Pois é galera, descumpri minha palavra. Disse que ia fazer três posts por mês e em abril, só fiz dois. Daqui a alguns dias já vão me chamar de Dilma, mas agora é voltar à ativa. Mas eu estou voltando e sobre o tema que todo mundo que vem aqui ler minhas postagens quer ver quando vê o nome Engenharia no nome do Blog: construções. E vou falar de um país que todo mundo já sabe que é referência no assunto: o Japão.
O Japão foi um país atrasado tecnologicamente e bastante isolado do mundo (já é geograficamente). Somente no século XIX, com a abolição da classe dos samurais, do Shogunato Tokugawa com a ascensão do imperador Meiji. Este imperador conduziu o Japão no rol das nações que participaram da revolução industrial, talvez um das mais importantes da história. Claro que para chegar até os dias de hoje, o Japão passou por vários problemas, tais como governos autoritários, guerras com os vizinhos China e Rússia e pelas bombas nucleares jogados no fim da II Guerra Mundial. Isso sem contar os problemas naturais, como vulcões, terremotos, Godzillas, Digimons, Samurais...viajei agora.
A ideia do post foi uma reflexão que vi após ver um episódio de Samurai X, famoso anime que passou aqui no Brasil quando tinha uns 5 anos de idade. Com aquela idade, só sabia ver as espadas e o sangue das lutas. Mas hoje vejo o desenho como um bom retrato histórico dos primeiros anos da revolução industrial japonesa. Há até um episódio do anime que mostra uma viagem de trem realizada pelas protagonistas no primeiro trem japonês. Isso que eles nem imaginavam que um trem japonês chegaria a velocidades absurdas no futuro.O Japão foi um país atrasado tecnologicamente e bastante isolado do mundo (já é geograficamente). Somente no século XIX, com a abolição da classe dos samurais, do Shogunato Tokugawa com a ascensão do imperador Meiji. Este imperador conduziu o Japão no rol das nações que participaram da revolução industrial, talvez um das mais importantes da história. Claro que para chegar até os dias de hoje, o Japão passou por vários problemas, tais como governos autoritários, guerras com os vizinhos China e Rússia e pelas bombas nucleares jogados no fim da II Guerra Mundial. Isso sem contar os problemas naturais, como vulcões, terremotos, Godzillas, Digimons, Samurais...viajei agora.
Sem contar que nessa época, devido aos conflitos, muitos japoneses emigraram em massa, especialmente para o Brasil. Muitos aqui se tornaram famosos e famosos também por suas habilidades na área de exatas, o que inclui a Engenharia. Além de professores nas escolas de engenharia, lógico. Sem contar que grande parte dos estudantes nas áreas de exatas no Brasil são descendentes de japoneses. O que inclui minha amiga Viviane (ou Vivi ou Japa, como quiserem), que sempre gostou de contas. Além de claro, morar no Japão um tempo e visto algumas coisa mesmo sendo criança. Assim como seus parentes e conterrâneos, manda bem nas matérias. Só não falo mais dela por causa do seu namorado (agora expus demais!). Mas fica a homenagem ao meus colegas japoneses e principalmente a minha prima Mariana, que também descende do país do Sol Nascente. Agora se será engenheira, só o destino dirá. Espero que minha tia advogada não coloque uma pedra neste caminho (risadas).
Agora voltando a matéria, os japoneses inovaram na tecnologia em várias frentes. Não foi diferente em suas construções e outros feitos na engenharia, afim de adaptarem as construções as condições naturais do país. Claro que tudo isso não é perfeito, já que o recente terremoto ocorrido no Japão (digo, com força), em 2011 causou um acidente nuclear grave. Mas os japoneses conseguem reconstruir o país depois de tantas tragédias. O Blog trás alguns segredos por trás do sucesso da engenharia japonesa, suas adaptações e algumas obras famosas.
1- Estradas rapidamente reconstruídas
Embora seja um país pequeno, o Japão é formado por mais de 3000 ilhas e apenas quatro delas são importantes: Honshu, Hokkaido, Kyushu e Shikoku. Além disso, o país possui um relevo bastante montanhoso, o que dificultou as comunicações por terra. Por causa disso, os transportes são prioridades para os japoneses, que possuem estradas em boa qualidade. Os avanços na engenharia permitiram a construção das estradas em lugares cada vez mais remotos.
No entanto, o Japão é abalado diariamente por terremotos. O arquipélago fica no encontro de três placas tectônicas, que faz com o que os terremotos sejam inevitáveis. E sismos fortes são registrados de tempos em tempos, como ocorreu em 2011. Mas o que surpreendeu o mundo foi a velocidade da reconstrução de uma estrada destruída pelo terremoto que provocou tsunamis. A estrada estava renovada em menos de sete dias, sendo que foi dito que a obra era provisória. Tem certeza? Não parece...
