Olá gente, como estão? Bem, acredito que muitos de vocês estejam revoltados e tristes pelo que aconteceu na cidade de Brumadinho (MG). O rompimento de uma barragem de rejeitos na cidade causou um rastro de destruição sem precedentes e até agora, vitimou 150 pessoas e outras 182 estão desaparecidas, segundo a Defesa Civil de Minas Gerais no dia 06/02/2018. As vítimas eram sobretudo funcionários da mineradora Vale, moradores da região do Rio Parauapebas e turistas. Os números, infelizmente tende a aumentar, apesar de haver muitos sobreviventes. Além das vítimas, a destruição da região e a contaminação do Rio Paraopeba, que já possui suas águas turvas e impróprias para consumo e a lama contaminada ameaça o Rio São Francisco, que é um dos mais importantes rios brasileiros e que nasce em Minas Gerais e vai para o Nordeste.
O acidente que aconteceu em 25 de janeiro causa ainda mais revolta pois o Brasil já viu um tragédia bastante semelhante. ocorrida em 5 de novembro de 2015. Uma outra barragem de rejeitos, localizada no Distrito de Bento Rodrigues na cidade de Mariana e controlada pela empresa Samarco (que pertence a Vale) se rompeu e causou a destruição de diversas casas e fazendas na região, causou a morte de 18 pessoas e ainda um prejuízo ambiental incalculável pela contaminação da Bacia do Rio Doce, importante rio que abastece de água cidades de Minas Gerais e Espírito Santo, além dos rejeitos terem chegado ao mar. Houve uma grande comoção na época e um esforço para a vistoria de barragens (seja de rejeitos ou água) e de regras mais rígidas para a construção delas. Entretanto, a tragédia em Brumadinho nos mostrou que nada foi feito a respeito. A Samarco, a empresa responsável pela barragem não pagou totalmente a multa e ninguém foi responsabilizado.
Além dos problemas com a justiça, ambas as tragédias poderiam ser evitadas por uma maior fiscalização nas construções e de seu funcionamento. A impressão que fica é que as construções são feitas e depois não são acompanhadas, para uma manutenção preventiva por exemplo. E não apenas com barragens, mas com diversas construções. Edifícios, pontes, estruturas viárias e muitos outros exemplos. Nas grandes cidades, problemas com quedas de árvore, asfalto e calçadas são extremamente comuns. E são tão comuns que se tornaram até banais, pois acontecem e pouco é feito. E nada é feito para prevenir novos problemas. Mas além do funcionamento, muitas das obras já tinham problemas desde a construção. As barragens mineiras foram feitas por um método inadequado e barato. O método de alteamento a montante permite a construção por meio dos próprios rejeitos. Mas o método é extremamente inseguro e com alto potencial de problemas. E erros de projeto ou na construção também resultam em tragédias, como mostraremos abaixo.
Esse post é justamente relembrar outras tragédias com construções e de grande repercussão, assim como Brumadinho e Mariana. Além disso, mostraremos o que aconteceu depois das tragédias e mostrar que essas tragédias poderiam ser evitadas, seja desde a construção ou por meio de acompanhamento e por meio do poder público. Negligências causaram estas tragédias e apesar das lições que elas trazem, elas não foram cumpridas.
Boate Kiss
Quando: 27 de janeiro de 2013
Onde: Santa Maria (RS)
O que: Incêndio de grandes proporções causou a morte de 243 pessoas que estavam na casa noturna
Por que: Uso de espuma especial para isolamento acústico da casa noturna continha cianeto, substância tóxica para o organismo humano. Além disso, a boate não possuía saídas de emergência, nem extintores de incêndio ou sprinklers de incêndios
Resumo da ópera: Durante a realização de uma festa universitária dentro da boate, a banda Gurizada Fandangueira realizava uma apresentação dentro do local utilizando fogos de artifício. O artefato atingiu o teto da boate, que continha a espuma de isolamento acústico. Esta espuma não continha proteção contra incêndios e daí, o fogo começou e rapidamente se espalhou. Os frequentadores não conseguiram sair devido a falta de comunicação da segurança da casa e não havia saídas de emergência, já que a única saída foi bloqueada pelos seguranças que pensaram que havia uma briga ou que os usuários iriam sair sem pagar. Muitos tentaram fugir pelos banheiros, fazendo com que a maioria dos mortos fossem encontrados por lá. No dia, 235 morreram e nos meses seguintes, mais 7 vítimas. A maioria das mortes foi causada pela asfixia da fumaça tóxica.
