Olá galera, como vocês passaram o natal? Bem, passei em família com churrasco e tudo. Pode não ter sido tão legal quanto a de muitos por aí, mas foi boa. Mas agora é hora de voltarmos ao trabalho depois da ceia e aqui, o trabalho não para (isso é, até voltar o semestre).
E continuamos a série de reportagens sobre a origem dos nomes das estações da CPTM. E vamos falar sobre uma linha bem conhecida de nós que é a linha 7 - Rubi. Esta linha foi construída pela antiga São Paulo Railway (SPR), empresa de capital inglês que foi responsável pela construção da famosa ferrovia Santos - Jundiaí, que foi uma das principais infra-estruturas criadas para o escoamento de café vindo do interior paulista para o resto do mundo, por meio do Porto de São Paulo entre os séculos XIX e XX. Hoje, a ferrovia virou duas linhas da CPTM: essa em questão e a Linha 10 - Turquesa, da qual falarei mais para frente.
A linha 7 é a maior linha da CPTM, tendo mais de 60 km de extensão. Liga atualmente a estação da Luz em São Paulo e vai até Jundiaí, em sua extensão operacional, pois o normal é dos trens partirem da Luz e irem até a Estação de Francisco Morato. O trem sobe e desce a Serra da Cantareira, passa por municípios ao Norte da Região Metropolitana e é a única que vai para o interior de São Paulo. Junto com a Linha 10, possui as estações mais antigas do sistema ferro-metroviário de São Paulo e muitas de suas estações ainda conservam características do século XIX, embora a tendência seja de demolir estas estações e adaptá-las ao que há de melhor hoje. Mas respeitando a arquitetura das antigas estações, sendo muitas delas tombadas. Mas uma característica dessa linha permanece: a mão inglesa. Se vocês entendem, já que na Inglaterra se dirige do lado direito e não do esquerdo. Seria o contrário do que estamos acostumados a dirigir, mas vamos deixar que vocês concluam.
A linha necessita de muito para melhorar, já que seus usuários a avaliam mal. E não é para menos, pois a linha sofre muitas vezes com falhas de energia, problemas com trens e acidentes. E isso irrita muitos usuários e os investimentos prometidos pelo governo ainda não foram suficientes.
História à parte, vamos pegar nosso trem da Estação da Luz e vamos rumo ao interior e passando pelos lugares, conhecer as suas origens (dos nomes) e nos divertir nessa viagem. Bora lá!
Luz
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Interior da Estação da Luz |
Já revelada quando falei sobre a linha 1. Clique
aqui.
Palmeiras-Barra Funda
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Interior da Estação |
Já revelada quando falei sobre a linha 3. Clique
aqui.
Água Branca
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Plataforma de Embarque |
Essa estação é uma das mais antigas da linha, tendo sido inaugurada em 1867 e mantêm características do século XIX até os dias de hoje, embora tenha passado por reformas ao longo dos anos. A estação ainda mantem a única passagem de nível existente na linha (com a Avenida Santa Marina) recebeu o seu nome devido além do nome do bairro, do córrego Água Branca, que recebeu esse nome por suas águas limpas e que hoje corre escondido por debaixo de São Paulo. Futuramente, estará conectada com a Linha 6 - Laranja e devido a isso, a estação será reconstruída e modernizada.
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Bairro da Água Branca, com destaque ao Parque da Água Branca. |
Lapa
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Interior da Estação. |
Uma curiosidade é que esta estação também possui uma xará na Linha 8 - Diamante, mas a estação da Linha 7 não possui conexão com a Linha 8 e ambas estão distante por 500 m. Futuramente, elas serão unificadas, mas enquanto isso não acontece, vamos falar do nome mesmo. O nome Lapa veio de Nossa Senhora da Lapa, uma representação da Virgem Maria trazida pelos jesuítas portugueses. Uma Igreja dedicada a santa foi erguida no atual bairro em 1911. O bairro é dividido entre o Alto e o Baixo da Lapa, estando a estação na parte denominada Baixo.
