sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

As pragas do verão

Fala galera, há quanto tempo. A crise está muito feia no Brasil. Tão feia que o autor do blog mais querido do Brasil (grande coisa, que prepotência) está também em crise e ameaçou fechar as portas. Mentira, pois não investi um centavo para ter o meu espaço aqui. Mas estava passando por uma crise criativa e há mais de três semanas, não consigo escrever mais sobre um único assunto. Podia falar de tantos outros, mas decidi esperar para depois.
Mas hoje eu voltei e com um serviço de utilidade pública. Estamos no verão no Brasil (a não ser que você more em Roraima) e estamos passando por problemas por causa de alguns animais vetores de doença. Se já não basta o futebol estar de férias, a política apodrecendo cada dia mais e péssimas notícias surgindo a cada dia neste mundo pré-apocalíptico, tem esta de algumas pragas do nosso verão. Complicado galera brasileira!
Mas o blog, além de noticiar o que está acontecendo, vai dar dicas de como evitar o contato com estes animais e como evitá-los. E claro, o que fazer caso dê alguma coisa errada (além de rezarem a Deus, sem ironias). Parece que a novela, Os 10 Mandamentos (droga, propaganda gratuita) está virando realidade por aqui.
Bom, mas vamos ao que interessa:

Aedes Aegypti
Um dos mosquitos mais temidos da atualidade...
Esse já é um velho conhecido de outros carnavais. Digo, de outros verões. De tempos em tempos, a dengue, doença transmitida pela picada da fêmea do Aedes (o macho só se alimenta de seiva), gera grandes epidemias no país e sua forma mais grave, a dengue hemorrágica, pode causar mortes. No ano passado, a doença causada por quatro tipos diferentes de arbovírus, Apesar de o corpo gerar resistência contra o tipo de vírus que a pessoa pegou pela primeira vez (ou seja, a pessoa pode pegar até 4 vezes dengue, uma para cada tipo de vírus), a doença fica mais severa na segunda, terceira e quarta vez. No ano passado, o Brasil registrou mais de 1,5 milhão de casos da doença e 811 mortes, sendo a região Sudeste líder no número de casos (mais de 960 mil casos até dezembro passado). Febre alta (passando de 40°C), dores de cabeça e no corpo, mal-estar e náuseas são alguns dos sintomas da doença. Em casos mais graves, as hemorragias são frequentes.
O combate ao mosquito, que tem campanhas anuais, é levado a sério por uns, mas outros infelizmente não fazem sua parte. E para piorar, o mosquito se tornou vetor de mais duas doenças que chegaram ao Brasil recentemente: a chikungunya e a febre zika. A primeira está no Brasil desde 2010 (embora muitos digam que a Copa trouxe o vírus), vindo de turistas que foram à Ásia e de ex-combatentes que vieram do Haiti. A doença causa dores nas articulações, febre alta (39 °C), dores de cabeça e manchas vermelhas. A doença pode evoluir, em alguns casos, para forma crônica, em que os sintomas duram de 6 meses até 1 ano para desaparecerem. Sua mortalidade é mais baixa que a da dengue, mas não deixa de ser preocupante: o país registrou até novembro do ano passado mais de 6.700 casos da doença. 
Já a febre zika é a doença que anda chocando o país. Presente em 18 Estados de todas as regiões, a doença pode parecer inofensiva pelo fato dos sintomas serem semelhantes dos da dengue e chikungunya, mas a doença está sendo relacionada a casos de doenças mais graves. Especialmente em Pernambuco (e no Nordeste), houve um aumento nos casos de microcefalia em bebês. Atualmente, há mais de 3.400 casos suspeitos de microcefalia relacionados ao zika vírus, sendo 270 casos confirmados. Pernambuco lidera o número de casos, com mais de 1200 casos suspeitos. A microcefalia é uma severa condição em que o bebê nasce com o perímetro da cabeça menor do que 32 cm. A doença causa atraso no desenvolvimento mental e motor da criança e pode ser mortal em casos mais graves, sendo que há 12 mortes confirmadas pela doença. O número de casos tende a aumentar, já que há muitos casos suspeitos no país. O medo é tão grande que já foi recomendado às mulheres adiarem o plano de terem um filho. Apesar do alarde, estudos estão sendo feitos para confirmar se há realmente a relação entre o zika vírus e a microcefalia, já que em outros países da América do Sul, houve casos de zika vírus, mas não houve aumento do número de casos de microcefalia, embora um caso suspeito nos EUA possa vir a confirmar a tese. Mas ainda há controvérsias. O nascimento de bebês com microcefalia tem causado muito sofrimento as famílias, já que muitas crianças terão seu desenvolvimento prejudicado. Além da microcefalia, a doença pode estar relacionada ao aumento de casos da Síndrome de Guillain - Barré, uma doença rara e autoimune, que ocorre quando células de defesa do corpo atacam o próprio Sistema Nervoso Central. A doença pode causar formigamento, dormência, perda de reflexos, paralisia de algumas partes do corpo e em casos mais graves, a total paralisia dos músculos do corpo e cegueira. Vírus da gripe, da Aids e bactérias do tipo Campylobacter (mais comuns a doença, transmitidas por aves malcozidas) são os causadores mais comuns da síndrome. Mas o zika vírus começou a ser relacionado com o aumento de número de casos da doença, especialmente em Pernambuco. Pesquisadores da Fiocruz estão estudando se o pernilongo comum, do gênero culex estão relacionados a explosão de casos da doença, uma vez que o zika veio de áreas aonde o Aedes Aegypti não é presente.
As previsões para os números de casos de todas estas doenças citadas tendem a explodir. A OMS prevê que a América do Sul registre mais de 4 milhões de casos de zika vírus, sendo que 1,5 milhão serão no Brasil. Isso sem contar a Dengue e a Chikungunya, que também poderão registrar aumentos expressivos.