O que poderia ter evitado a tragédia: A tragédia poderia ter sido evitada caso a boate tivesse sido interditada, pois uma laudo dos bombeiros realizado em 2009, durante a construção da boate. Além disso, não houve o acompanhamento dos engenheiros durante a obra para garantir a proteção contra incêndios. Os donos da boate foram apenas multados e não tiveram o estabelecimento fechado. Faltou pulso firme das autoridades, falta de projetos e acompanhamento da obra e a clara negligência dos donos.
Consequências: O caso teve uma grande repercussão nacional e internacional, considerado um dos maiores incêndios em casas noturnas do mundo. Foi o segundo incêndio mais mortal da história do país, atrás do Incêndio do Grand Circus Norte-Americano em 1961, com 503 vítimas. Houve uma intensificação na fiscalização de casas de eventos, sobretudo a proteção contra incêndios e novas legislações contra incêndios. Na esfera criminal, foram ao banco dos réus os donos da boate e os integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que causaram o incêndio. Apesar das investigações do Ministério Público, ninguém foi condenado ainda. Passados 6 anos da tragédia, muitos familiares das vítimas e sobreviventes ainda sofrem psicologicamente, havendo casos de suicídios entre os envolvidos com a tragédia. Apesar da tristeza e da impunidade, há um projeto de um memorial para homenagear as vítimas, que em sua maioria eram estudantes da UFSM.
Palace II
Quando: Entre 22 e 27 de fevereiro de 1998
Onde: Rio de Janeiro (RJ)
O que: Desabamento de prédio residencial que causou a morte de 8 pessoas.
Por que: Erros no projeto de estrutura e acabamento do prédio, além do mesmo ter sido erguido com material inapropriado, como a utilização de areia de praia
Resumo da ópera: O edifício Palace II foi um prédio erguido pela construtora Sersan, de propriedade do ex-deputado federal Sérgio Naya. As obras começaram em 1990 e deveriam terminar em 1995, porém as obras atrasaram. Em 1996, um operário já havia morrido durante a obra. Além disso, o prédio não tinha o Habite-se, que é o certificado que permite a ocupação do prédio e que o prédio cumpre as exigências da prefeitura. A construtora foi processada 4 vezes, mas o prédio foi ocupado. No domingo de carnaval de 1998, houve o primeiro desabamento por causa do concreto da base do prédio que havia cedido. Nesse primeiro desabamento, 8 pessoas não sobreviveram. Houve um outro desabamento, no dia 27 de fevereiro, mas sem vítimas. As famílias que estavam no prédio (176) tinha saído do prédio, quando a laje da caixa d'água cedeu quando a mesma foi esvaziada. Com isso, 22 apartamentos do prédio foram destruídos. No dia seguinte (28), a prefeitura implodiu o prédio.
O que poderia ter evitado a tragédia: Embora a fiscalização da prefeitura tenha ocorrido, houve uma clara negligência e falta de responsabilidade por parte da construtora. O uso de materiais inadequados aliados a um projeto mal feito tiveram claras consequências. Além disso, a obra estava interditada em 1996 devido a morte do operário no poço do elevador, mas a obra continuou e os apartamentos vendidos.
Consequências: Naya fugiu do país, mas foi preso e ficou na cadeia por 137 dias. Por falta de provas quanto a má qualidade do material empregado na obra e da responsabilidade do projeto, Naya foi absolvido. Apesar disso, Naya teve seus inúmeros bens leiloados e ainda teve o mandato cassado em 99. Apesar disso, Naya viveu em Ilhéus (BA) com a pensão por ter sido deputado e faleceu em 2009. A empresa Sersan se comprometeu a pagar as indenizações, que variavam entre 200 mil a 1,5 milhão de reais, porém 130 famílias ainda não conseguiram o pagamento integral das indenizações, que somam atualmente 70 milhões de reais.