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Igreja de Nossa Senhora da Lapa, que nomeia o bairro. |
Piqueri
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Interior da Estação |
Atravessando o Rio Tietê, a estação Piqueri é até recente se comparado a outras da linha, tendo sido inaugurada em 1960. A estação sofreu com o nome no começo, pois era chamado Nossa Senhora do Ó antes do nome atual ser adotado e antes disso, era chamada simplesmente de Quilômetro 88. Só em 1969 o nome atual foi adotado. O nome faz referência ao nome do bairro, sendo que Piqueri significa "Animal de pequeno porte".
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Vista área do bairro, próximo a Marginal Tietê |
Pirituba
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Vista do exterior da Estação |
A estação inaugurada em 1885 tem o seu nome derivado do bairro/distrito muito conhecido em São Paulo e apesar das polêmicas quanto a sua localização, oficialmente faz parte da zona Norte. Problemas geográficos a parte, o nome do bairro faz uma referência ao que o bairro foi no passado: uma lagoa. A palavra Pirituba tem dois significados possíveis e podem significar "ajuntamento de juncos" ou "vegetação de brejo", sendo a palavra de origem tupi.
Vila Clarice
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Vila Clarice. |
Tal como a Estação Piqueri, é uma estação "nova", tendo sido inaugurada em 1955. O nome da estação localizada no distrito de Pirituba faz referência ao bairro de mesmo nome, originado do desmembramento dos antigos "donos" da região, os famosos amantes Rafael Tobias de Aguiar (fundador do ROTA na Rua) e da famosa Marquesa de Santos (dispensa apresentações).
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Rua do bairro. |
Jaraguá
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Estação Jaraguá e suas plataformas separadas. Note o trem no fundo. |
Aqui temos uma estação curiosa que mantém uma característica que outras estações tinham no passado: as plataformas não estão de frente para outra e sim, em posições diferentes. Isso acontecia devido as passagens de nível que existiam nas linhas de trem, mas que estão em extinção. Até bem pouco tempo atrás, a estação Jaraguá tinha uma passagem de nível bem no meio e que separava as plataformas. Foram construídos dois viadutos que fecharam a passagem de nível definitivamente, mas as plataformas separadas ainda estão lá. Mas tirando a fisionomia da estação, o seu nome vem do bairro/distrito do Jaraguá, que na língua Tupi-Guarani significa "Senhor do vale" ou também "Morros que dominam o campo" ou "água que murmura", sendo também nome de uma espécie de capim. A região é conhecida por abrigar o famoso Pico do Jaraguá, o ponto mais alto da cidade de São Paulo e que possui 1.135 m de altitude. A estação inaugurada em 1891 outrora era chamada de Parada de Taipas ou Taipas, que era o nome antigo da região.
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Bairro do Jaraguá e logo atrás, o proeminente Pico do Jaraguá. |
Vila Aurora
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Estação Vila Aurora. Notem que ela é bem mais moderna que outras da linha |
A estação Vila Aurora é a caçula da Linha e foi inaugurada em 2013 e por conta disso é bem diferente das outras estações da linha, com plataformas centrais (única da linha assim) e conta com toda a adaptação para receber pessoas com deficiência, além de bicicletários. A estação era uma reivindicação antiga dos moradores dos bairros entre as estações Jaraguá e Perus, além de preencher a enorme distância dessas estações que chegava a mais de 6 km. O nome da estação vem do bairro da Vila Aurora, sendo que Aurora "a que brilha como ouro" e nomeia fenômenos como a famosa aurora boreal (e austral), sendo de origem grega. Porém, a estação está localizada no bairro do Jardim Santa lucrécia e não na Vila Aurora.
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Vista do bairro. |
Perus
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Estação Perus. |
A última estação localizada em São Paulo, mas já bem distante do centro. E o nome do bairro e da estação está realmente ligado ao animal peru. Segundo a história de origem do bairro, havia uma senhora chamada Dona Maria que criava perus para alimentar os tropeiros que passavam pela região. Há quem diga que o nome do bairro veio das palavra Tupi "Pi" e "Ru", que juntas significa "Pôr -se". A estação continua a mesma inaugurada em 1867 e que infelizmente presenciou duas tragédias envolvendo colisões de trens, sendo a mais recente do ano 2000.
