinteressante da Abril (gostava muito), falarei sobre as obras legais da ditadura e a obra que não merecia ser feita como foi. Antes de começar, deixo claro que o período militar não foi o melhor da nossa história. Mas as obras foram um dos poucos pontos positivos da ditadura.
Então, vamos a elas:

Ponte Rio-Niterói

Idealizada desde 1875, essa grande ponte liga as cidades do Rio de Janeiro até Niterói (olha o nome, uai). Seu nome oficial é Ponte Presidente Costa e Silva, em  homenagem a um dos presidentes do período militar Artur da Costa e Silva. Mas antes de ser inaugurada como uma ponte, o projeto do século XIX previa um túnel.
As obras começaram no ano de 1968, com a presença da Rainha da Inglaterra no local. Construída de concreto protendido e várias estruturas de aço preenchidas de concreto. Como a obra passava por 9 quilômetros de mar, na Baia de Guanabara, não se sabe ao certo quantos operários morreram na obra. Trabalharam na obra mais de 10 mil operários.
A ponte atinge 72 m de altura máxima. E tem o maior vão livre reto do mundo, de 300 m de comprimento. Após muitos imprevistos e mudanças na obra, afim de facilitar o tráfego de embarcações abaixo da ponte e de ligar as partes da ponte, ela foi inaugurada em 1974. O custo final da obra foi de 5 bilhões de reais na época.
Atualmente, a ponte tem um tráfego de 140 mil veículos por dia. Ao contrário do que muitos acreditam, ela não é a maior ponte do mundo. Atualmente é a 11° do mundo, sendo a maior de concreto protendido do hemisfério sul. Atualmente, ela é administrada pela CCR, consórcio que cobra o pedágio, que custa em média 5,20 reais para carros.
Com sua capacidade chegando ao limite e enfrentando problemas na estrutura, estudasse a construção no metrô até Niterói, visando diminuir o tráfego na ponte. Apesar disso, não dá para negar que a obra é um dos grandes orgulhos da engenharia nacional pela dificuldade da obra e dela ter sido bem executada.



Que maravilha, não?

Usina Nuclear Angra I e Angra II

Dizem as más línguas que a ditadura militar desenvolveu um projeto secreto para se ter armas nucleares. Enéas Carneiro que o diga. Não se sabe se isso é verdade, mas há evidências por aí. Mas é fato de que foram os militares, os primeiros a realizarem um sonho antigo brasileiro lá da década de 50: a de se ter uma usina nuclear em nosso território. Com a crise do petróleo assustando o mundo nos anos 70, era preciso ter alternativas. Junto do programa PRÓ- ÁLCOOL e das hidrelétricas, a energia nuclear foi uma das alternativas.
O Brasil tem a sexta maior reserva de Urânio do mundo. Mas em compensação, não está entre os maiores exportadores. Mas voltando a Usina, a escolha por Angra dos Reis é estratégica, já que a cidade fluminense fica perto do rio de Janeiro, de São Paulo e de Minas Gerais, que são os Estados com maior consumo de energia.
O complexo de usinas, oficialmente nomeado Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em homenagem ao fundador do Programa Nuclear Brasileiro, atualmente conta com duas usinas em funcionamento (Angra I e Angra II) e uma em construção (Angra III). Angra I foi a primeira a ser construída, em 1972. Após várias paralisações da obra, que é resultado de um acordo do governo brasileiro com o governo alemão (na época, Ocidental) feito em 1975. Mas por causa da interferência estadudinense no esquema, a transferência tecnológica alemã não foi feita para a aparte do enriquecimento do urânio. Embora o reator fora construídos no EUA pela Westinghouse, o Brasil desenvolveu sua própria tecnologia na área de enriquecimento.
Angra I foi concluída perto do final da ditadura, por volta do ano de 1984. Mas o seu início, após atrasos maiores que as obras da Copa (e você achando que só estádio demora, mas uma usina nuclear exige muito mais rigor na construção, logicamente), foi marcado por problemas na geração de energia e vários problemas técnicos, que levaram Angra I a funcionar definitivamente nos anos 90. Angra II começou a ser construída em 1976 e só ficou pronta em 2000, após vários vai-vem durante sua construção. Já Angra III, que teve seus materiais para sua construção já comprados e preparados para começar as obras, teve obras paralisadas em 1986 e retomadas em 2010. E só vai ficar pronta em 2018. E você aí reclamando que atraso é coisa do governo atual.
Angra I e II produzem, respectivamente, 657 MW e 1350 MW. Angra II promete aumentar os números, já que é prevista que ela opere com 1450 MW. Além de Angra III, mais usina nucleares podem ser construídas no Brasil, especialmente no Nordeste. Mas com os acidentes nucleares de Chernobyl (em 1986, na antiga URSS) e Fukushima (em 2011, no Japão), muitos países estão desencorajando os investimentos em energia nuclear. A Alemanha, país que ajudou o Brasil na construção de suas usina, irá fechar todas elas até 2022. Há várias controvérsias sobre a energia nuclear, tais como o destino do lixo atômico, que é simplesmente guardado em latões de concreto e chumbo e jogado por aí, sem qualquer responsabilidade ambiental e o uso deste lixo atômico na fabricação de armas.
Embora sem relação com acidentes em Usinas, o Brasil já sofreu um acidente nuclear em 1987, em Goiânia (GO), provocado por um aparelho hospitalar radioativo. Apesar disso, o país quer seguir em frente com o programa nuclear, já que a energia nuclear tem suas vantagens em produzir muita energia em pouco espaço e não contribuir com o aquecimento global. Porém, o alto custo de se construir uma usina e o tempo que se exige parecem pesar contra. Mas vamos ver, afinal, o mundo dá voltas.