Viaduto da Marginal Pinheiros
Quando: 15 de novembro de 2018
Onde: São Paulo (SP)
O que: Um importante viaduto na pista expressa da Marginal Pinheiros acabou cedendo durante a madrugada, causando um desnível de 2 metros na pista.
Por que: A explicação para o ocorrido foi o desgaste no apoio da ponte, que sustenta a pista. Provavelmente houve a fadiga e o colapso dos materiais. A travessa de sustentação do viaduto se rompeu devido as fissuras e assim, afundou a pista.
Resumo da ópera: Na madrugada do feriado do dia 15 de novembro, o viaduto que liga a Marginal Pinheiros para a Rodovia Castelo Branco cedeu 2 metros. No local, havia 5 carros que estavam passando pelo local na hora do acidente. Apesar do ocorrido, não houve nenhuma vítima (apesar do susto com carros voando). Houve consequências no trânsito (até hoje), pois vários trechos da pista expressa da Marginal Pinheiros foram interditados. A circulação de trens da CPTM (Linha 9 - Esmeralda) chegou a ser interrompida entre as estações CEASA e Cidade Universitária devido ao risco de queda do viaduto sobre a linha. O risco foi logo afastado e em uma operação emergencial, o viaduto foi escorado e elevado por meio de macacos. Mas obras de recuperação ainda não começaram.
O que poderia ter evitado a tragédia: O viaduto construído pelo DER (Departamento de estradas de rodagem) foi inaugurado em 1978. Embora tenha 40 anos, a estrutura nunca passou por qualquer obra de manutenção. A Prefeitura de São Paulo, desde a gestão de Gilberto Kassab (2006-2012) pouco fez pelas pontes de São Paulo, apesar da justiça ter determinado verbas para a inspeção dos viadutos e a reforma dos que preocupavam. Apesar do ocorrido, o viaduto não corria risco de acidentes segundo um relatório de 2017.
Consequências: Com o ocorrido, a Prefeitura de São Paulo fez um contrato de emergência para a realização de laudos para analisar as pontes de São Paulo e apontar quais os problemas. Embora faça mais de 2 meses do ocorrido, ainda não há previsão de obras no local e caso elas sejam feitas, podem demorar até 6 meses para ficarem prontas. Com o desabamento do viaduto, um dos mais importantes de São Paulo, houve uma maior preocupação com a condição das pontes e viadutos de São Paulo, sendo que um viaduto que liga a Marginal Tietê a pista expressa da Via Dutra foi interditado em 23 de janeiro devido ao risco iminente de queda. Outras 8 pontes e viadutos apresentam risco iminente, em um relatório mostrado ontem (04/02).
Estação Pinheiros
Quando: 12 de janeiro de 2007
Onde: São Paulo (SP)
O que: Em um poço de acesso a obras da Estação Pinheiros da Linha 4 - Amarela, houve um desmoronamento deste poço que formou uma cratera que atingiu a Rua Capri. No momento, um micro-ônibus passava pelo local. O ocorrido acabou vitimando 7 pessoas, sendo dois passageiros e dois funcionários do ônibus, dois passageiros que estavam no ponto próximo e o motorista de um caminhão que prestava serviço a obra.
Por que: Antes da tragédia, casas e comércios da região já apresentavam rachaduras decorrentes das obras no metrô que estavam a todo vapor na época. Além disso, fiscalizações realizadas na obra observaram várias irregularidades, especialmente com a segurança dos trabalhadores e da obra como um todo. Houve uma falta de cuidado com o solo da região, bastante problemático devido a estar próximo do Rio Pinheiros. Segundo o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), houve uma sucessão de erros, pois a construtora não levou em conta a geologia e a utilização da técnica de construção a seca, enquanto o solo era úmido. Além disso, a falta de suportes nas paredes de contenção, o aumento de uma rampa de acesso que não estava no projeto e implosões realizadas no mesmo dia deixaram o solo instável. Não havia um plano de retirada dos trabalhadores do local em caso de acidentes e nem havia um grupo para riscos de queda.