2- Trens de alta velocidade e valorização do transporte público
Trem-bala japonês em ação (nome oficial: Shinkasen) |
Quando vemos animes, vemos que as personagens usam o transporte público. E os trens e metrôs são os mais utilizados. A capital Tóquio, a região metropolitana mais habitada do mundo com mais de 30 milhões de habitantes possui mais de 320 km de linhas de metrô, o que faz dele um dos cinco maiores do mundo. Mas não somente Tóquio é privilegiada. Boa parte das grandes cidades japonesas contam com metrô. Os trens são uma grande alternativa ao transporte público no país e contribuem para o baixo índice de utilização do carro do país, mesmo este tendo grandes montadoras como a Mitsubishi, Honda, Suzuki e Toyota.
Ferrovias existem desde o século XIX no país. O país teve dificuldades para impor no país trens de bitolas mais largas, devido ao relevo montanhoso. Utilizando bitolas menos largas e que se assemelhavam a bala de um revólver, a partir da década de 50, foram construídos os famosos "trens-bala". As primeiras linhas surgiram já na década de 60, durante as Olimpíadas de Tóquio. A partir daí, novas linhas surgiram e ainda há mais três linhas a serem construídas no país, mesmo com a tendência de queda na população. Os trens que comercialmente atingem velocidades de até 300 km/h permitem o rápido deslocamento pelo país. Temos como exemplo a linha que liga Tóquio a Osaka, cidades que ficam a 515 km de distância. A viagem dura em média 2 horas e 22 minutos.
Mesmo que as linhas sejam planejadas para não ultrapassar mais que 300 km/h de velocidade, trens estão em teste para atingir velocidades cada vez maiores. E o melhor, sem causar poluição sonora. Graças aos supercondutores, uma condição que permite que o trens andam flutuando pelos trilhos. Conhecidos como Maglev, estão em testes desde os anos 80. Os supercondutores são condições físicas que fazem com que a corrente elétrica seja conduzida sem perdas e sem resistência pelos condutores. Mas isso só ocorre em situações de temperaturas baixíssimas, o que por enquanto inviabiliza sua utilização, além do custo. Apesar disso, os testes continuam. Um exemplo recente foi de que um desses trens bateu o recorde de velocidade, atingindo mais de 600 km/h. Embora em testes no Japão, há uma linha na China que utiliza esta tecnologia. Liga Xangai ao aeroporto da cidade e possui 30 km de extensão.
Voltando ao Japão, outra característica marcante das linhas é a segurança. Nenhum acidente tinha sido registrado até 2003. Mesmo assim, nenhuma vítima fatal foi registrada neste tempo (excluindo suicídios nas linhas). Sem contar que os trens param rapidamente durante a ocorrência de terremotos. Por fim, as linhas de trem passam por diversos túneis e viadutos afim de driblar (ou como diria Ronaldinho Gaúcho, "dibrar") os obstáculos naturais.
Mesmo não possuindo uma grande malha ferroviário e tendo menos que países como Brasil, o Japão possui um bom aproveitamento delas. Tanto que suas empresas exportaram a tecnologia dos trens- balas para outros países.
Mapas das linhas de trem de alta velocidade pelo Japão. |
3- Desperdício mínimo de água
O estado de São Paulo passa por uma grave crise hídrica. Entre os n responsáveis pela crise, o desperdício é um dos principais. Quase 40% da água é desperdiçada no Brasil. Mesmo que o índice chegue a 24% no estado de São Paulo, é sabido que o número pode ser maior e que não significa que o estado mais rico e populoso do país não passe por uma crise hídrica de consequências severas. O Brasil ainda conta com grande disponibilidade de água. E no Japão?
O rios japoneses são curtos e com uma topografia nada agradável devido ao relevo montanhoso. Apesar disso, há muitos lagos formados pelos vulcões, sendo famosos aqueles com águas quentes. As chuvas não caem por mais que 4 meses por ano Mas mesmo assim, não é suficiente para um país com mais de 120 milhões de habitantes. Mas o país soube mais uma vez "dibrar" as dificuldades.
A maioria dos rios japoneses são represados. Conseguem aguentar o excesso de chuva causados pelos tufões e armazenar água por vários meses, apesar das secas. O acesso é água é universal e mais de 97% da população recebe água encanada. Além do acesso, o saneamento básico também é universal. Embora a qualidade da água não seja um padrão perfeito para o mundo, não chega a comprometer.