Pronta em 2000? Sabe de nada, inocente!


Usina Hidrelétrica de Itaipu

Dessa lista, talvez seja a obra mais espetacular feita na ditadura militar. Ou é a obra máxima feita pela ditadura. Itaipu é considerada uma das maiores obras feitas pelo homem e sempre figura entre as maravilhas da construção civil, que um dia escreverei aqui no blog sobre elas.
Itaipu significa, em tupi-guarani " Pedra que canta" ou "pedra barulhenta". Negociada por Brasil e Paraguai (a usina é bi-nacional, ou seja, o Paraguai também usa a hidrelétrica) por muitos anos, foi construída no período entre 1975 até 1982. Uma empresa brasileira e outra italiana ajudaram na construção do empreendimento. A obra usou uma quantidade absurda de materiais: cerca de 12.570.000 de metros cúbicos de concreto, ferro suficiente para se construir 380 Torres Eiffel e mais de 40000 trabalharam na obra. Sem contar que foram feitas 8,5 vezes mais escavações na obra da barragem do que o Eurotúnel, túnel que liga Inglaterra e França por debaixo do mar. Ou seja, uma obra grandiosa surgiu naquela região do Paraná com o Paraguai.
Para o pleno funcionamento da Usina, o curso do rio Paraná foi desviado, construindo um canal para desviar o rio de seu curso natural, afim de secar seu leito e construir ali a barragem. Concluídas as obras em 1982, a usina começou a operar em 1984, após  enchimento do lago por trás da barragem, que chegou a altura de 100 m. O funcionamento da Usina envolveu os países da tríplice fronteira (Brasil, Argentina e Paraguai), sendo que a Argentina temia a total abertura das comportas alagasse Buenos Aires. Fato totalmente mítico, já que a abertura total das comportas seria absorvido por uma barragem argentina a 400 Km dali. Entre o Brasil dos militares e o Paraguai do ditador Alfredo Stroessner (que governou o Paraguai entre 1954 e 1989), foi assinado um acordo que previa que a energia que o Paraguai não aproveitasse para uso interno seria vendida ao Brasil. Ao longo do tempo, o preço da energia cobrada pelo Paraguai aumentou, em virtude do desconforto paraguaio de vender energia com um preço muito inferior. Isso leva sempre a problemas diplomáticos.
Nos dias atuais, a Usina tem cerca de 20 unidades de geração de energia e produz cerca de 14000 MW de energia. É responsável por quase 20% da energia elétrica produzida no país. Se não tivesse sido construída, o país queimaria meio milhão de barri de petróleo para gerar a mesma quantidade que Itaipu. Só com estes números, mostra-se a importância da usina para o país. Apesar disso, como muitas obras não tiveram seu impacto ambiental e social calculados na época, Itaipu também causou muita destruição. O lago artificial de 1350 km² de área alagou muitas plantações locais e causou impactos na flora e fauna local. O Salto da Sete Quedas, na época a maior cachoeira do undo em volume d´água do mundo foi simplesmente desapareceu. Mais de 40 mil pessoal foram deslocadas de maneira forçada do local, indo para outras regiões do Paraná e outras foram para o Paraguai. E alguns destes desabrigados pela usina ajudaram a formar o famoso MST (Movimento Sem Terra).
Itaipu foi a cereja do bolo das várias usina hidrelétricas construídas pelo regime. Entre elas, Tucuruí (PA), Balbina (AM) e Sobradinho (BA). Sua grandiosidade é reconhecida mundo afora e simplesmente é a maior hidrelétrica do mundo. Virou não só uma construção qualquer, mas simplesmente virou mais um ponto turístico no lugar. Rivalizando com a natureza das Cataratas do Iguaçu.