Resumo da ópera: Na tarde de 12 de janeiro de 2007, uma cratera surgiu na Rua Capri e acabou "engolindo" um micro ônibus que passava pela rua, um caminhão da obra e passageiros do ponto de ônibus no local. A cratera possuía mais de 35 metros de profundidade e a missão de resgate foi bastante complicada, devido ao risco de outros desmoronamentos. Imóveis próximos ao local foram demolidos pois tinham o risco de desabar.
O que poderia ter evitado a tragédia: A tragédia poderia ter sido evitada caso a boate tivesse sido interditada, pois uma laudo dos bombeiros realizado em 2009, durante a construção da boate. Além disso, não houve o acompanhamento dos engenheiros durante a obra para garantir a proteção contra incêndios. Os donos da boate foram apenas multados e não tiveram o estabelecimento fechado. Faltou pulso firme das autoridades, falta de projetos e acompanhamento da obra e a clara negligência dos donos.
Consequências: A consequência mais clara da tragédia foi o atraso da obra, que só retornou em maio do ano seguinte. Caso não houvesse o acidente, a obra ficaria pronta no final de 2008. A estação só foi inaugurada em maio de 2011. Passados 11 anos da tragédia, apesar dos laudos atestando culpa do Consórcio Via Amarela (que controla a linha), ninguém foi condenado, tendo sido inocentadas 12 pessoas. O acidente foi o pior da história do Metrô de São Paulo. Os familiares das vítimas da tragédia e pessoas que ficaram desabrigadas não receberam nenhuma indenização.
Viaduto de Belo Horizonte
Quando: 3 de julho de 2014
Onde: Belo Horizonte (MG)
O que: Queda de um viaduto em obras causou a morte de 2 pessoas e 23 pessoas ficaram feridas
Por que: Erros no projeto, sobretudo no cálculo errado da armadura, além de erros na segurança da estrutura
Resumo da ópera: No meio da Copa do Mundo de 2014, que foi realizada no Brasil, um viaduto em obras sobre a Avenida Dom Pedro I, no bairro Planalto em Belo Horizonte desabou. O viaduto Batalha dos Guararapes fazia parte do pacote de obras de mobilidade para Belo Horizonte visando a Copa do Mundo, facilitando a ligação com o Aeroporto de Confins. As obras estavam atrasadas e as obras estavam sob suspeita de superfaturamento. No dia 3 de julho, ele desaba sobre diversos carros e um ônibus. O motorista de um dos carros e do ônibus faleceram. Os 23 feridos da tragédia eram passageiros do ônibus.
O que poderia ter evitado a tragédia: Além de erros no projeto e no acompanhamento das obras, faltou a sintonia entre a empresa que projetou (Consol) e a construtora (Cowan) sobre quem deveria fiscalizar as obras. Além disso, o viaduto estava sob investigação devido ao superfaturamento dos materiais e as obras não foram devidamente fiscalizadas. Além disso, segundo o engenheiro de tráfego Paulo Rogério Monteiro, o viaduto não seria necessário para o momento devido ao movimento da região para o aeroporto não ter justificativas para a construção do viaduto.
Consequências: O que sobrou do viaduto foi demolido e nada foi feito no lugar. Onze pessoas foram declaradas réus, entre engenheiros das empresas Consol e Cowan, além de pessoas da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), órgão municipal que fiscalizava as obras. Apesar disso, nenhum dos acusados foram condenados até hoje e além dos familiares das vítimas que não foram reparadas, moradores de um condomínio nas redondezas também entraram com pedido para serem indenizados, pois segundo eles, as obras causaram danos aos apartamentos. Mas até hoje, não houve nenhuma reparação. E o valor pago no viaduto até então (13 milhões de reais) não foi devolvido aos cofres públicos.