Quando sentir os sintomas....

Como diria vários comerciais de medicamentos, o médico deve ser consultado. Os sintomas da dengue podem ser confundidos com o da gripe comum em estágios iniciais do sintoma, tal como o zika vírus e a chinkungnya. Embora o zika vírus tem trazido consequências mais graves, a dengue merece um cuidado especial. 
As doenças não tem uma cura específica, somente alívio para os sintomas. Remédios para dor e febre são os mais receitados para controlar os sintomas. Os sintomas desaparecem até uma semana após o começo do tratamento. Ambas as doenças exigem hidratação constante (ou seja, beba muita água) e também deve ser evitado remédios à base de ácido acetilsalicílico (aspirina), já que o consumo de remédios com base na aspirina pode complicar a coagulação do sangue e causar hemorragias.
Uma vacina contra a dengue foi criada na França e aprovada pelo Ministério da Saúde, mas o próprio Ministério ainda a considera "cara" para a vacinação em massa. Três doses para 10 milhões de pessoas custariam 3 bilhões ao governo. Ainda se espera a aprovação da vacina contra a doença feita pelo Instituto Butantan, que está em desenvolvimento. Apesar disso, o valor divulgado pelo Ministério ainda é troco de bala se comparado aos esquemas de corrupção pelo qual o país passa.

Para evitar o mosquito...

Não tem jeito, enquanto a vacina contra a dengue ou contra chinkungunya ou zika não vem, o importante é não deixar água parada em casa. 
  • Qualquer coisa que acumule água não pode ficar exposta ao ar livre, como pneus, garrafas e outras coisas que acumulem água. 
  • Tampar bem a caixa d'água e outros tonéis de água. 
  • Limpar as calhas para que não acumulem água.
  • Não deixar acumular água nas lajes e garagens.
  • Colocar areia nos pratos de vasos de plantas.
  • Limpar locais que acumulem água
  • Tampar bem o lixo e não deixar que acumule água.
Por enquanto, é fazer a nossa parte e claro, as autoridades conseguirem entrar em locais abandonados para realizar uma limpeza. E vale lembrar que os cuidados não valem só para o verão, como para o ano todo. 

