sexta-feira, 12 de junho de 2015

Sobre o dia dos namorados...Taj Mahal!

Saca só esta cúpula...
Pois é meus amigos, mais um dia dos namorados solteiro. Só reclamei apenas para começar o meu texto de hoje, não ligo muito por estar sozinho no mundo, na verdade, não tenho muita pressa em sair beijando por aí. Sei que namoro, mas não fui apresentado a minha namorada (ou namorado nesses tempos modernos, haha). Só digo que a garota deve ser louca em querer namorar um estudante de engenharia como eu, que ainda perde tempo neste blog que ninguém lê. Brincadeira, muita gente lê e a audiência tá aumentando. Muito obrigado leitores do mundo inteiro.
Bem, onde eu estava? Ah sim, hoje no Brasil se comemora o dia dos namorados. Só mesmo aqui, já que no mundo o dia é celebrado em 14 de fevereiro, dia de São Valentim. Já no Brasil, a data foi criada pelo publicitário João Dória (pai daquele maluco do Show Business) pela proximidade do dia 13 de junho, dia de Santo Antônio, o santo casamenteiro. Bem, deixe confusões pra lá.
Bem, se eu namorasse hoje e amasse muito (muito mesmo) eu construiria alguma coisa em homenagem a ela (ou ele, como queiram haha). Bem, não sei o que seria, mas seria algo arquitetonicamente perfeito (cadê minha professora com a nota?) e belo, que mostraria para as gerações futuras e se transformaria em algo visto por gerações e viraria a oitava maravilha do mundo. Bem, alguém já teve essa brilhante ideia há mais de 350 anos atrás. E bem longe daqui. Não foi no dia dos namorados, mas ele pensou bem na sua amada.
Vamos para a Índia do século XVII. Muito dinheiro no bolso do imperador mongol Shah Jahan, comandando o Império Mogol (império formado por descendentes do Império Mongol, o maior da história criado por Genghis Khan) no subcontinente indiano, um império imenso que estava onde hoje é a Índia, o Bangladesh, O Paquistão, o Afeganistão e partes do Nepal e Butão. Na época, era considerado o estado mais rico e poderoso, com uma administração bem centralizada e rica em pedras preciosas e comércio. E com tanto dinheiro nas mãos do imperador, o que ele podia fazer? Melhorar a educação? A saúde do povo? Vejamos, uma obra monstruosa e faraônica para o povo admirar? Isso sim, a mesma tática usada até hoje por políticos no Brasil (Maluf curtiu isso).
Jardim do Taj Mahal.
Mas voltando ao imperador Shah Jahan, ele era casado com a imperatriz Mumtaz Mahal há mais de 20 anos. Tiveram juntos 14 filhos, mas no parto deste último, ela faleceu. Era o ano de 1631 e o Imperador casou com ela por amor (os casamentos entre imperadores, seja na Índia ou em outra parte do mundo eram arranjados) e o imperador se abalou com sua morte. No ano seguinte, quis demonstrar o quanto amava sua esposa, uma das esposas, pois era polígamo. Mas Shah Jahan amava muito Mahal, que era a sua esposa favorita. Então, no ano seguinte, iniciou a obra para um mausoléu para ela. Um mausoléu é um túmulo bem construído e gigante, tal como o Mausoléu de Halicarnasso ou as Pirâmides do Egito. Mas este mausoléu seria bem diferente.
Taj Mahal, Agra, India edit2.jpg
E bota prova de amor nisso.