Itaipu, um tentativa de rivalizar com as Cataratas.

Metrô de São Paulo

Agora vamos para obras perto de casa. Já aproveitei as praias do Rio e as maravilhas aquáticas do Paraná. Agora, venho para São Paulo. E falarei da obra que utilizo mais diretamente, sempre na estação Armênia, Luz e República. Estou falando do metrô paulista. O maior metropolitano do país, com seus 74 km de extensão. Míseros para um cidade como São Paulo, mas e se eles não existissem? Ninguém saberia o que iria ocorrer, mas seria um desastre total.
O projeto do metrô de São Paulo vinha se arrastando desde o século passado, lá no começo dele. Sempre rejeitado, modificado ou provocando divergências. São Paulo crescia de maneira feroz e necessitava de um meio de transporte rápido e que passasse pelas principais avenida. Ou por baixo delas.
Em 1965, com a subida dos militares ao poder, os prefeitos eram também militares. o Brigadeiro Faria Lima (sim, ele existiu) assumiu o comando da prefeitura paulistana e colocou o metrô entre suas metas para seu mandato. Sendo no ano seguinte criada a Cia. do Metropolitano de São Paulo e após isso, as obras em 1968, mesmo ano da desativação dos bondes da capital. Por causa dos custos elevados, o governo estadual assumiu as responsabilidades de construir o metrô.
A primeira linha a ser construída foi a Norte-Sul (hoje, denominada Linha 1- Azul), inaugurada em 1974 para operação comercial, no trecho Jabaquara-Vila Mariana. A Linha Azul foi totalmente inaugurada no ano seguinte, ligando o Jabaquara a Santana. Essa linha foi a primeira linha de metrô inaugurada no país. Na mesma década de 70, em 1979, era inaugurada a Linha Leste-Oeste ( hoje, linha 3- Vermelha). A linha 3 foi de certa forma, mais tranquila de ser construída, já que a maior parte dos trilhos pertenciam a antiga RFFSA (Rede Ferroviária Federal). Embora inaugurada em 1979, a linha só foi totalmente concluída em 1988, três anos após o fim do regime militar.
As outras linhas só surgiram a partir dos anos 90. A linha 2- Verde foi inaugurada em 1991. A linha 5- Lilás em 2002. E em 2010, foi inaugurada a linha público-privada, a linha 4- Amarela. A linha 1, que ia até Santana, foi expandida até o Tucuruvi. A linha 2 foi expandida até a Vila Prudente e diz a lenda que virá para Guarulhos. A linha 4 só vai ser totalmente concluída em 2016 junto da linha lilás. há projetos para novas linhas, dentre elas a linha 6- Laranja, ligando a atual estação São Joaquim, na Liberdade, até a Brasilândia.
Apesar do metrô correr hoje atrás dos atrasos passados, era para tudo isso ser concluído em 1978. Isso mesmo! O projeto original previa a expansão da linha 1- Azul até o Aeroporto de Cumbica, que nunca foi realizado. Existia o projeto de uma linha entre o Jóquei Clube até a Via Anchieta, do paraíso até Moema e de uma linha ligando a Casa Verde até a Vila Maria.
Apesar dos problemas atuais, o metrô de São Paulo é um dos metropolitanos que transporta mais passageiros no mundo, com cerca de 4 milhões de pessoas usando o sistema por dia. Além disso, o metrô paulista foi um marco no transporte sobre trilhos do país, já que outros metrôs foram construídos em outras capitais regionais na mesma época, como no Rio de Janeiro (1979), Porto Alegre (1985) e Recife (1985).