Ciclovia Tim Maia
Quando: 21 de abril de 2016
Onde: Rio de Janeiro (RJ)
O que: Desabamento de um trecho da ciclovia devido as ondas vitimaram dois ciclistas que passavam pelo local
Por que: Erros no projeto que não consideraram as fortes ondas do local
Resumo da ópera: No feriado de 21 de abril de 2016, ondas atingiram um trecho elevado da ciclovia Tim Maia, inaugurada em janeiro de 2016 como parte das obras realizadas na cidade para as Olimpíadas do mesmo ano. A ciclovia liga a região da Barra da Tijuca a São Conrado e possui 3,9 km, possibilitando os ciclistas da região irem também ao Centro da cidade. Recebeu o nome do cantor Tim Maia (1942-1998), em referência a música "Do Leme ao Pontal". Mas pouco mais de 3 meses depois da inauguração, uma forte onda atingiu a estrutura da pista e ela desabou, ceifando a vida de dois ciclistas que estavam passando pelo local.
O que poderia ter evitado a tragédia: A causa do acidente não foi levada em consideração no projeto, pois ondas fortes ocorrem no local. Embora não sejam comuns, as ondas na região podem atingir até 6 metros de altura. O fato de as ondas rebaterem nas rochas e subirem poderia ser considerado, pois a força das ondas é capaz de comprometer as estruturas. Apesar disso, estudos mais aprofundados não foram realizados. Além disso, a disposição da pista sobre os pilares também não era a mais adequada e poderia haver amortecedores de ondas nos pilares.
Consequências: A construção da ciclovia custou 44 milhões à Prefeitura do Rio. Além disso, houve uma tentativa de CPI na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, mas que foi barrada na justiça. Cerca de 14 pessoas foram indiciadas, mas nenhuma condenada. Inclusive, um dos indiciados na tragédia foi indicado a presidência da RioUrbe pelo prefeito Marcelo Crivella (PRB). A ciclovia até hoje permanece com o trecho do acidente bloqueada e sem previsão para a reconstrução. Outro trecho da ciclovia, junto ao Túnel do Joá desabou em fevereiro de 2018 após um temporal que causou um desmoronamento do solo.
Edifício Wilton Paes de Almeida
Quando: 1 de maio de 2018
Onde: São Paulo(SP)
O que: Incêndio e queda de um edifício abandonado no Centro de São Paulo causou a morte de 7 pessoas, todas moradoras do prédio. Além disso, parte da Igreja Luterana de São Paulo, localizada na vizinhança do prédio também foi atingida.
Por que: A ocupação irregular do prédio possuía ligações irregulares de energia, que não possuíam qualquer segurança contra incêndios no caso de curto-circuitos por parte dos administradores do prédio. Além disso, o prédio estava abandonado e com a estrutura comprometida. Mas segundo testemunhas e a polícia, uma briga de casal causou a tragédia, pois uma panela de pressão pegou fogo e a estrutura do prédio (de concreto e aço) contribuiu para alastrar as chamas. O incêndio causou o colapso da estrutura. Mas outra versão é de um curto circuito.
Resumo da ópera: Na noite do feriado de 1° de maio de 2018, um incêndio atinge um prédio abandonado no Centro de São Paulo. O Edifício Wilton Paes de Almeida era um prédio abandonado e ocupado por famílias carentes integrantes de movimentos sociais pela habitação. O Prédio que já foi ocupado pela CVB (Companhia de Vitrais Brasil), por várias empresas e foi sede da Polícia Federal entre 1980 e 2003. Abrigava também uma agência do INSS, porém foi abandonado com a mudança da sede da PF. Ele pertencia a Prefeitura de São Paulo e deveria ser sede da Secretária de Educação. O incêndio se espalhou rápido e muitos pularam do prédio. Ainda foi filmado o desabamento do prédio, e as imagens mostravam uma das vítimas tentando sair pela janela do prédio. A vítima, Ricardo Oliveira Galvão, voltou ao prédio para salvar a família. Mas ao tentar ser resgatado pela lateral do prédio, o desabamento fez com que os equipamentos fossem rompidos.
O que poderia ter evitado a tragédia: O fato do prédio estar abandonado e ser um bem público contribuiu para a precariedade da estrutura. Já era sabido que vários prédios do Centro de São Paulo possuem uma estrutura precária atualmente e risco de desabamentos. Além disso, a ocupação irregular destes prédios por parte de movimentos sociais, além de colocar a vida de várias pessoas em risco, poderia ocasionar situações de incêndio, seja por curto circuitos nas ligações irregulares ou botijões de gás. Além disso, os coordenadores do movimento social cobravam aluguel das famílias e nada faziam para conservar o prédio ou investir em itens de segurança, que evitariam a tragédia.