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Vista do bairro de Perus, atualmente. |
Caieiras
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Plataformas da Estação Caieiras |
Saímos de São Paulo e chegamos a Caieiras, município localizado na parte Norte da Região Metropolitana de São Paulo. A região que hoje se chama Caieiras se emancipou em 1958 de Franco da Rocha, mas já existia desde o tempo em que a estação de trem foi inaugurada em 1883. A estação tem o seu nome, bem como a cidade, originários dos fornos de cal que no singular, se chama caieira. Como existiam dois, a cidade tirou seu nome daí: Caieiras. A cidade que começou sendo importante na fabricação de tijolos, hoje se destaca na produção de papel e celulose.
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Caieira de Tijolos. Embora fosse usada para cal, deu nome a cidade. |
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Vista da atual cidade |
Franco da Rocha
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Estação de Franco da Rocha, totalmente reformada. |
Indo mais para cima, chegamos a cidade de Franco da Rocha. A estação foi inaugurada em 1888, mas recente foi reconstruída e reinaugurada em 2014, com todas as modernidades possíveis. O primeiro nome da estação e também da cidade foi Juqueri, nome do rio que passa por toda a cidade e também pela vizinha Caieiras. Mas a cidade que se separou de Santana do Parnaíba em 1944 tem o seu nome (bem como a estação) originários do médico e psiquiatra Francisco Franco da Rocha (1864-1933), reconhecido por seus métodos de tratamento a pacientes com distúrbios mentais, além de ser um dos primeiros médicos brasileiros a entrar em contato com as teorias do famoso figura Sigmund Freud e também da eugenia. Ele foi o fundador do Hospital Psiquiátrico do Juqueri, que se tornou referência no tratamento de pessoas com distúrbios psiquiátricos. Chegou a receber mais de 14 mil pacientes no seu auge, mas atualmente encontra-se em desativação. Mas a cidade recebeu o nome do seu médico fundador, embora não tenha sido ele o fundador da cidade e sim o italiano Filedeo Beneducci. Atualmente, Franco da Rocha é conhecida por ser uma cidade dormitório, que em outras palavras são cidades em que grande parte da população sai para trabalhar em outras cidades e apenas tem seu endereço na cidade. Localmente, a cidade tem seu forte no comércio, que emprega boa parte da população. A cidade infelizmente é conhecida por suas enchentes, devido ao Rio Juqueri e que por muitas vez afeta a linha de trem, que passa perto do rio. No mesmo rio fica a represa Paiva Castro, uma das que compõem o Sistema Cantareira.
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Atual cidade de Franco da Rocha |
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O médico Franco da Rocha, que dá o nome atual da cidade. |
Baltazar Fidélis
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Plataforma da estação |
A estação está localizada em Franco da Rocha e foi inaugurada em 1955. Essa estação é conhecida popularmente como "paradinha", sendo o seu primeiro nome Parada km 113. Mas seu atual nome homenageia um supervisor de tráfego da antiga São Paulo Railway (SPR) chamado Antônio Baltazar Fidélis.
Francisco Morato
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Entrada da Estação, uma das mais movimentadas da linha |
Saindo de Franco da Rocha, chegamos a Francisco Morato. A cidade está localizada entre a Megalópole de São Paulo e o interior paulista. A cidade se emancipou de Franco da rocha em 1965 e tem o seu nome homenageando o xará de Franco da Rocha, o advogado e jurista Francisco Antônio de Almeida Morato (1868 - 1948). Ele foi um proeminente advogado que fundou e presidiu a Ordem dos Advogados de São Paulo. Foi também membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, professor da Faculdade de Direito da USP e deputado federal. Além da cidade, nomeia uma importante avenida na Zona Oeste de São Paulo. A cidade hoje depende muito da estação de trem, já que boa parte da cidade trabalha fora da cidade e a cidade depende do comércio. Tornou-se uma cidade-dormitório e é uma das mais carentes da Região Metropolitana. A estação é normalmente o ponto final da linha, pois o resto da viagem é feito em outro trem. Os modelos que serão usados mais para frente são mais antigos e com intervalos de partida maiores. Rumo ao interior.