Escorpiões
O escorpião-amarelo (Tityus serrulatus), responsável pela maioria dos ataques no Brasil. É bastante perigoso.
Escorpião-preto (Bothriurus bonariensis), outro responsável pelos ataques.
Um aracnídeo bem venenoso anda tirando o sono de muita gente. Bem adaptado as grandes regiões urbanas do país, o escorpião encontra abriga principalmente no entulho e no lixo jogado em terrenos baldios ou mesmo na calçada e em lixões próximos de rios. O crescimento desordenado das cidades favoreceu o aumento da população dos escorpiões. Nos próximos anos, a população destes aracnídeos pode vir a aumentar em 70%. Para se ter uma ideia do aumento, moradores do Morumbi, bairro nobre de São Paulo recorreram as galinhas d'angola para combater as invasões do bicho. Mais de 100 escorpiões já foram capturados no bairro. E até aqui perto de casa, a coisa tá feia: certa noite, minha tia que mora perto daqui encontrou 4 escorpiões no banheiro. A espécie, antes confinada ao estado de Minas Gerais, já está presente em todo Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e boa parte da Região Sul.
Destes escorpiões, o escorpião-amarelo é o que mais preocupa. Considerado a terceira espécie mais venenosa do mundo, o veneno dele age diretamente no sistema nervoso e afeta principalmente o bulbo, que controla os movimentos cardíacos e respiratórios, causando sudorese, náuseas e até arritmia cardíaca. A ação do veneno pode levar à morte por parada cardiorrespiratória, nos casos mais graves. Na maioria dos casos de picadas, a dor se limita ao local da picada. O número de casos de ataques de escorpião vem crescendo no país. No ano passado, mais de 74,5 mil casos foram registrados. Em São Paulo, houve 5 óbitos no ano passado. Mas vale lembrar que os escorpiões atacam ao se sentirem ameaçados. E o mais curioso é que quando um escorpião - amarelo ataca e se sente estressado, podem se reproduzir de maneira assexuada. E isso leva ao nascimento de 20 a 30 novos animais.
Adaptado ao ambiente urbano, o escorpião pode viver dentro de uma casa por mais de um ano sem se alimentar. E ainda por cima, é imune aos inseticidas convencionais usado nos insetos. Portanto, é bom evitar a presença do bichinho nas residências. 

Se sentir os sintomas da picada...

Os sintomas de uma picada de escorpião são graves e devem ser imediatamente tratados, pois caso contrário, são várias complicações. O local da picada deve ser lavado com água e sabão e o paciente deve estar com bolsas de gelo, para diminuir a circulação de sangue no local da picada. A vítima deve estar imóvel e em jejum (de oito a 12 horas) para evitar a circulação do veneno pelo corpo, bem como não tocar ou mexer o local da picada. Analgésicos e anestésicos podem ser tomados para aliviar os sintomas. 
Nos casos mais graves, recomenda-se levar o paciente ao médico e lá, ser tratado com soro antiescorpiônico, mas o soro só deve ser tomado em último caso, já que pode trazer complicações para aqueles que tem alergia aos seus componentes e levar até o óbito. Vale lembrar que o animal deve ser capturado para que a espécie seja avaliada e dependendo da espécie, a gravidade de seu veneno.

Para evitar o escorpião...

  • Evite deixar a louça por lavar de noite, bem como ralos abertos pela casa. Isso evita que as baratas, presas dos escorpiões saiam pela casa à noite, bem como o seu predador, o escorpião.
  • Evite acumular lixo dentro da casa e fora dela, pois o escorpião encontra abrigo nele.
  • O animal deve ser capturado com alguma pinça e colocado em recipiente fechado.
  • Evite a utilização de venenos. Eles não funcionam contra o escorpião. Para se matá-lo, é preciso cortá-lo com uma faca ou outro objeto cortante.

Bagre
Ferrão do bagre atingiu a barriga desta mulher.

O bagre, em seu estado natural.


Nem mesmo as praias escapam de alguma praga. Uma espécie de peixe anda incomodando os banhistas, sobretudo no litoral de São Paulo. Falamos do bagre, peixe muito comum na costa brasileira. Os ataques são comuns, mas andam repercutindo bastante ultimamente. Embora não haja estatísticas sobre acidentes com o peixe, os ataques podem ser graves.
Em praticamente todos os casos, o animal está morto e está na areia da praia ou próximo a ela. Além disso, os banhistas pisam no peixe sem se darem conta. Trazidos pelas correntes ou jogados fora pelos pescadores, que não conseguem aproveitar o peixe, o bagre contém três ferrões em suas nadadeiras envenenados. Embora o veneno não cause risco de vida, a dor local é muito intensa e em alguns casos, pode levar a amputação de algum membro. Que pisou no bicho sem querer, sabe da dor intensa causada pelo espinho do bagre. O veneno, mesmo com a morte do animal, permanece ativo por horas. E quanto menos horas o peixe antes tiver morrido, mais intensa é a atuação do veneno.
O bagre é um peixe comum no litoral de São Paulo, sendo encontradas 8 espécies. O bagre costuma viver longe das praias, mas nesta época do ano, vem se reproduzir próximo dos rios que desaguam no mar. Por não ter sua carne aproveitada e considerado um peixe "inútil", daí vem a expressão "cabeça de bagre". Coitado!

Em caso de se pisar em um por aí...