Jabaquara, a primeira estação de metrô do Brasil.
Aeroporto Internacional de Cumbica (Guarulhos)

O luxo é bom quando termina perto de casa. Isso mesmo, moro a cerca de 200 m da nossa última obra militar. Trata-se do Aeroporto Internacional de São Paulo- Guarulhos (Oficialmente, Aeroporto Internacional Governador André Franco Montoro). Como moro perto do Aeroporto, estou acostumado a milhares de aeronaves sobrevoando minha casa todos os dias. Segundo meu tio, que participou das obras na época, muita gente chegou ao que é hoje meu bairro e os vizinhos após a construção do aeroporto. Com o aeroporto construído na cidade, muitas empresas se mudaram e foram fundadas aqui, principalmente ligadas a logística.
Voltando no tempo, aos anos 70, época de ouro do regime, já se entendia que o tráfego do Aeroporto de Congonhas estava aquém da capacidade deste. Embora aliviado com a construção do Aeroporto de Viracopos, em Campinas, em 1960, a distância da cidade do interior para a capital (cerca de 100 Km), a distância dificultava operações logísticas.
Após estudos, verificou-se que as áreas perto da Base Aérea de São Paulo e a do Galeão, seriam ideais para a construção dos aeroportos. O Aeroporto Internacional foi inaugurado em 1977. O de São Paulo dependia de mais estudos. A cidade de Ibiúna, na região de Campinas e uma área em Cotia, na Região Metropolitana de São Paulo, eram as favoritas para o Aeroporto, graças as condições topográficas e meteorológicas. Mas os custos seriam grandes por causa da distância (caso de Ibiúna) e ambiental (Cotia). Por causa dos militares da região de Guarulhos, aonde fica a Base Aérea, que doaram 10 km² de terreno para a construção do Aeroporto, o custo sairia mais barato. Guarulhos não seria uma boa escolha por suas condições de topográfica ou meteorológica, já que a região onde fica o Aeroporto não por acaso se chama Cumbica, que significa em Tupi "Nuvem baixa ", ou seja, uma baita neblina. Mas por pressão dos militares, o lugar seria lá mesmo.
Com participação da Aeronáutica e do Estado, as obras começaram em 1980. A obra que duraria 2,5 anos, demorou 5 anos para ser terminada. Nessa época, o governador de São paulo era nada mais, nada menos que a lenda brasileira Paulo Maluf. Pois é amigos, foi o Maluf que fez. Embora a obra tenha terminado em 1985, no fim da gestão de André Franco Montoro, governador na época de São Paulo. Contando com uma pista de 3700 m, o aeroporto começou a receber voos internacionais e alguns meses depois, os domésticos. A segunda pista foi inaugurada em 1989, com seus 3000 m de extensão. Por causa do desalojamento de mais de 5 mil pessoas, a terceira pista, para aviões menores não foi construída ainda, embora prevista desde 1979.
Hoje, o Aeroporto de Guarulhos é o mais movimentado do Brasil e da América Latina (neste caso, em n° de passageiros), tendo capacidade para receber 42 milhões de passageiros por ano. Opera com três terminais atualmente, mas até 2025 é prevista a inauguração do Terminal 4, com capacidade para mais 7,5 milhões de passageiros por ano. Empresas aéreas de vários países operam no Aeroporto de Cumbica. Hoje, a iniciativa privada administra o Aeroporto. Junto do Aeroporto foi construída a Rodovia Hélio Smidt (ou SP-19), que liga o Aeroporto as principais rodovias, no caso a Via Dutra e a Rodovia Ayrton Senna. Existem várias linhas de ônibus que fazem o transporte até o aeroporto. Está em construção a linha 13-Jade da CPTM, que ligará o Aeroporto até a Estação Engenheiro Goulart. Embora era para ser terminada a séculos atrás (digo, antes da Copa), a obra ficará pronta entre 2015 e 2016.
A ditadura deixou este legado para Guarulhos.