A construção começou em 1632. Utilizando mármore branco em grande quantidade (típicos de construções mongóis) vindas do Rajastão (há 300 km dali de Agra) e trazidas não de caminhões e carros, e sim por elefantes, camelos, búfalos, bois e dromedários. O mármore tem uma grande resistência a pancadas e outros impactos, bem como é um material bonito de se ver. E junto do mármore, arenisco foi usado. E bastante, como em todas as obras de origem islâmica. Sim, era a fé do Imperador e a do Império, embora deixassem o povão seguir o que bem entendessem. Prosseguindo, a obra foi projetado por arquitetos vindos do Império Otomano, considerados os melhores da época junto de artistas persas e indianos. A obra mistura elementos construtivos das edificações de origem islâmica, indiana e persa. Um bom exemplo era a cúpula, em formato de uma semiesfera, que os árabes chamam de amrud (maça em árabe) e típico de mesquitas islâmicas, mas com uma espécie de antena no topo da cúpula, que já é um exemplo de arquitetura indiana e asiática em geral, denominada pagode (não confundam com Molejo, amigos). Os pagodes são aquelas estruturas usadas em templos budistas. Para finalizar a cúpula, ela também possui elementos hindus, como as flores de lótus desenhadas na cúpula.
Visto a noite.
A cúpula de mais de 25 metros de altura e 20 de diâmetro está no topo do edifício, que possui um interior decorado com diversas joias preciosas e semipreciosas vindas de várias partes da Ásia. Entre elas, estão a turquesa, lápis-lazúli, jade, jaspe e vários tipos de quartzo. Mais de 28 tipos de gemas fora usadas. As salas possuem paredes imensas (com 25 metros de altura em uns setores) e o salão principal dá acesso a todas as outras partes do complexo, em um formato hexagonal. E dentro dele, há os túmulos dos dois amados, no pavimento interior. E típico de arquiteturas orientais, todas construídas de maneira simetricamente perfeita. Além disso, um sistema hidráulico movidos por animais e com vários tanques e uma grande cisterna.
Mesquita adjacente ao Taj Mahal
Darwaza, entrada principal ao complexo.
A gigantesca prova de amor exigiu uma fundação de 15 metros, que na verdade foi o nível da área do terreno foi elevada para se evitar infiltrações do rio próximo, o rio Yamuna. Se escavava principalmente para se encontrar água e depois para ser preenchida por pedras. Um poço gigante foi deixado para se monitara o nível da água. Feito a fundação e a base do pedestal, o mausoléu foi construído. Para se carregar o enorme mármore ao nível aonde ficaria o complexo, rampas imensas foram construídas. Tinham até 15 km. Os andaimes para colocação dos blocos não eram de bambu, como na época. Foram feitas de ladrilhos e era muito maiores que os andaimes da época. Dizem que estes andaimes levaram anos para serem montados e desmontados, isso dentro e fora do Taj Mahal. O Mausoléu e todo seu exterior foi decorado com passagens do Corão, com letras quase que indecifráveis, típico da arte islâmica que evitava a decoração com imagens da natureza. E feito o mausoléu, foram construídos os minaretes, que são aquelas torres que acompanham o mausoléu e que servem para anunciar as orações diárias que os islâmicos devem fazer (cinco em direção à Meca). Por fim, foram feito também um mesquita próxima a construção principal, mausoléus secundários para as outras viúvas do imperador (ele pensou em tudo) e a entrada, uma construção denominada Darwaza e que serve para a proteção do mausoléu. Isso sem contar o imenso jardim, que conta com espelhos d'água, árvores, moitas e várias flores com imensas avenidas. É o chamado chahar bagh (jardim persa), que tinha como função simular o paraíso para os islâmicos e era comum em construções e praças no atual Irã (antiga Pérsia), mas o jardim do Taj Mahal é o maior do estilo. O estilo foi introduzido na Índia pelo primeiro imperador mogol, Babur e descendente do último grande imperador mongol Tamerlão.
Inscrições externas
Tumba dos apaixonados (repare que ela foi deslocada do centro.