Mas o agente mais importante para a eficiência japonesa é o combate ao desperdício. Cientes de que a água não é abundante no território japonês, o desperdício de água é evitado ao máximo. O país é o único no mundo que recolhe os dados sobre esgoto desaparecido, afim de evitar que uma residência receba mais água. Além disso, qualquer problema de vazamento ou problemas nas tubulações são avisados rapidamente e concertados no mesmo dia. As tubulações são feitos de materiais de alta qualidade e resistência, capazes de resistir até terremotos (comuns no país). Isso faz com que o país tenha perdas de água de 3%, o mais baixo do mundo. Isso pois o Japão quer abaixar esse número para menos que 2% até 2020, já que as mudanças ambientais podem diminuir a quantidade disponível de água no pais.
A maioria dos rios japoneses são represados. Conseguem aguentar o excesso de chuva causados pelos tufões e armazenar água por vários meses, apesar das secas. O acesso é água é universal e mais de 97% da população recebe água encanada. Além do acesso, o saneamento básico também é universal. Embora a qualidade da água não seja um padrão perfeito para o mundo, não chega a comprometer.
Mas o agente mais importante para a eficiência japonesa é o combate ao desperdício. Cientes de que a água não é abundante no território japonês, o desperdício de água é evitado ao máximo. O país é o único no mundo que recolhe os dados sobre esgoto desaparecido, afim de evitar que uma residência receba mais água. Além disso, qualquer problema de vazamento ou problemas nas tubulações são avisados rapidamente e concertados no mesmo dia. As tubulações são feitos de materiais de alta qualidade e resistência, capazes de resistir até terremotos (comuns no país). Isso faz com que o país tenha perdas de água de 3%, o mais baixo do mundo. Isso pois o Japão quer abaixar esse número para menos que 2% até 2020, já que as mudanças ambientais podem diminuir a quantidade disponível de água no pais.
O país virou referência no assunto. Tanto que o Brasil fez parcerias com o país para diminuir os índices de desperdício. Especialmente São Paulo, que mesmo tendo um território do mesmo tamanho e com uma maior disponibilidade de água e população menor, passa por graves problemas. Mas veremos os resultados.
4- Estruturas resistentes a terremotos
Além de estruturas, a educação e a preparação também evita tragédias. Veja como eles são preparados! |
Na semana passada, ocorreu um tremor forte no Nepal e que vitimou mais de 6000 pessoas e destruiu boa parte do país. O país enfrenta tremores deste tipo de tempos em tempos, em um intervalo de 80 anos. O Japão enfrenta quase que diariamente tremores, em sua maioria, fracos a moderados. Mas o país sofreu por muitas eras com grandes catástrofes e continua enfrentando. As milhares de vítimas dos tremores de terra morrem devido ao desmoronamento das construções. O terremoto de 2011 foi um dos mais fortes da histórias (9 graus na escala Richter), causando até tsunamis e mais de 13000 vítimas. Mas no que foi o tremor mais forte da história do país, o número de vítimas e de destruição foi menor do que tremores passados. Mas qual o segredo japonês para se evitar tragédias maiores?
Um dos grandes segredos foi a adaptação dos japoneses nas construções. Prédios mais baixos tem paredes maiores e reforçadas de mais aço e cimento, conhecidas como "Shear Walls". Em construções mais altas, são utilizados amortecedores nas estruturas, de modo com que o tremor seja atenuado e disperso. As janelas dos prédios não ficam nas esquadrias, estando entre elas uma borracha. No caso de tremores, as janelas tem uma chance menor de quebrar e de se estilhaçar. Outra solução mais sofisticada consiste em instalar contrapesos nas partes superioras dos prédios, que evita oscilações das estruturas devido ao vento e aos terremotos. Um exemplo famoso de contrapeso é no Taipei 101, em Taiwan. Um contrapeso de 660 toneladas evita com que o prédio, que já foi o mais alto do mundo, caia devido ao sismo.
Apesar disso, tragédias ainda acontecem e novas técnicas vão surgindo. Por exemplo, o acidente nuclear de Fukushima, entre outras causas, teria sido causada pelo fato da usina não ter sido preparada para resistir aos maremotos. Mas elas tem evitados tragédias ainda maiores como o terremoto de 1923, que vitimou mais de 140 mil pessoas.
5- Cidades debaixo d'água
Cidades e vilas já existem sob as águas. Mas e debaixo? Se nada for comprovado do Reino de Atlântida, os japoneses terão essa proeza. Uma empresa de engenharia do país que construir uma cidade debaixo do mar até 2030.