O ferrão do bagre não pode ser retirado na hora. Além da dor intensa, o ferrão pode se quebrar dentro do corpo e machucar outras partes. O importante é encontrar com o guarda-vidas na praia e ir diretamente para o pronto-socorro. No local, deve ser aplicado anestesia local e um profissional da saúde deve retirar o ferrão. 
Apesar de todo este cuidado, dá para separar o peixe do ferrão com alguma faca ou tesoura antes de levar o paciente para o médico. Mas nada além disso. O local deve ser tratado com água morna/quente para atenuar a dor e outros medicamentos recomendados pelo médico. Além disso, deve se tomar cuidado ao risco de tétano, já que o ferrão estava exposto ao ar. Vale conferir se sua vacina antitetânica está em dia. Além do tétano, outras infecções bacterianas podem acontecer e antibióticos, COM RECEITA, devem ser tomados para se evitar estas infecções.

Para evitar pisar em um...

Deve se prestar atenção aos avisos da praia sobre risco de se pisar no animal. E claro, tomar cuidado aonde vai pisar na praia ou mesmo no mar.  

Água Viva
Parece inofensiva, mas nem tanto. Uma água viva pode ter desde 2 cm até 2 metros de comprimento.
Outra preocupação para os banhistas são as temíveis águas-vivas. Nesta época do ano, elas costumam se reproduzir próximas a praia e muitas vezes, ao serem tocadas por curiosos que querem caçar águas-vivas como se fosse o Bob Esponja ou mesmo tocadas sem querer, elas atacam. 
O veneno das águas vivas estão presentes em seus tentáculos. Sua ação pode causar graves queimações na pele, dor local e alergias. Os efeitos podem ser graves em crianças, mas o veneno da água-viva não chega a ser fatal (pelo menos da espécie supracitada). Mas assim como os escorpiões, as águas-vivas só atacam quando ameaçadas ou tocadas.
O número de ataques aumentou nos últimos anos. Só no verão atual, o número de casos passou dos 20 mil apenas em Santa Catarina, aonde o número de casos é mais frequente. A causa para o aumento pode estar relacionada ao aumento da temperatura no mar ou na diminuição dos predadores naturais da água-viva, que inclui peixes e tartarugas.

Em caso de queimadura...

O local da queimadura jamais deve ser lavado com água doce (de torneira), pois a queimadura pode até piorar se isto for feito. O local deve ser lavado com água do mar, que ajuda no alívio da dor local e na remoção dos tentáculos da água viva. O local deve ser lavado de 10 a 15 minutos com vinagre, que ajuda no combate a dor. Usando objetos que "raspam a pele" como palito de sorvete, barbeador e outros, remova os tentáculos. Em casos mais graves, que envolvem coceira e vermelhidão na pele, um médico deve ser consultado.

Para evitar o encontro com ela...


Muitas vezes, os encontros são acidentais, já que as águas-vivas são levadas pelas correntes marinhas para próximo das praias. Os banhistas nunca devem tocar os tentáculos das águas e devem ser alertados pelos guarda-vidas locais sobre a presença do animal na praia.  

Pois é amigos, acabou o caô. A matéria chegou e o verão ainda continua. Sei que as aulas voltam, mas ainda tem o carnaval. Então amigos, sigam as dicas aqui do Blog. E até mais!


Fontes:

http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2015/11/24/casos-de-dengue-chegam-a-15-milhao-no-pais-zika-atinge-18-estados.htm
http://g1.globo.com/pernambuco/noticia/2016/01/fiocruz-estuda-se-zika-virus-pode-ser-transmitido-pelo-mosquito-comum.html
http://super.abril.com.br/ciencia/infestacao-de-escorpiao-pode-aumentar-70-em-dois-anos?utm_source=redesabril_jovem&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_super
http://www.abc.med.br/p/300860/picada+de+escorpiao+o+que+devo+fazer.htm
http://g1.globo.com/bemestar/blog/doutora-ana-responde/post/bagre-ourico-do-mar-e-agua-viva-como-proceder-em-caso-de-acidentes.html
http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2016/01/28/oms-espera-4-milhoes-de-casos-de-zika-nas-americas-15-mi-no-brasil.htm
http://www.minhavida.com.br/saude/temas/febre-chikungunya
http://www.minhavida.com.br/saude/temas/zika-virus
http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2016/01/ministro-da-saude-diz-que-vacina-contra-dengue-e-muito-cara.html
http://www.dengue.org.br/dengue_prevenir.html

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