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Vista da Cidade |
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O Político Francisco Morato, que empresta o seu nome à cidade. |
Botujuru
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Estação Botujuru. |
Quase 7 km depois, chegamos a estação Botujuru. Pelo caminho, passamos pelo túnel que liga a estação Botujuru a Francisco Morato e é conhecido por sua
lenda fantasmagórica. Mas histórias de assombrações à parte, o nome da estação localizada em Campo Limpo Paulista, inaugurada em 1908 e é um nome de origem tupi-guarani e significa "boca do vento" ou "garganta por onde passa o vento".
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O túnel de Botujuru, do qual a lenda conta. |
Campo Limpo Paulista
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Plataforma da Estação. |
A estação localizada no centro da cidade e inaugurada em 1881, no tempo em que a cidade pertencia a Jundiaí. O nome da cidade e da estação tem a mesma origem que o bairro Campo Limpo, da cidade de São Paulo, que já foi explicada na matéria sobre a
Linha 5 (clique no nome para descobrir), mas foi adicionado um Paulista para diferenciar. As margens do Rio Jundiaí, a cidade que se emancipou de Jundiaí em 1965 depende do setor de serviços e da indústria.
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Vista da cidade, a primeira do interior. |
Várzea Paulista
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Plataforma de embarque da estação |
Mais seis quilômetros depois, chegamos a estação de Várzea Paulista, homônima a cidade. A cidade foi fundada em 1867, mas emancipou-se de Jundiaí em 1965 e a estação foi inaugurada em 1881. O então distrito que se chamava Secundino Veiga, um jornalista da região, passou a se chamar Várzea Paulista devido a várzea do Rio Jundiaí. As várzeas são as regiões planas localizadas próximas dos rios, que durante o período de chuvas, alagam. Nas épocas secas, em São Paulo, regiões como essas permitiram a construção de campos de futebol chamados de "Campos de Várzea", a principal diversão de muitos bairros até hoje (sobretudo nas periferias). Mas voltando a cidade, Várzea Paulista se tornou conhecida por ser a maior exportadora de orquídeas do país e possui o maior Orquidário da América Latina, além de possuir diversas indústrias e além disso, é uma das cidades mais limpas de São Paulo, tratando 92% de seu esgoto.
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Vista da Cidade de Várzea Paulista. |
Jundiaí
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Entrada da estação, que conserva muito do prédio original |
E finalmente chegamos a cidade de Jundiaí, de onde saia o café para chegar ao Porto de Santos. Localizada no bairro de Vila Arens, a estação ainda conserva o prédio original de 1867 e é o ponto final dos trens que saem de Francisco Morato, embora alguns trens venham direto de São Paulo. A estação também faz parte do Expresso Turístico, que liga a estação da Luz a Jundiaí sem paradas. Falando um pouco do nome da estação e da cidade, Jundiaí é o nome do rio que banha a cidade e na língua Tupi significa "rio dos Jundiás", sendo jundiá uma denominação regional ao bagre, peixe comum na região. A cidade é atualmente o centro da região entre São Paulo e Campinas. Atualmente, a cidade é considerada uma das melhores do Estado para se viver (4° maior IDH do Estado) e conta com grandes empresas e indústrias em seu território, graças a sua localização estratégica e por ser cortada por importantes rodovias como a Anhanguera e Bandeirantes, além de ser conhecida como Terra da Uva, devido as suas famosas vinícolas.
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Vista de Jundiaí, conhecida por sua qualidade de vida e crescimento. |
Pronto galera, fomos até o interior de São Paulo nesta viagem. Mas essa foi só a segunda viagem pelas linhas da CPTM. Então é isso galera, até mais!
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