Consequências: O desabamento escancarou o fato de muitos prédios abandonados e com riscos de desabamentos estarem ocupados por movimentos sociais que lutam por moradia. Há centenas de prédios como esse em São Paulo e várias cidades do país. No processo, três coordenadores do movimento social que ocupava o prédio foram indiciados e recentemente, se tornaram réus. As centenas de famílias que estavam no prédio ficaram meses em barracas no Largo do Paissandu, havendo uma grande demora na transferência dessas famílias para edifícios de habitação popular. A Igreja Luterana, inaugurada em 1909 e tombada pelo patrimônio público de São Paulo, ainda permanece com parte do prédio destruída e sem previsão para a sua reconstrução. O trânsito no local foi interditado por meses.
Edifício Joelma
Quando: 1 de fevereiro de 1974
Onde: São Paulo (SP)
O que: Incêndio de grandes proporções que atingiu o edifício e vitimaram 187 pessoas e deixaram mais de 300 feridos
Por que: Curto-circuito de um aparelho de ar-condicionado no 12° andar
Resumo da ópera: No dia 1 de fevereiro de 1974, às 8h45 min da manhã, um aparelho de ar-condicionado entrou em curto-circuito que causou um incêndio que se alastrou rapidamente pelo edifício. O fogo no edifício dificultava a saída de quem trabalhava lá por não dispor de saídas de emergência e as escadas serem íngremes. Alguns fugiram pelos elevadores, porém os cabos foram rapidamente destruídos pelo incêndio. Quem conseguiu escapar, o fez pelas janelas dos banheiros e se jogando para fora ou subindo até o 25° andar para serem resgatados pelos helicópteros, que tinham dificuldade de pararem no edifício devido ao Joelma não possuir pista de pouso. Houve dificuldades pela escada Magirus dos caminhões de bombeiro, pois a escada não alcançava os andares mais altos. Havia confusão em torno do prédio, devido ao número grande de curiosos vendo as ações de resgate.
O que poderia ter evitado a tragédia: A tragédia poderia ser evitada caso o Joelma dispusesse de saídas de emergência e porta anti-incêndio, que possibilitaria a saída de quem estivesse no prédio. Além disso, vários itens no prédio como o forro e as portas contribuíram para as chamas se alastrarem. Ainda havia problemas com o sistema elétrico do prédio, que estava sobrecarregado.
Consequências: A tragédia resultou em grandes mudanças nas construções dos prédio de São Paulo e também, em outras partes do Brasil, especialmente no que se refere a normas de incêndio. Várias medidas foram tomadas, principalmente a proibição do uso de materiais inflamáveis nos componentes da prédio (sobretudo os feitos de madeira) e a obrigação dos prédios terem saídas de emergência, sistemas de água para hidrantes, extintores e portas corta-fogo, além de cuidados com a instalação elétrica. A cidade ainda criou um Código de Edificações, que estabelecia as regras do que as construções deveriam ter para segurança, sofrendo diversas alterações ao longo do tempo, entre elas os prédios devem resistir a 2 horas de incêndio. Na parte legal, as empresas Crefisul (que administrava o prédio) e Termoclima (responsável pelo conserto do ar-condicionado) foram responsabilizadas pela tragédia e seus responsáveis foram condenados entre 2 a 3 anos de cadeia. O Edifício Joelma foi reconstruído e reinaugurado em 1978. Apesar do endurecimento das regras, mais da metade dos prédios em São Paulo estão em condições semelhantes ao Joelma antes do incêndio e não se adaptaram as novas regras. Ou seja, há o risco de tragédias como o Joelma, como a que aconteceu no Wilton Paes de Almeida. Na cultura popular, a tragédia do Joelma teve consequência como um filme inspirado em um livro do médium Chico Xavier, já que relatos sobrenaturais acerca dos mortos da tragédia aparecem na mídia de tempos em tempos. . A tragédia do Joelma apareceu em documentários nacionais e internacionais.