Do ladinho de casa, foi o Maluf que fez!

Lixo:
Transamazônica

De obras grandiosas, vamos falar de uma que digamos, foi um desastre. Nem de Itaipus, Pontes e Aeroportos viveu a ditadura. As "obras faraônicas " da ditadura tiveram seu "Lixo" também. Vários, mas preferi falar deste. Falo da Rodovia BR-230, seu nome oficial, sendo conhecido popularmente como Transamazônica.
A Transamazônica foi um grande projeto na época da ditadura. Durante o governo do General Emílio Garrastazu Médici (entre 1969 e 1974) e durante quase toda a ditadura, os militares acreditavam que tinham que integrar a região da Amazônia ao restante do Brasil, para não perde-la para europeus e estadudinenses, visto o grande potencial econômico da floresta. Boa parte daquela região era desabitada e existiam poucas cidades na região. Belém e Manaus eram as poucas cidades grande da região. Após o ciclo da borracha, pouca atenção foi dada a Região norte do país. Os militares então, começaram a instalar colonos nas terras amazônicas, especialmente os de origem sulista e nordestinos. Com a derrubada da floresta, foram dando origem a regiões de pasto, plantio de vários produtos e algumas indústrias, graças a incentivos fiscais do governo. Para isso, uma infraestrutura foi criada com várias rodovias. Umas delas, a Transamazônica.
A Transamazônica foi construída entre 1969 até sua inauguração, em 1972. Inicialmente, teria mais de 8 mil km de extensão e ligaria o Brasil até o Peru e o Oceano Pacífico, possibilitando a exportação de produtos brasileiros para regiões como o Japão e Oeste estadudinense de maneira mais rápida. A ideia original foi abandonada e ela seria construída até a fronteira com a Colômbia e Peru, na cidade de Benjamin Constant, no Amazonas. Mas as obras pararam em Lábrea, no mesmo Estado do Amazonas. Apesar disso, ela se tornou a terceira maior rodovia do país e atravessando sete estados, indo da Paraíba (onde começa), passando pelos Estados do Ceará, Piauí, Maranhão, Tocantins, Pará até chegar no Amazonas, totalizando 4223 Km de comprimento.
Desde a obra, a rodovia foi um desastre. O desmatamento da região e o contato nada pacífico com os índios locais durante as obras. Nas obras, muitos trabalhadores ficavam isolados de suas famílias e havia dificuldades de acesso, sendo ele difícil e por meio de aviões. A rodovia foi feita sem levar em conta os impactos ambientais e sociais. Com uma infraestrutura aquém das expectativas, a maior parte dos colonos fugiram para outras regiões. Confrontos agrários na região são constante na região amazônica, especialmente no Pará. Boa parte da rodovia não é asfaltada e durante a época de chuvas, o trânsito é impraticável na região. Ocorrem muitos acidentes na rodovia. A maioria das indústrias instaladas na região fecharam as portas. Não há sinalização na maioria da rodovia.
A Transamazônica tem problemas iguais ao da maioria das rodovias brasileiras. Mas o projeto dos militares em integrar para não entregar com uma rodovia dessas, pela expectativa criada, foi a pior das possíveis. A falta de planejamento e estudos de impacto ambiental durante o período militar ficaram evidentes nessa obra. Tanto que ela fracassou completamente. Levará um tempo para recuperar a área da rodovia, asfaltá-la e conservá-la. Houve melhorias no trecho paraibano, mas muito deve ser feito.
Portanto, a Transamazônica esteve longe de ser um luxo na ditadura.



Nem de maravilhas viveu a ditadura. Mas é um bom exemplo de obras mal planejadas.


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