Tudo isso demorou mais de 25 anos para ser feito. A obra terminou no ano de 1657. Mas Shah Jahan não estava mais no trono, pois cinco anos antes foi deposto (sonho de quem quer tirar a Dilma do poder) por seu filho mais velho, Aurangazeb. Jahan já estava velho e doente e viu de longe sua obra ser terminada com tristeza e se lembrando de seus dias com sua amada Mumtaz. Faleceu em 1666 e foi ficar ao lado de sua amada, em um túmulo gigante de mármore apontado para Meca. Mas dizem que o túmulo foi deslocado de seu lugar original, já que Aurangzeb era devoto fiel do islã e a religião evita túmulos que ostentem demais. Então, mandou enterrar o pai num túmulo mais simples e a simetria do túmulo foi quebrada. É uma das muitas lendas do Taj Mahal, que incluem a construção de uma versão dark (na verdade com mármore preto), mutilação de trabalhadores e polêmicas quanto a origem, já que hindus radicais dizem que o Taj Mahal era um templo hindu do Deus Shiva. Os islâmicos radicais dizem que pelo templo ter inscrições do corão, o templo era deles. mas o governo da Índia já disse que o Templo é de todo mundo.
A prova de amor foi cara. Custou o equivalente a 500 milhões de dólares em valores atuais (estimado) e usando mais de 20 mil trabalhadores vindos de diversas partes da Ásia, sendo encontrado o nome de 657 deles e outros arquitetos, em uma parede escondida no complexo. Por causa da grandeza e custo da obra, há quem diga que depois de inaugurado, o Taj Mahal marcou o início da decadência do Império Mogol, que acabou em 1857 e aquela região foi parar nas mãos dos ingleses. E os ingleses supostamente queriam demolir a prova de amor de Jahan e vender o mármore dali. Nada feito, mas havia o risco da obra ir por água abaixo por causa de rebeliões de extremistas hindus. Nada feito e os ingleses foram os primeiros a conservar e reformar o Taj Mahal, dando retoques no jardim também. Em 1983, a obra foi declarada patrimônio histórico da humanidade e em 2007, foi eleito uma das novas sete maravilhas do mundo.
Taj Mahal Visto do forte de Angra, onde os reis mandavam.

Mas atualmente o Taj Mahal sofre com a modernidade, turismo e mudanças climáticas. Mudanças na umidade do solo e secas no rio Yamuna tem provocado problemas na fundação e inclinando os minaretes, bem como prejudicando a estrutura. A industrialização relâmpago da Índia provoca chuva ácida, que prejudica o mármore branco do Taj Mahal, deixando-o marrom. Além disso, o turismo intenso (a construção chaga a receber mais de 7 milhões de turistas por ano) causa problemas, desde sobrecarga até depredações ao complexo. Embora a chuva ácida afete o visual do mausoléu, a poluição e a seca do rio Yamuna prejudica a fundação e consequentemente a estrutura do complexo, causa o risco da obra cair. Mas o governo indiano vem tomando medidas para despoluir o rio e ainda por cima, proibiu o tráfego de carros próximos ao Taj Mahal. Mas infelizmente, o risco do edifício desabar permanece.
A maior prova de amor do mundo ainda está de pé. Encanta turistas, apaixonados, arquitetos, engenheiros e artistas em geral. Shah Jahan fez o que já pensei há muito tempo antes de eu nascer. Mas ele conseguiu mostrar o quanto amou sua amada. E ainda inspirou Jorge Ben Jor, artista brasileiro, a criar a música que fecha a nossa matéria para o dia dos namorados. Engenheiros e engenheiras, lembrem-se: construam um Taj Mahal se amam mesmo alguém, independente de quem seja. E para quem namora, um feliz dia dos namorados. Para os solteiros (como eu), fica aí e curta Jorge Ben Jor. Feliz dia dos namorados!




Fontes:
Site Oficial do Taj Mahal (em várias línguas, menos português): http://www.tajmahal.gov.in/home.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Taj_Mahal#Lendas_e_hip.C3.B3teses
http://viajeaqui.abril.com.br/estabelecimentos/india-agra-atracao-taj-mahal
http://www.ecodesenvolvimento.org/noticias/taj-mahal-esta-ameacado-pela-poluicao

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Ustad Ahmad Lahori ...se diz ter sido o arquiteto-chefe do Taj Mahal em Agra, ao norte da Índia, construído entre 1632 e 1648 durante o governo do imperador Shah Jahan...

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