O plano é ambiciosos e foi friamente calculado. Embora a capacidade da cidade seja prevista de 5000 pessoas, a estrutura parece ser bem ambiciosa. Na parte de cima, um grande globo com 500 metros de diâmetro abrigará a população. A energia produzida será fornecida pelo mar, com o movimento deste. Metano será produzido a partir de dióxido de carbono. E no fundo da estrutura, entre 3000 e 4000 metros de profundidade, uma "fábrica-mãe", onde haverá pesquisas para obtenção de energia.
Parece um cenário de filme de ficção científica, mas poderá se tronar realidade. É a forma com que o país quer crescer para além da terra e além disso, maximizar recursos e possibilitar uma vida mais sustentável.
Um dia pertinho de você... |
Algumas construções conhecidas
O Japão tem algumas das construções bastante interessantes. Conheça algumas delas:
Tokyo Skytree
A obra que custou o equivalente a 806 milhões de dólares é a maior torre do mundo e a segunda maior estrutura do planeta (perde para o Burj Dubai). A torre de 634 metros de altura é recente e foi inaugurada em 2012, após 4 anos de obras. Mas logo se tornou um xodó da capital, recebendo turistas. Muitos, cerca de 1,5 milhão logo na primeira semana. Com um observatório a 350 metros de altura, quem não iria.
A torre foi construída de maneira triangular, se afinando ao longo de sua atura. Muito disso deve-se ao fato da torre resistir a erosão causada pelo vento. Ela pertence a emissora NHK, a maior do país. Operam lá mais de 6 estações de rádio e a torre tem como objetivo, transmitir sinais de rádio e de televisão, principalmente o sinal de TV digital. Isso devido a que as outras torres não tinham altura suficiente para a transmissão, devido aos arranha-céus de Tóquio.
Tokyo Tower
A Tokyo Tower é uma espécie de ancestral da Tokyo Skytree. Inaugurada em 1958, foi por mais de 50 anos a estrutura mais alta do Japão até ser superada pela torre já citada. Ao contrário da Tokyo Skytree, a Tokyo Tower foi feita em estrutura de ferro, sendo semelhante a famosa Torre Eiffel em Paris. Apesar de semelhantes, a torre japonesa é maior que a parisiense: tem 332,9 metros de altura ante 324 do seu primo famoso.
A torre laranja é repintada a cada 5 anos. Além de servir como torre de transmissão de rádio e TV, a torre ainda tem algumas ouras atrações, como um aquário, restaurantes, shoppings e um museu de cera com figuras famosas do mundo. Isso sem contar o observatório principal. Graças a isso, a torre é visitada por mais de 2 milhões de turistas por ano, tendo recebido mais de 150 milhões ao longo de sua história.
Para variar, a torre aparece em vários animes e mangás japonese, onde muitas vezes ela é destruída. Especialmente pelo Godzilla.
Túnel Seikan
O túnel Seikan é atualmente o maior túnel em comprimento do mundo. Por enquanto, já que o túnel da Base de São Gotardo, na Suíça irá a vir superá-lo com mais de 157 quilômetros. Mas por enquanto, vamos falar do túnel japonês. Um senhor túnel. Imagine atravessar o mar por mais de 60 km?
O túnel faz parte de um antigo projeto de ligar a ilha de Honshu a Hokkaido, a ilha mais ao norte. O projeto de uma ligação terrestre vinha desde o início do século XX, com os primeiro estudos feitos após a II Guerra Mundial. Com o grande número de balsas, chegando a 4 milhões de carros, os projetos se inciaram. Em 1971 as construções começaram e só em 1983, os dois lados se encontraram. Isso em meio a crise do petróleo que afetou a economia japonesa e a popularização do transporte aéreo no país. Apesar das condições econômicas desfavoráveis, as obras prosseguiram. Em 1988, o túnel estava concluído.
O túnel é considerado ainda o mais profundo do mundo, já que o trecho que passa por debaixo d'água está a 240 metros de profundidade. A obra foi considerada difícil em sua parte marítima, já que as rochas marinhas permitiam a infiltração da água no túnel, o que iria inviabilizá-lo. Mas o túnel foi blindado e ainda por cima, é bombeado constantemente. O túnel serve aos trens de alta velocidade, já falados aqui, conhecidos como "trem-bala". Dentro do túnel ainda se tem 2 estações de trem. Conta ainda com saídas de emergência em casos de incêndios, terremotos
O conhecimento da construção do túnel Seikan ajudou ainda na construção de um túnel bastante famosos e já citado aqui: o Eurostar.
Como o túnel atravessa o mar. |
Bom amigos, aguardem a próxima matéria. Até mais!
Sobre a cidade debaixo d'água: http://portugalmundial.com/2014/11/cidade-debaixo-de-agua-empresa-japonesa-diz-que-sim/#
A inspiração da matéria foi este episódio de Samurai X. vale a pena assistir:
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